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Reviews e Análises

Licorice Pizza – Crítica

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O novo filme de Paul Thomas Anderson (Sangue Negro, Embriagado de Amor, Boogie Nights, entre outros) é uma boa peça de nostalgia dos anos 70, como há muito tempo não tínhamos no cinema. Licorice Pizza conta uma história do que os norte-americanos gostam de chamar de “coming of age movie”. Nada mais é do que um filme que fala sobre a transformação de adolescentes em adultos, bem naquela época em que todos nós que já passamos dos 20 lembramos com saudade. É o período em que é permitido se descobrir, se apaixonar com facilidade, odiar com todas as forças, experimentar opções variadas de coisas que você pretende fazer no futuro. E o filme faz isso de forma brilhante.

“Pizza de Alcaçuz” é um nome estranho, mas se pararmos para pensar é exatamente esse o sabor da juventude: pizza, que é algo pop, que todo mundo gosta e que é bem difícil de ser ruim. Só que aí você mete alcaçuz na parada, que é uma coisa que não combina de jeito nenhum com o famoso prato italiano, e que tem um gosto doce, amargo, salgado e azedo tudo ao mesmo tempo. O filme conta a história de Gary (Cooper Hoffman) e de Alana (Alana Haim) e como o relacionamento dos dois floresce de um flerte, para idas e vindas tanto na amizade quanto no amor. É sobre encontrar a sua alma gêmea, saber disso e negá-la, por qualquer motivo que a sua mente resolva dar.

Ao mesmo tempo o roteiro vai mostrando como os anos 70 foram um ponto de virada para a cultura e modo de vida norte-americano. Era uma época em que artistas clássicos como Bing Crosby ainda estavam vivos, mas rebeldes roqueiros como Jim Morrison já tinham partido, e como o tempo é algo frágil. Gary tem 15 anos, mas em seu “bico” de ator interpreta um garoto de 12. Enquanto isso, Alana já tem mais de 25, mas ainda está presa à casa dos pais judeus rigorosos.

O filme serve como uma enciclopédia da história dos Estados Unidos, principalmente de Los Angeles nos anos 70. Tudo isso de forma natural, mas deixando um senso de irrealidade que permeou toda a década citada. Guerra do Vietnã, engajamento político, moda, consumismo, crise do petróleo, drogas, violência, música, tudo isso está presente nas entrelinhas sem que se perceba. Genial.

O filme tem uma trilha sonora deliciosa que ajuda muito a contar a própria história dos anos 70 de forma simples e pontual, traduzindo todos os sentimentos que a gente passa nessa fase da vida. Ao escolher “Let Me Roll It” de Paul McCartney & The Wings em uma cena crucial da história, você sente as mesmas borboletas no estômago que os dois protagonistas estão sentindo. Assim como em Embriagado de Amor (Punch-Drunk Love), P. T. Anderson conta uma história de amor surreal, mas extremamente familiar. Porque todo mundo já passou por aquilo ali. Mesmo que somente um pouquinho. Cabe ao espectador entender que, por mais estranho que o gosto de uma pizza de alcaçuz possa ter, o sabor dela você já conhece e vai lembrar dele para sempre.

Avaliação: 5 de 5.

O filme estreia no Brasil dia 17 de fevereiro de 2022 e está indicado a três Oscar (Melhor Filme, melhor direção e melhor roteiro original)

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Reviews e Análises

O Dublê – Crítica

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Estrelado por Ryan Gosling e Emily Blunt, O Dublê é uma comédia romântica pra macho. Sério, por ser a história de um dublê (Gosling) tentando reconquistar sua paixão, uma diretora em seu filme de estréia (Blunt), ele é repleto de cenas de ação e agrada a todos.

O filme circula a personagem Colt Stevens (Gosling) que é resgatado ao cargo de dublê e se mete em altas aventuras para resgatar Tom Ryder (Aaron Taylor-Johnson) que se meteu com uma turminha da pesada. E sim, essa descrição sessão da tarde define muito bem o filme: diversão garantida pro casal.

Ryan Gosling é Colt Seavers em O Dublê, dirigido por David Leitch

Dirigido por David Leitch (Trem Bala, Atômica) o filme já vem com um pedigree de filmes de ação de qualidade e é repleto de easter eggs para as séries de dublê dos anos 80 e 90. Fique atento para a trilha e efeitos sonoros! O roteiro é bem fechadinho, e encaixa bem cenas emotivas com perseguição de carro, explosões e até cachorros treinados.

Ryan Gosling carrega o filme nas costas (com uma grande ajuda da equipe de dublês), mas isso não ofusca as boas atuações do resto do elenco que em alguns lugares roubam merecidamente a cena. Emily Blunt dá a vida ao par romântico de Colt Stevens, Judy Moreno, e eleva o filme com uma personagem que todos amam já de início.

Hannah Waddingham como Gail Meyer está quase irreconhecível e entrega uma produtora de Hollywood fantástica. Já Tom Ryder é rapidamente odiado pela maravilhosa atuação de Aaron Taylor-Johnson. Não posso deixar de falar de Winston Duke (Pantera Negra, Nós) no papel de Dan Tucker que – além de distribuir bolachas – é um ótimo alívio cômico.

O Dublê é uma comédia romântica repleta de ação que vai agradar a todos os casais. Um filme divertido, leve, engraçado e emocionante na medida certa.

Avaliação: 5 de 5.
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Burburinho

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