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Reviews e Análises

TOP 10: Ficção científica – o (velho) novo gênero da vez

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Parece que estamos vivendo uma nova onda de histórias de ficção científica. Excetuando-se as produções de quadrinhos – que entram facilmente nessa classificação – vimos a proliferação de obras distópicas – Jogos Vorazes, Maze Runner, Divergente – o retorno de antigas franquias – Planeta dos Macacos, Alien, Blade Runner, Mad Max, Jurassic Park e Star Trek – além de excelentes obras originais como Gravidade (2013), Interestelar (2014) e A Chegada (2016).

Mas, afinal, o que é ficção científica?

A expressão science fiction – traduzida para o português como ficção científica – foi utilizada pelo editor da revista Amazing Stories, Hugo Gernsback, para definir a literatura que ele próprio incentivava. A polêmica em torno do termo foi tão grande, que o escritor Robert Heinlein, autor de Tropas Estelares, sugeriu a troca por “ficção especulativa”, porém esse já tinha se cristalizado entre a comunidade consumidora. 

A lista abaixo elenca dez produções – entre livros, séries, filmes e quadrinhos – baseadas em tópicos recorrentes da ficção científica. Para a escolha levou-se em consideração sua relevância e a premissa de que, para uma obra ser classificada como tal, as narrativas devem ter explicações científicas ou pseudocientíficas como parte fundamental do enredo da obra.

Mary Shelley escreveu Frankenstein para uma competição entre amigos – idealizada por Lord Byron – em que todos deveriam criar histórias de fantasmas. No alto de seus dezenove anos, a autora cria a mais assustadora delas, sem poder imaginar o ícone ao qual estava dando a vida. Muitas foram as leituras e releituras feitas da obra, principalmente para o cinema, que teve sua primeira adaptação em 1910, feita pelo inventor e cientista Thomas Edison e a última em 2014, chamada Frankenstein: Entre homens e demônios, dirigida por Stuart Beattie e baseada graphic novel homônima I, Frankenstein, escrita por Kevin Grevioux.

Além do diálogo com o mito grego (marcado pelo subtítulo “Prometeu Moderno”), ao observar-se o contexto histórico, o romance traz outros temas. A estética principal do período era a romântica tendo essa um forte apelo em refutar a dominação da natureza pelo homem. Some-se a essa visão a Revolução Industrial inglesa, com suas máquina à vapor, e as experiências no campo da bioeletricidade que produzia um sentimento latente de “onde tudo isso irá nos levar”. Pronto, temos o monstro de Frankeinstein publicado vinte anos antes do nascimento de Julio Verne, considerado pai da ficção científica.

Mesmo não tendo sido o russo Isaac Asimov o criador do termo robô (utilizado pela primeira vez por Karel Capek em sua peça R.U.R. – Rossum’s Universal Robots – que deriva da palavra tcheca robota, podendo ser traduzida como escravo) é inevitável não associar seu nome ao tema, possivelmente por culpa de uma das suas publicações mais famosas: Eu, Robô.

Publicado em Dezembro de 1950 Eu, Robô é uma coletânea de contos que tem como moldura a entrevista de Susan Calvin para a pesquisa de um jornalista sobre a sua vida profissional na US Robôs e Homens Mecânicos, lugar em que tornou-se robopsicóloga chefe. Grande parte dos nove contos tem como tema problematizações das Três Leis da Robótica que consistem em:

  • 1ª Lei: Um robô não pode ferir um ser humano ou, por inação, permitir que um ser humano sofra algum mal;
  • 2ª Lei: Um robô deve obedecer as ordens que lhe sejam dadas por seres humanos exceto nos casos em que tais ordens entrem em conflito com a Primeira Lei e;
  • 3ª Lei: Um robô deve proteger sua própria existência desde que tal proteção não entre em conflito com a Primeira ou Segunda Leis.

Para Asimov, essas impediam o que ele chamava de Complexo de Frankenstein, isso é, medo da criatura voltar-se contra seu criador.

O que confere o status de ficção científica para a jornada da USS Enterprise e as demais naves de Star Trek? A premissa da série – “audaciosamente ir onde nenhum homem jamais esteve” – já nos dá uma pista: a velocidade de dobra.

O Warp Drive, ou velocidade de dobra, consiste em viajar através dos Wormholes (buracos de minhoca) que são, a grosso modo, atalhos no contínuo espaço-tempo (sistema de coordenadas utilizadas para estudo da relatividade restrita e relatividade geral). Ainda hipotéticos, eles encurtariam essas viagens, criando uma ponte entre a origem e o destino.

