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Reviews e Análises

Indiana Jones e a Relíquia do Destino – Crítica

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Tudo que é vivo, morre. Essa frase do personagem Chicó de “O Auto da Compadecida”, apesar de simples, é uma lição para todos nós. Aceitar a finitude é evoluir. Não estou falando sobre o pós-vida, mas sim sobre o fim de nosso tempo aqui na Terra. Ter medo da morte é comum para a grande maioria das pessoas e aceitá-la é algo bem difícil. O ser humano vive com a expectativa do que virá no dia seguinte, no ano que se renova, nas férias de julho, imagina conseguir conceber que tudo acaba (ou não), depois da morte. O último filme de Indiana Jones é sobre aceitar que sua vida (pessoal e profissional) pode chegar ao fim. E está tudo bem.

Dirigido por James Mangold, Indiana Jones e a Relíquia do Destino traz a última aventura do personagem interpretado por Harrison Ford. Antes de continuarmos, parabéns para Mangold que consegue calçar de forma muito competente os sapatos do gênio Steven Spielberg.

O ano é 1969 e o ser humano conquistou o espaço e pousou na Lua. Mais do que nunca, Indy se sente uma peça de museu empoeirada e esquecida. Ele está percebendo que não tem mais o seu devido valor na sociedade, tanto como profissional de arqueologia quanto como homem, já que está octogenário e abandonado pela família. Além disso, está se aposentando das aulas. Vai literalmente pendurar o chapéu.

É quando aparece a afilhada Helena (Phoebe Waller-Bridge). Ela fala que também é arqueóloga e, estudando os escritos do pai dela, quer ajuda de Indy sobre um artefato que eles teriam encontrado durante a Segunda Guerra Mundial. Daí para frente é correria, tiros, perseguições, viagens ao redor do planeta e, claro, nazistas, que também estão atrás do tal artefato para, quem sabe, mudar o rumo da história.

Mads Mikkelsen convence mais uma vez como vilão, dessa vez no papel de Voller, um nazista que veio trabalhar nos Estados Unidos como cientista de foguete, mas que agora quer usar do artefato perdido para restaurar a glória do terceiro Reich. Para isso ele conta com a ajuda dos capangas Klaber (Boyd Holbrook) e Hauke (Olivier Ritchers), infelizmente apagados e perdidos em meio a tantos personagens coadjuvantes.

Na verdade, esse é o grande problema do filme. A quantidade enorme de personagens secundários que aparecem durante o filme seja para ajudar ou atrapalhar a aventura. Tem antigos amigos de Indy como Sallah (John Rhys-Davies), amigos que dizem ser antigos mas que nunca vimos antes como Renaldo (Antonio Banderas), amantes enganado por Helena, compradores de artefatos roubados, agentes da CIA e até mesmo um garoto chamado Teddy (Ethann Isidore) que cola nos protagonistas e que era pra ser o alívio cômico mas só consegue ser irritante. Que saudade do Short Round.

Outro grande problema do filme é que o protagonismo fica muito dividido entre Indy e Helena. Como ele está muito velho até faz algumas boas cenas de ação, mas do meio pro final o foco fica muito maior nas peripécias de Helena, que assume o papel de aventureira enquanto o vovô se mete em problemas e precisa ser resgatado. Isso é bem explicado pelo desenvolvimento da trama e pelo movimento natural de que o perigo vai aumentando e um idoso no meio de tudo aquilo subindo em andaimes e pulando pra lá e pra cá ficaria difícil de acreditar. Mas não deixa de ser meio esquisito. Afinal o filme é do Indy ou da Helena?

O filme faz um bom uso do CGI, sem muitas falhas. Há uma sequência grande no começo do filme com o Indiana Jones na Segunda Guerra Mundial. Ver Harrison Ford com o rosto rejuvenescido, distribuindo socos é uma nostalgia muito boa. Mas infelizmente o filme ficaria muito caro se tivesse que ser usado o efeito durante suas horas e por isso a trama dá um salto de tempo e temos que viver a aventura com o Indy velho. Se o filme tivesse sido feito nos anos 90, com Harrison na casa dos 50 anos, acho que teríamos gostado muito mais do resultado final.

Mas o que compensa tudo isso é que o filme é bem respeitoso com o cânone do herói, trazendo diversas referências dos capítulos anteriores, sequências de perseguição muito bem feitas e uma nova trilha sonora de John Williams, o que já faz o ingresso valer a pena. O filme deve ser visto na sala com a maior tela possível e o melhor som disponível, já que isso vai fazer uma bruta diferença na sua experiência.

Indiana Jones e a Relíquia do Destino é um filme divertido, com bons momentos, mas em raras oportunidades chega a empolgar de verdade como a gente gostaria. Está bem longe de ser perfeito como os filmes da trilogia original, mas consegue ser melhor do que o Caveira de Cristal. Pelo menos a sua mensagem pode nos fazer pensar sobre a finitude. Nos resta agradecer pela jornada e aguardar o nosso destino. Seja ele qual for.

Avaliação: 3.5 de 5.
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O Dublê – Crítica

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Estrelado por Ryan Gosling e Emily Blunt, O Dublê é uma comédia romântica pra macho. Sério, por ser a história de um dublê (Gosling) tentando reconquistar sua paixão, uma diretora em seu filme de estréia (Blunt), ele é repleto de cenas de ação e agrada a todos.

O filme circula a personagem Colt Stevens (Gosling) que é resgatado ao cargo de dublê e se mete em altas aventuras para resgatar Tom Ryder (Aaron Taylor-Johnson) que se meteu com uma turminha da pesada. E sim, essa descrição sessão da tarde define muito bem o filme: diversão garantida pro casal.

Ryan Gosling é Colt Seavers em O Dublê, dirigido por David Leitch

Dirigido por David Leitch (Trem Bala, Atômica) o filme já vem com um pedigree de filmes de ação de qualidade e é repleto de easter eggs para as séries de dublê dos anos 80 e 90. Fique atento para a trilha e efeitos sonoros! O roteiro é bem fechadinho, e encaixa bem cenas emotivas com perseguição de carro, explosões e até cachorros treinados.

Ryan Gosling carrega o filme nas costas (com uma grande ajuda da equipe de dublês), mas isso não ofusca as boas atuações do resto do elenco que em alguns lugares roubam merecidamente a cena. Emily Blunt dá a vida ao par romântico de Colt Stevens, Judy Moreno, e eleva o filme com uma personagem que todos amam já de início.

Hannah Waddingham como Gail Meyer está quase irreconhecível e entrega uma produtora de Hollywood fantástica. Já Tom Ryder é rapidamente odiado pela maravilhosa atuação de Aaron Taylor-Johnson. Não posso deixar de falar de Winston Duke (Pantera Negra, Nós) no papel de Dan Tucker que – além de distribuir bolachas – é um ótimo alívio cômico.

O Dublê é uma comédia romântica repleta de ação que vai agradar a todos os casais. Um filme divertido, leve, engraçado e emocionante na medida certa.

Avaliação: 5 de 5.
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Burburinho

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