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Reviews e Análises

Crítica – Uma Noite em Miami…

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Filme de estreia de Regina King, Uma Noite em Miami… (One Night In Miami…) é baseado em uma peça de mesmo nome e conta a história do que aconteceu na noite do dia 25 de fevereiro de 1964. Nessa data, o boxeador Cassius Clay (futuro Muhammad Ali) venceu o título mundial de sua categoria derrotando Sonny Liston. Como forma de comemoração, Clay se reuniu em um quarto de hotel com outras três personalidades negras dos anos 60: o cantor e compositor Sam Cooke, o jogador da NFL Jim Brown e o ativista de direitos civis Malcom X. O filme conta de forma contundente o que foi conversado e discutido entre esses quatro homens que ajudaram a moldar a vida do negro norte-americano nos anos seguintes.

Tudo o que foi conversado ali naquele quarto é fruto do texto do roteirista Kemp Powers, mas corroborada por entrevistas com o único sobrevivente dos quatro, Jim Brown, hoje aos 84 anos. Para captar tudo o que aconteceu naquela noite, Regina abre mão da ousadia e prefere uma direção firme, sem exageros ou reviravoltas, usando de muito plano americano para mostrar esses ícones humanos tão celebrados em suas profissões e em seu ativismo político. O papo entre eles obviamente gira em torno de como cada um ali é responsável por todas as vidas de afrodescendentes que se espelham neles para serem bem-sucedidos e fugirem da opressão de uma sociedade branca. Com um discurso contundente, Malcom X ganha destaque durante todo o filme, interpretado muito bem por Kingsley Ben-Adir.

O filme é carregado pelas boas interpretações. Eli Goree consegue fazer todo o gestual clássico de Cassius Clay, trazer sua voz reconhecível e o seu bom humor notório. Aldis Hodge fica um pouco apagado ao interpretar Jim Brown, deixando para Leslie Odom Jr. uma avenida para mostrar seu talento ao retratar o cantor Sam Cooke de forma brilhante. A cena em que ele dirige o canto e o ritmo das pessoas em um auditório em Boston e a sua performance no final de “A Change Is Gonna Come” é de fazer os olhos encherem de lágrimas.

A história pode parecer um pouco monótona para o espectador acostumado a filmes movimentados, mas o que mais importa aqui não é o que aconteceu, mas sim a mensagem que está sendo passada. O da responsabilidade de cada um com a luta pelos direitos civis de todos nós para uma vida mais justa. Uma Noite em Miami… é um filme que faz seus espectadores avaliarem suas percepções de realidade, humanidade, olhar ao próximo, enxergar seus privilégios e pensar que, mesmo depois de tantos anos, é urgente entender que a sociedade ainda está remando para compreender que somos todos iguais.

O filme está disponível no Prime Video.

Avaliação: 4 de 5.

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1 Comment

1 Comment

  1. Simões Neto

    4 de fevereiro de 2021 at 18:03

    Belo texto, Brunão. Engraçado que ouço muito sobre a direção e pouco sobre o roteiro. O trabalho de imaginação para criar esse encontro deve ter sido enorme.

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Reviews e Análises

O Dublê – Crítica

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Estrelado por Ryan Gosling e Emily Blunt, O Dublê é uma comédia romântica pra macho. Sério, por ser a história de um dublê (Gosling) tentando reconquistar sua paixão, uma diretora em seu filme de estréia (Blunt), ele é repleto de cenas de ação e agrada a todos.

O filme circula a personagem Colt Stevens (Gosling) que é resgatado ao cargo de dublê e se mete em altas aventuras para resgatar Tom Ryder (Aaron Taylor-Johnson) que se meteu com uma turminha da pesada. E sim, essa descrição sessão da tarde define muito bem o filme: diversão garantida pro casal.

Ryan Gosling é Colt Seavers em O Dublê, dirigido por David Leitch

Dirigido por David Leitch (Trem Bala, Atômica) o filme já vem com um pedigree de filmes de ação de qualidade e é repleto de easter eggs para as séries de dublê dos anos 80 e 90. Fique atento para a trilha e efeitos sonoros! O roteiro é bem fechadinho, e encaixa bem cenas emotivas com perseguição de carro, explosões e até cachorros treinados.

Ryan Gosling carrega o filme nas costas (com uma grande ajuda da equipe de dublês), mas isso não ofusca as boas atuações do resto do elenco que em alguns lugares roubam merecidamente a cena. Emily Blunt dá a vida ao par romântico de Colt Stevens, Judy Moreno, e eleva o filme com uma personagem que todos amam já de início.

Hannah Waddingham como Gail Meyer está quase irreconhecível e entrega uma produtora de Hollywood fantástica. Já Tom Ryder é rapidamente odiado pela maravilhosa atuação de Aaron Taylor-Johnson. Não posso deixar de falar de Winston Duke (Pantera Negra, Nós) no papel de Dan Tucker que – além de distribuir bolachas – é um ótimo alívio cômico.

O Dublê é uma comédia romântica repleta de ação que vai agradar a todos os casais. Um filme divertido, leve, engraçado e emocionante na medida certa.

Avaliação: 5 de 5.
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Burburinho

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