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Gibiteca Refil

Graphic MSP Louco: Fuga ou como pulamos de uma história para outra

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“Era uma vez e eram duas vezes e eram três vezes e eram quatro vezes. E esta é a história de cada uma dessas vezes…”

Opa, dá licença… COF! COF!

Desculpe, este meu cantinho está meio empoeirado, eu sei… Acho que nunca gritamos tanto quanto em 2018, mas a impressão que tenho é que, no último ano, cada um de nós foi aprisionado por alguma forma de Silêncio. Decidi que não poderia abrir as janelas, deixar o sol entrar, colocar a poeira pra fora e quebrar este vazio escolhendo outra história que não a Graphic MSP Louco: Fuga.

“E era o menino que não gostava de água. Dizem até que nunca tomou banho, mas talvez tenha tomado unzinho… Não importa! Com chuva ou com sol, era alguém com quem contar sempre, em qualquer plano.”

A narrativa criada por Rogério Coelho não abandona o nonsense das histórias originais, apenas o justifica. Essa justificativa toma corpo com o termo fuga, quando o autor lhe dá dois sentidos: um textual e outro visual. Ah, e não se engane: esse nonsense foi incluído nas histórias com o tempo, pois a personagem, no começo, era só um louco mesmo, fugindo do hospício na primeira revista do Cenourinha, digo, Cebolinha… 

“E era a menina de vestido amarelo. Que comia uma melancia inteira sozinha, mas não gostava de ficar sozinha e repartia sua amizade com quem estivesse perto.”

Se partirmos do verbo, logo pensamos na história: certa vez um homem criou um pássaro que tinha o poder de inspirar todas as histórias do mundo com seu canto. Esse homem também criou adversários para esse pássaro, os Guardiões do Silêncio, que começaram a prender aqueles que conseguiam ouvir o seu canto e aprisionavam a imaginação dos cativos para sempre. Quando criança, o Louco conseguiu salvar o pássaro que, de tão cansado e ferido, deixou-se prender. Mas agora, o pássaro tinha sido aprisionado novamente e enquanto ele pensava em como soltá-lo, fugia dos Guardiões do Silêncio, pulando de história em história.

“E era o menino de cabelo espetado, que falava elado, mas era o amigo certo.”

Se partimos da fuga – ou ponto de fuga – percebemos que o artista brinca com nosso olhar, extrapolando os quadros, as formas, as cores… Cada página é um esmero lírico que tenta se distanciar da narrativa visual dos quadrinhos mais tradicionais.

“E a menina de vestido vermelho, que tinha um coelho azul e uma força enorme. E com essa força unia os laços das histórias de cada um.”

Na trajetória o Louco percebe que todo vilão é criado para deixar o herói mais forte, mas quem é o herói?

E era uma vez uma mulher que decidiu pular de história em história, compartilhando suas experiências neste puxadinho que lhe deram e que ela tanto ama.

E pra você, qual é o seu “e era uma vez…”


Título:
Louco: Fuga
Autor: Maurício de Souza, Rogério Coelho
Tradução:
Editora: Panini Comics
Ano: 2015
ISBN: 9788542602890
Ficha técnica completa no Guia dos Quadrinhos 

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Gibiteca Refil

#MulherMaravilha80anos – Do Polígrafo ao Laço da Verdade

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“Bela como Afrodite; sagaz como Atena; dotada da velocidade de Mercúrio e da força de Hércules – nós a conhecemos como Mulher-Maravilha. Mas quem pode nos dizer quem é ela ou de onde ela veio?” – All-Star Comics, dezembro de 1941

A Mulher-Maravilha não foi a primeira super-heroína dos quadrinhos e definir esse posto é algo bastante complexo. Levando-se em conta o que entendemos como super-herói (ter uma identidade secreta, poderes e usar um uniforme) o consenso é que a primeira super-heroína dos quadrinhos é a Hawkgirl, conhecida por aqui como Mulher-Gavião. Como explicar, então, que tamanha popularidade de Diana faça com que nem cogitemos acreditar nisso? É simples: o conceito.

Muitas personagens femininas foram criadas a partir do clichê Ms. Male Character, isto é, a versão feminina de uma personagem masculina. Shiera era a versão feminina do Gavião Negro, além de sua parceira amorosa, assim como as primeiras concepções de Miss Marvel e Batwoman. A Mulher-Maravilha já foi criada como uma personagem independente, com seu próprio mundo fictício e histórias em consonância com as discussões do período.

A primeira aparição de Diana no universo DC se deu em dezembro de 1941 na All-Star Comics número 8. Essa ainda não contava a origem da personagem, mas a história das Amazonas e o motivo delas irem parar em Themyscira. A narrativa do nascimento de Diana, que permaneceria intacta até sua reformulação pós-Crise, seria apresentada apenas em Wonder Woman número 1: esculpida por Hipólita, a partir do barro de Themyscira, a escultura desperta na Rainha das Amazonas um sentimento profundamente maternal e o desejo de que a forma tome vida, em uma releitura do mito de Pigmaleão e Galatéia. Afrodite atende ao pedido de Hipólita, trazendo a criança à vida, dando-lhe o nome de Diana, em homenagem a irmã gêmea de Apolo, deusa da Lua e da caça. O que nos faz pensar: como seus criadores chegaram a essas referências?

“Sinceramente, a Mulher-Maravilha é propaganda psicológica com vistas ao novo tipo de mulher que, na minha opinião, deveria dominar o mundo.”  William Moulton Marston, março de 1945

A criação da personagem é atribuída ao roteirista Charles Moulton, pseudônimo do psicólogo William Moulton Marston, conhecido também como o inventor do polígrafo (a máquina da verdade). Já a concepção visual ficou a cargo de Harry G. Peter. Sempre esquecida nesta equação, porém, estava Elizabeth Holloway Marston esposa de William Marston e a quem o próprio se referia como coautora da personagem.

A luta pela igualdade feminina, presente nas primeiras histórias da Mulher-Maravilha – segundo Jill Lepore na biografia A história secreta da Mulher-Maravilha – remonta os primeiros anos de Marston em Harvard com o movimento pelo voto feminino e, principalmente, após ele ter ouvido a palestra da sufragista inglesa Emmeline Pankurst. Quase impedida de falar na universidade, simplesmente por ser mulher, Pankurst deixou Marston “fascinado, emocionado”. Já as referências gregas, possivelmente vieram de Holloway que amava a língua e as histórias que estudou em seus anos no ensino médio.

Desde a palestra de Emmeline Pankurst, a Mulher-Maravilha levou três décadas para aparecer, quando o seu principal idealizador já tinha 48 anos. Marston, após afirmar que via nos quadrinhos um grande potencial educacional, tornou-se uma espécie de psicólogo consultor da DC Comics. Foi aí que sugeriu ao editor Max Gaines uma super-heroína. A resposta inicial de Gaines foi dizer que personagens pulp e de quadrinhos femininas sempre eram um fracasso. Marston engendrou em argumento todos os anos em que defendeu os direitos das mulheres, recebendo a resposta “fiquei com o Superman depois que todo syndicate do país recusou. Vou dar uma chance a sua Mulher-Maravilha!”. Como condição o próprio Marston deveria escrever as histórias e se depois de seis meses os leitores não gostassem, essa seria descontinuada. Parece que acabou dando certo!

Como dito, Mulher-Maravilha não foi a primeira super-heroína, de fato, mas acredito que se tornou a primeira super-heroína por direito. Assim, convido você a comemorar durante os próximos meses os 80 anos de suas histórias e imaginário criados para a princesa amazona.

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