O resultado desta jornada são 30 temporadas com 725 episódios, alternando seus capitães entre Kirk, Jean-Luc Picard,  Kathryn Janeway, Benjamin Sisko e Jonathan Archer.

Steampunk é o termo usado para definir histórias que se passam no século XIX, baseada na tecnologia que deu origem a Revolução Industrial: máquinas à vapor.

Em A Liga Extraordinária de Alan Moore, Campion Bond elege Mina Murray – antes Mina Harker – para recrutar os “heróis” mais relevantes de seu tempo com o intuito de servir aos interesses do Império Britânico. Entre esses “heróis” estão Capitão Nemo, Allan Quartemain, Dr. Jekill e Hawlley Griffin.

Com grandes referências literárias que vão além de suas personagens – se você ainda não ligou “o nome ao livro” deixe ajudar: Mina Murray persongem de Drácula, escrito por Bram Stoker; Capitão Nemo de As Vinte Mil Léguas Submarinas e A Ilha Misteriosa, escritos por Júlio Verne; Allan Quartemain de As Minas do Rei Salomão, escrita por H. Rider Haggard; Dr. Jekill de O Médico e o Monstro, escrito por Robert Louis Stevenson e; Hawlley Griffin de O Homem Invisível, escrito por H.G. Wells – a história de Moore e a arte de Kevin O’Neill em seus dois primeiros volumes nos transportam para uma Inglaterra Vitoriana cheia de fumaça e engrenagens.

Muito antes de Jogos Vorazes, Convergente e Maze Runner veio 1984 de George Orwell. Não, ele não tem protagonistas adolescentes ou triângulos amorosos. Para o protagonista, Winston (vivido no cinema por John Hurt), tudo é apenas dor, amargura e nenhuma luz no fim do túnel.

Distopia é o termo que vem em contraponto a obra filosófica Utopia de Thomas More, que descrevia nela  a sociedade perfeita, como feito pelo grego Platão em A República.

Nas distopias literárias normalmente são apresentados mundos futuros em que a sociedade é reprimida por formas totalitárias de governo, que concentra poderes ilimitados. Em 1984 essa repressão vem de um aparelho parecido com uma TV chamado teletela em que o partido, controlado pelo Grande Irmão (Big Brother), transmite imagens de propaganda 24 horas por dia, mas que também captura imagem daqueles que as assistem.

O final dos anos 80 foi marcado por avanços nas pesquisas genéticas e em 1990 foi fundado o consórcio Projeto Genoma, presidido pelo chefe de saúde dos Estados Unidos James D. Watson que teve participação de 17 países, incluindo o Brasil. Possivelmente inspirado por esse ambiente o autor estadunidense Michael Crichton  – autor também de obras como Congo, Esfera, A linha do Tempo, O décimo Terceiro Guerreiro e roteirista da série de TV Plantão Médico (E.R.) – publicou em 1990 o livro Jurassic Park, que foi levado aos cinemas por Steven Spielberg.

Para quem ficou em uma caverna e nunca assistiu ao filme, a premissa é simples: A empresa InGen recria os dinossauros a partir de amostras de sangue – isto é, DNA – coletadas em mosquitos preservados desde o período jurássico em âmbar.

Claro que o livro tem trechos de ação, assim como no filme, mas a discussão vai além disso: é correto fabricar vida? Esses dinossauros são realmente dinossauros, uma vez que existe a manipulação de suas características?

Esta indicação poderia ser de A máquina do tempo de  H.G. Wells,  já que essa foi a primeira vez que pensou-se em usar um aparato tecnológico para viajar no tempo. Também poderia ser De volta para o futuro, mas muita gente já falou de McFly e Cia. Na verdade, a ideia é falar o quanto seja possível de Doctor Who <3

Doctor Who é uma série televisiva britânica que alia história com ficção científica, utilizando-se de viagens no tempo. Sua estréia foi em 23 de Novembro de 1963 pela rede BBC e ficou no ar por 26 anos ininterruptos, tendo seu último episódio exibido em 1989. O programa volta a emissora em 2005, com estrondoso sucesso, não só na terra da rainha mas em todo mundo. 

