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Reviews e Análises

Sete Homens e Um Destino (2016) | Crítica

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Sendo competente em sua proposta, Sete Homens e Um Destino (2016) é uma refilmagem muito divertida que faz merecidas referências ao longa de 1960 (de mesmo título) e apresenta temas modernos de forma eficiente.

Em 1954, Akira Kurosawa criou o consagrado Os Sete Samurais. A história é tão inteligente e cativante que foi muito bem recebida pelo público (vindo a ser adaptada diversas vezes ao longo dos anos). Não demorou para chegar em Hollywood: Em 1960, John Sturges faria a consagrada versão norte americana do filme de Kurosawa adaptando o roteiro para a cultura dos Estados Unidos (substituindo samurais por cowboys). Em 2016 (56 anos depois), coube a Antoine Fuqua o desafio de dirigir a refilmagem do clássico faroeste de 1960:  Sete Homens e Um Destino.

O longa retrata um pequeno vilarejo, no velho oeste estadunidense, ameaçado por Bartholomew Bogue (Peter Sarsgaard) e seus capangas. Emma Cullen (Haley Bennett), tomada pelo sentimento de justiça, contrata os serviços de Chisolm (Denzel Washington), que, por sua vez, monta um grupo de sete pistoleiros para combater os vilões.

Apesar da história ocorrer no final do século 19, a nova adaptação de Sete Homens e Um Destino conta com um contexto mais atualizado: se antes a motivação do antagonista mexicano era de saquear um vilarejo em busca de alimento, agora vemos um vilão extremamente capitalista que deseja desabrigar os moradores da vila (reflexo da recente crise imobiliária norte-americana). E se em 1960, tínhamos um grupo formado inteiramente por homens brancos, em 2016 nossos heróis (ou melhor: anti-heróis) são etnicamente diversificados.

Criando diferenças consideráveis do filme de 1960 (e isso não é um defeito), o roteiro de Nic Pizzolatto (The Killing, True Detective) e Richard Wenk (Os Mercenários 2, O Protetor) destaca-se por promover a representatividade: uma personagem feminina de personalidade forte ganha grande importância na trama ao passo que um negro lidera um grupo composto por quatro americanos, um chinês, um mexicano e um índio. E é interessante notar como o grupo convive em harmonia, sem divergências étnica-culturais. O roteiro desenvolve uma história interessante e conecta bem os acontecimentos (mantendo a coerência), porém desliza em um momento e outro (como ao tentar justificar de forma rasa a motivação de alguns personagens).

Com seu carisma invejável, Denzel Washington protagoniza o personagem negro conhecido (e temido) por todos e que provavelmente é o melhor pistoleiro do Oeste. Chris Pratt, que vem se consolidando como um talentoso ator cômico (desde a ótima série Parks and Recreation), junta o tom cômico com a natureza anti-heroica de seu Josh Faraday. Haley Bennett confere a Emma Cullen uma personalidade forte e tendo uma participação decisiva. Ethan Hawke está muito bem em seu Goodnight Robicheaux, demonstrando o cansaço de um homem que já lutou demais, mas que ainda sim é movido pelo dinheiro. Quando aparece, Vincent D’Onofrio (irreconhecível) rouba a cena contrastando (de maneira acertada) o gigante porte físico de seu personagem, Jack Horne, com a personalidade delicada de voz aguda. Byung-hun Lee representa o asiático especialista em facas de forma competente. E Manuel Garcia-Rulfo e Martin Sensmeier dão vida aos personagens do mexicano Vasquez e do índio Colheita Vermelha respectivamente (estes com menos tempo de tela, infelizmente). Contudo, outro grande destaque vai para a atuação de Peter Sarsgaard ao antagonizar o maléfico Bartholomew Bogue, capaz de fazer qualquer coisa pelo dinheiro.

Fuqua utiliza bem o roteiro ao misturar western, comédia e ação (nas medidas certas), criando um ritmo envolvente. E é interessante ver como o diretor teve o cuidado de deixar o longa nos moldes dos filmes de bangue-bangue ao mesmo tempo em que presta homenagens ao filme de 1960 (como na cena que introduz o protagonista e nos planos detalhes das cenas de duelo). É importante ressaltar o preciosismo estético de Fuqua junto com o diretor de fotografia Mauro Fiore ao utilizar uma razão de aspecto de 2.35:1 (repare nas composições dos belíssimos planos gerais do velho oeste e no plano onde vemos a silhueta de certo personagem já no final do terceiro ato).

A trilha sonora de 1960 criada por Elmer Bernstein é tão marcante que entrou na história do cinema como uma das principais de filmes de faroeste. O brilhante James Horner (que infelizmente faleceu ano passado) ficou responsável pela trilha desta refilmagem de 2016. É perceptível a falta da trilha marcante durante essa nova adaptação. Não que esta seja ruim, mas não consegue criar uma atmosfera à altura dos clássicos de faroeste. Pelo menos, para a felicidade dos fãs, o tema de 1960 toca assim que os créditos finais começam a subir.

Sete Homens e Um Destino (2016) é uma ótima refilmagem que tem faroeste, comédia e ação em dosagens certas. Com diálogos, piadas e cenas, faz boas e merecidas homenagens ao filme de 1960. Promovendo, ainda, uma mensagem de paz, onde deve prevalecer o respeito cultural e racial entre os povos.

Nota do crítico: 4.0/5.0.

Por Henrique Xaxá.

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O Dublê – Crítica

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Estrelado por Ryan Gosling e Emily Blunt, O Dublê é uma comédia romântica pra macho. Sério, por ser a história de um dublê (Gosling) tentando reconquistar sua paixão, uma diretora em seu filme de estréia (Blunt), ele é repleto de cenas de ação e agrada a todos.

O filme circula a personagem Colt Stevens (Gosling) que é resgatado ao cargo de dublê e se mete em altas aventuras para resgatar Tom Ryder (Aaron Taylor-Johnson) que se meteu com uma turminha da pesada. E sim, essa descrição sessão da tarde define muito bem o filme: diversão garantida pro casal.

Ryan Gosling é Colt Seavers em O Dublê, dirigido por David Leitch

Dirigido por David Leitch (Trem Bala, Atômica) o filme já vem com um pedigree de filmes de ação de qualidade e é repleto de easter eggs para as séries de dublê dos anos 80 e 90. Fique atento para a trilha e efeitos sonoros! O roteiro é bem fechadinho, e encaixa bem cenas emotivas com perseguição de carro, explosões e até cachorros treinados.

Ryan Gosling carrega o filme nas costas (com uma grande ajuda da equipe de dublês), mas isso não ofusca as boas atuações do resto do elenco que em alguns lugares roubam merecidamente a cena. Emily Blunt dá a vida ao par romântico de Colt Stevens, Judy Moreno, e eleva o filme com uma personagem que todos amam já de início.

Hannah Waddingham como Gail Meyer está quase irreconhecível e entrega uma produtora de Hollywood fantástica. Já Tom Ryder é rapidamente odiado pela maravilhosa atuação de Aaron Taylor-Johnson. Não posso deixar de falar de Winston Duke (Pantera Negra, Nós) no papel de Dan Tucker que – além de distribuir bolachas – é um ótimo alívio cômico.

O Dublê é uma comédia romântica repleta de ação que vai agradar a todos os casais. Um filme divertido, leve, engraçado e emocionante na medida certa.

Avaliação: 5 de 5.
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