Reviews e Análises
O Último Jogo – Crítica
A rivalidade brasileira e argentina é ainda mais forte nas cidades Belezura e Guapa, distantes 9 quilômetros uma da outra e cada uma em um país. Os times de futebol da mesma empresa nas duas cidades colocam toda a rivalidade em campo, e com o fechamento da fábrica no lado brasileiro um último jogo colocará fim na rixa das cidades.
O Último Jogo é o primeiro longa de ficção dirigido por Roberto Studart, documentarista conhecido pelos filmes Pra Lá do Mundo e Mad Dogs. Com roteiro baseado no romance El Fantasista do chileno Hernán Rivera Letelier.

Com uma fotografia linda, o filme segue a vida do vilarejo Belezura que revolve ao redor de duas coisas: a fábrica de móveis que vai fechar e o futebol contra a cidade vizinha. E agora que só resta um jogo, a cidade faz de tudo para ganhar a partida.
Com um roteiro muito bom que te leva a torcer pela cidade, o uso do narrador de futebol, atuação de qualidade e cortes que remetem a troca de rolos, o filme é um prazer de assistir.

O elenco entrega personagens complexos e críveis com facilidade e conta com os talentos de Pedro Lamin no papel de Califórnia o craque da cidade; Bruno Belarmino como Expedito, o Fantasista da Bola Branca; Betty Barco a Ruiva, Norberto Presta como Arlindo e Juliana Schalch como Lola.
Um filme leve, divertido que dá aquele calorzinho no peito tão necessário nos momentos de hoje.

Reviews e Análises
Lispectorante – Crítica

Lispectorante de Renata Pinheiro, diferente de outras produções baseadas na obra de Clarice Lispector – A Hora da Estrela (1985), de Suzana Amaral e A Paixão Segundo G.H. (2023) de Luiz Fernando Carvalho – não tem foco, especialmente, em nenhum texto da autora, mas consegue captar seu universo e soluciona o fluxo de consciência, característica primeira de sua literatura, através de cenas marcadas pelo fantástico.
Durante o longa acompanhamos Glória Hartman – uma artista plástica em crise, recém-divorciada e sem dinheiro – que retorna para sua terra natal, indo visitar sua tia Eva. Ao encontrar um guia de turismo com um grupo acaba interessando-se pelas informações sobre a casa de Clarice Lispector que, a partir daqui será o lugar do onírico e de profundas e solitárias discussões existenciais, preenchido por ruinas de um mundo apocalíptico.
Lispectorante, palavra inventada tradução do intraduzível, Oxe, pra mim listectorante é uma droga ilegal feita numa manhã de um Carnaval que se aproxima. Pra expectorar mágoas, prazeres, visgos e catarros num rio que vira charco
Entre o fazer artístico – sempre mostrado de forma fantástica, surrealista – e a necessidade de sustento, Glória se apaixona por Guitar, um artista de rua mais jovem com quem inicia um romance.
A escolha de Marcélia Cartaxo para viver Glória nos ajuda a encaixá-la no mundo de Clarice: é como se ela sempre tivesse estado ali, vivendo e sentindo todas aquelas subjetividades, mesmo sendo uma personagem de atitudes muito diferentes de Macabéa, que a atriz viveu em A Hora da Estrela. Glória é livre, mas seu momento de vida – uma mulher madura, recém-divorciada, sem dinheiro e em um “lance” com um homem mais jovem – nos remete as inseguranças de Macabéa – jovem, tímida e descobrindo o mundo. Ambas estão em transição!
Lispectorante é poético e tem um desfecho que não surpreende e nisso ele é excelente: não há outro caminho para o sentir do artista que as suas incertezas.
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