Grande parte das histórias dos grandes heróis de quadrinhos  tem uma premissa científica ou pseudo-científica. Homem de Ferro (armadura tecnológica), Homem Aranha (alteração genética após picada de aranha radioativa, é pois é), X-Men (mutação genética do gen X, que desenvolve-se na puberdade)… Os exemplos são inúmeros e qualquer um desses poderiam ter sido escolhidos para essa indicação, mas, por que então, não começar pelo primeiro?

Superman (ou Super-Homem como falei a maior parte da minha vida) nasceu no conto The Reign of the Superman de Jerry Siegel em 1933, ilustrado por Joe Shuster. Na narrativa Bill Dunn, após entrar em contato com uma espécie de rocha alienígena, adquire super-poderes. As ilustrações trazem o que seria o embrião de Lex Luthor.

A personagem foi remodulada e em 1938 na Action Comics nascia o que entendemos hoje como Superman. Características atribuídas a qualquer super-herói como a identidade secreta, os super-poderes, traje especial com símbolo e capa nascem com Superman, nesta época conhecida como a Era de Ouro dos quadrinhos.

Uma história Cyberpunk é marcada pela alta tecnologia – normalmente o governo totalitário das distopias acabam dando lugar as grandes corporações – e baixa qualidade de vida. Em Matrix, quando os humanos estão com suas mentes fora do supercomputador criado para nos mantê-los felizes, enquanto servem de pilhas para as máquinas, vestem roupas parecidas com sacos de estopa e comem um espécie de canjica do inferno.

Viagens no tempo, contato alienígena, alterações genéticas (quando ainda não tinham esse nome)… Possivelmente H.G. Wells foi o precursor de temas que ainda hoje encantam grandes audiências. É inegável, porém, que seu livro A Guerra dos Mundos seja o de maior popularidade por ter rendido a melhor história da comunicação: a narração de Orson Welles, transmitida pela rádio CBS.

A dramatização, feita em forma de programa jornalístico, no dia 30 de outubro de 1938, não tinha a intensão de gerar o pânico causado, pelo menos foi o que disse, mais tarde, seu apresentador. O que teria acontecido é que quando outras cidades entraram na rede – saindo de suas transmissões locais – tinham perdido o anúncio de que o programa era uma ficção baseada no livro de H. G. Wells. 

Caso tenha curiosidade, o programa já entrou em domínio público e está disponível em https://archive.org/details/OrsonWellesMrBruns 

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O Dublê – Crítica

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Estrelado por Ryan Gosling e Emily Blunt, O Dublê é uma comédia romântica pra macho. Sério, por ser a história de um dublê (Gosling) tentando reconquistar sua paixão, uma diretora em seu filme de estréia (Blunt), ele é repleto de cenas de ação e agrada a todos.

O filme circula a personagem Colt Stevens (Gosling) que é resgatado ao cargo de dublê e se mete em altas aventuras para resgatar Tom Ryder (Aaron Taylor-Johnson) que se meteu com uma turminha da pesada. E sim, essa descrição sessão da tarde define muito bem o filme: diversão garantida pro casal.

Ryan Gosling é Colt Seavers em O Dublê, dirigido por David Leitch

Dirigido por David Leitch (Trem Bala, Atômica) o filme já vem com um pedigree de filmes de ação de qualidade e é repleto de easter eggs para as séries de dublê dos anos 80 e 90. Fique atento para a trilha e efeitos sonoros! O roteiro é bem fechadinho, e encaixa bem cenas emotivas com perseguição de carro, explosões e até cachorros treinados.

Ryan Gosling carrega o filme nas costas (com uma grande ajuda da equipe de dublês), mas isso não ofusca as boas atuações do resto do elenco que em alguns lugares roubam merecidamente a cena. Emily Blunt dá a vida ao par romântico de Colt Stevens, Judy Moreno, e eleva o filme com uma personagem que todos amam já de início.

Hannah Waddingham como Gail Meyer está quase irreconhecível e entrega uma produtora de Hollywood fantástica. Já Tom Ryder é rapidamente odiado pela maravilhosa atuação de Aaron Taylor-Johnson. Não posso deixar de falar de Winston Duke (Pantera Negra, Nós) no papel de Dan Tucker que – além de distribuir bolachas – é um ótimo alívio cômico.

O Dublê é uma comédia romântica repleta de ação que vai agradar a todos os casais. Um filme divertido, leve, engraçado e emocionante na medida certa.

Avaliação: 5 de 5.
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Burburinho

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