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Reviews e Análises

Pobres Criaturas – Crítica

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Pobres Criaturas talvez seja o filme mais fora da caixinha que eu vi desde O Farol (2019). Querendo claramente ser uma continuação informal da obra de Mary Shelley “Frankenstein”, Pobres Criaturas conta a história de Bella Baxter (Emma Stone), uma mulher grávida que se suicida e que tem seu corpo reanimado, assim como o monstro da obra supracitada.

Quem a reanima é o desfigurado Dr. Godwin Baxter (Willem Dafoe), um cientista esquisitão que resolve usar o cérebro do bebê dentro da barriga da morta para substituir o dela. Sim, é bizarro nesse nível. Portanto, Bella é um bebê no corpo de uma mulher adulta. Emma Stone brilha em sua interpretação, desajeitada como poderia ser, violenta e deslumbrada como uma criança.

Daqui para frente, o que eu contar sobre o filme pode estragar a sua experiência. Então o que posso dizer é que, em determinado momento, Bella descobre o mundo e sua sexualidade como forma de liberdade. Ao mesmo tempo, como é um ser livre, não se prende a amarras emocionais ou sociais, que tentam a todo tempo nos aprisionar, principalmente às mulheres. O uso de muitas cenas de sexo e nudez, sem qualquer sensualidade, estão ali para incomodar o espectador, principalmente a geração Z. De novo, a ideia aqui é ser diferente.

O filme parte em busca de mostrar o desenvolvimento de Bella em um mundo que parece a todo tempo odiar, dominar, sufocar, matar e controlar as mulheres, tratando-as como objetos de posse. Bella contorna isso com o seu espírito livre, realizando até mesmo escolhas polêmicas e controversas para exercer a sua liberdade. O filme chega ao absurdo de deturpar a prostituição como uma opção racional para alcançar o seu objetivo. Questionável? Com certeza. Mas, novamente, fora da caixinha.

A direção completamente absurda de Yorgos Lanthimos é a chave para segurar o espectador e transformar esse filme em uma experiência totalmente diferente de tudo o que já vimos em termos de cinema. A escolha de fotografias diversas, com o uso de diferentes lentes e cores, planos e contraplanos, é uma forma de ser outro monstro de Frankenstein ajudando a contar aquela história, como se fosse um ser que utiliza diversas partes de corpos diferentes para formar um só.

Destaque também para a montagem do filme, que em momento nenhum deixa a gente perder o fio da meada. Apesar de muito simples e entregar o feijão com arroz, deve ser dificílimo encaixar toda a fotografia bizarra do filme em uma montagem que não escorrega e até ajuda a ordenar os acontecimentos e entrega as atuações certas nos momentos exatos.

É preciso também destacar questões mais técnicas como o figurino e a direção de arte que ajudam a compor toda a bizarrice necessária à história. Além disso, a trilha sonora incômoda e deturpada de Jersin Fedrix também ajuda no contexto geral, com instrumentos desafinados, acordes tortos, mas que ao mesmo tempo fazem sentido dentro daquele mundo que não quer fazer sentido.

Pobres Criaturas é uma alegoria sobre o feminismo, o machismo, a misoginia e o feminicídio. E sobre como a mulher, mesmo sendo “o negro do mundo”, como dizia John Lennon, consegue superar a tudo e a todos. Um filme que não é para todo mundo e que vai dividir opiniões. Muita gente não vai querer entender e vai dizer que é ruim. Mas eu te peço, assista e tire suas próprias conclusões.

Nota 5 de 5

Avaliação: 5 de 5.

Pobres Criaturas foi indicado a onze prêmios Oscar: Melhor Maquiagem e Cabelo, Melhor Trilha Sonora, Melhor Filme, Melhor Direção, Melhor Fotografia, Melhor Atriz, Melhor Ator Coadjuvante, Melhor Figurino, Melhor Roteiro Adaptado, Melhor Direção de Arte e Melhor Montagem.

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O Dublê – Crítica

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Estrelado por Ryan Gosling e Emily Blunt, O Dublê é uma comédia romântica pra macho. Sério, por ser a história de um dublê (Gosling) tentando reconquistar sua paixão, uma diretora em seu filme de estréia (Blunt), ele é repleto de cenas de ação e agrada a todos.

O filme circula a personagem Colt Stevens (Gosling) que é resgatado ao cargo de dublê e se mete em altas aventuras para resgatar Tom Ryder (Aaron Taylor-Johnson) que se meteu com uma turminha da pesada. E sim, essa descrição sessão da tarde define muito bem o filme: diversão garantida pro casal.

Ryan Gosling é Colt Seavers em O Dublê, dirigido por David Leitch

Dirigido por David Leitch (Trem Bala, Atômica) o filme já vem com um pedigree de filmes de ação de qualidade e é repleto de easter eggs para as séries de dublê dos anos 80 e 90. Fique atento para a trilha e efeitos sonoros! O roteiro é bem fechadinho, e encaixa bem cenas emotivas com perseguição de carro, explosões e até cachorros treinados.

Ryan Gosling carrega o filme nas costas (com uma grande ajuda da equipe de dublês), mas isso não ofusca as boas atuações do resto do elenco que em alguns lugares roubam merecidamente a cena. Emily Blunt dá a vida ao par romântico de Colt Stevens, Judy Moreno, e eleva o filme com uma personagem que todos amam já de início.

Hannah Waddingham como Gail Meyer está quase irreconhecível e entrega uma produtora de Hollywood fantástica. Já Tom Ryder é rapidamente odiado pela maravilhosa atuação de Aaron Taylor-Johnson. Não posso deixar de falar de Winston Duke (Pantera Negra, Nós) no papel de Dan Tucker que – além de distribuir bolachas – é um ótimo alívio cômico.

O Dublê é uma comédia romântica repleta de ação que vai agradar a todos os casais. Um filme divertido, leve, engraçado e emocionante na medida certa.

Avaliação: 5 de 5.
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Burburinho

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