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Reviews e Análises

REVIEW – TURMA DA MÔNICA – LAÇOS É ENCANTADOR

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Finalmente o cinema nacional conseguiu. A melhor adaptação de quadrinhos de todos os tempos é de um filme nacional, acredite se quiser. Turma da Mônica- Laços, dirigido por Daniel Rezende, estreia no dia 27 de junho, mas já podemos afirmar que é o melhor filme infantil brasileiro.


Depois de mais de 60 anos de histórias no gibi, finalmente os personagens de Maurício de Sousa foram adaptados para as telonas. E o resultado não poderia ser melhor. Está tudo ali. Desde os planos infalíveis do Cebolinha, a fraqueza do Cascão ao enfrentar a água, a fome descomunal da Magali e a doçura encantadora da Mônica, a essência dos personagens foi transportada fielmente das páginas.



O figurino e a direção de arte é impecável, fazendo com que seja fácil de reconhecer não só os personagens principais, mas também os secundários como Xaveco, Titi, Aninha, Cascuda, e até mesmo as coisas que ficaram como “easter eggs” que vão deslumbrar todos os telespectadores.


O filme adapta a “graphic novel” de mesmo nome, lançada no selo Graphic MSP. Na história, o cachorro do Cebolinha é sequestrado e a turma se junta para tentar descobrir quem levou o bichinho e partem em missão de resgate. Mais gibi da Turma do que esse enredo, impossível!


De autoria dos irmãos Vitor e Lu Cafaggi, a adaptação do roteiro é bem pontual para fazer a história, simples porém de significado muito forte, funcionar de forma plena no cinema. E o faz de maneira melhor do que nos quadrinhos. A relação entre os personagens pode acontecer de forma mais direta e alguns momentos do filme servem para a introdução de personagens que tem ações significativas e que ajudam no desenvolvimento e conclusão da história.




O elenco principal brilha. Todas as crianças escolhidas parecem que nasceram para interpretar os personagens. Kevin Vechiatto interpreta Cebolinha com muita da sapequice do original, ao mesmo tempo trazendo uma dose extra de conexão com o público, quando sofre nas cenas em que sente falta de seu animalzinho de estimação.


Outro destaque fica para a escolha de Giulia Benite para a Mônica. A doçura da personagem está todinha nela, ao mesmo tempo em que consegue ser brava e destemida. Encantadora.




Mas quem arrebenta mesmo é o orquestrador Daniel Rezende. A sua direção precisa traduz todo o clima dos quadrinhos para a tela. O filme traz aquele jeitão de interior do Brasil, de molecagem na rua, de amizade, de vida feliz, mesmo na dificuldade. A fotografia ajuda a compor toda história e os momentos mais intimistas e em que os personagens precisam se unir ou entram em conflito fazem com que aquela lágrima marota brote no canto dos olhos.




O filme faz a gente voltar a ser criança. A lembrar quanto tempo não passamos da nossa vida curtinha as aventuras da turminha. O gosto de infância. Tudo no filme é bem cuidado e montado para isso.


Esse é o melhor filme nacional infantil de todos os tempos, indiscutivelmente. E um dos que mais nos dá orgulho de dizer que é brasileiro. Agora é aguardar as adaptações de outras obras da Graphic MSP, com ou sem a turminha. Afinal, temos o nosso  próprio multiverso de quadrinhos bem aqui. Quem precisa de Marvel ou DC?




Nota 5 de 5.

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A Hora da Estrela – Crítica

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Quando se é aficionado por livros é comum alguma mania: ler a última página, tentar não “quebrar” a lombada de calhamaços enquanto se lê ou usar qualquer coisa que estiver a mão como marcador de páginas. Eu coleciono primeiros parágrafos: escrevo em pequenos cadernos que guardo na estante junto com os volumes que lhes deram origem. Claro que existem os favoritos como o de Orgulho e Preconceito (“É uma verdade universalmente conhecida que um homem solteiro, possuidor de uma boa fortuna, deve estar necessitado de uma esposa.”) e Anna Karenina (“Todas as famílias felizes são iguais, mas cada família infeliz é infeliz à sua maneira.”), mas nenhum fala tanto ao meu coração quanto o de “A Hora da Estrela”:

Tudo no mundo começou com um sim. Uma molécula disse sim a outra molécula e nasceu a vida. Mas antes da pré-história havia a pré-história da pré-história e havia o nunca e havia o sim. Sempre houve. Não sei o quê, mas sei que o universo jamais começou.

Agora, se você nunca leu “A Hora da Estrela”, pode dar uma chance a obra da autora ucrano-brasileira Clarice Lispector assistindo a adaptação realizada em 1985 pela cineasta Suzana Amaral, que voltou aos cinemas no último 16 de maio em cópias restauradas digitalmente em 4K.

O longa conta a história da datilógrafa Macabéa (vivida magistralmente por Marcélia Cartaxo, ganhadora do Urso de Prata de melhor atuação em Berlim) uma migrante vai do Nordeste para São Paulo tentar a vida. Órfã, a personagem parece pedir perdão o tempo todo por estar viva, quase se desculpando por ter sobrevivido a sina dos pais. Macabéa é invisível, invisibilizada e desencaixada do mundo.

A interação com as outras personagens acentua o caráter de estranheza que Macabéa sente de sua realidade (“O que você acha dessa Macabéa, hein?” “Eu acho ela meio esquisita”) onde a proximidade física reservada a ela é oferecida apenas pelas viagens de metrô aos domingos.

As coisas parecem mudar quando ao mentir ao chefe – copiando sua colega de trabalho Glória – dizendo que no dia seguinte irá tirar um dente para, na verdade, tirar um dia de folga. Passeia pela cidade e encontra Olímpico (José Dumont) a quem passa a ver com frequência. Infelizmente, mesmo ele, não entende a inocência e esse desencaixe de Macabéa, deixando-a.

“A Hora da Estrela” de Suzana Amaral traz a estética da fome tão cara ao Cinema Novo de Glauber Rocha não apenas na falta, ressaltada em oposição as personagens que orbitam a curta vida de Macabéa, mas no desalento, no desamparo e, principalmente, no abandono que, quando negado em certa altura pela mentira esperançosa da cartomante charlatã (vivida por Fernanda Montenegro), culmina na estúpida tragédia que ocorre com a protagonista.

Se no começo de tudo, como disse Clarice, sempre houve o nunca e o sim, para Macabéa e os seus “sim senhor” o universo reservou apenas o grande não que Suzana Amaral captou como ninguém.

Nota 5 de 5

Avaliação: 5 de 5.
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Burburinho

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