Reviews e Análises
Mulher Maravilha 1984 – Crítica
Centrado no preço que é cobrado de nós para alcançarmos os nossos desejos, Mulher Maravilha 1984 é um espetáculo de efeitos especiais. Patty Jenkings está de volta na direção do longa-metragem que traz de volta Gal Gadot no papel de Diana Prince/Mulher Maravilha e Chris Pine como seu par romântico, Steve Trevor. Kristen Wiig traz para as telonas Barbara Minerva, a Mulher Leopardo, e ela se mantém longe dos seus trejeitos espalhafatosos do Saturday Night Live e entrega uma vilã bastante crível (para um filme de herói). Pedro Pascal tira a armadura de beskar do Mandaloriano de Star Wars para interpretar Maxwell Lord, em uma versão bem distanciada do material original.

A história tenta contar muita coisa de uma só vez e tende a se perder aqui e ali, começando com memórias da infância da Diana que, apesar de muito bem executadas, não agregam muito para a trama geral. Em vários momentos o filme espelha o primeiro, invertendo o papel de Diana e Steve o que novamente acaba se estendendo demais em cenas que pouco agregam à história principal. Mas o filme entretém e, quando acerta, até emociona o público. Hans Zimmer também está de volta compondo a trilha sonora que, junto dos efeitos, ajuda a deixar a audiência vidrada na ação na tela. Uma pedida razoável de blockbuster para um ano tão pobre em opções.
Reviews e Análises
Lispectorante – Crítica

Lispectorante de Renata Pinheiro, diferente de outras produções baseadas na obra de Clarice Lispector – A Hora da Estrela (1985), de Suzana Amaral e A Paixão Segundo G.H. (2023) de Luiz Fernando Carvalho – não tem foco, especialmente, em nenhum texto da autora, mas consegue captar seu universo e soluciona o fluxo de consciência, característica primeira de sua literatura, através de cenas marcadas pelo fantástico.
Durante o longa acompanhamos Glória Hartman – uma artista plástica em crise, recém-divorciada e sem dinheiro – que retorna para sua terra natal, indo visitar sua tia Eva. Ao encontrar um guia de turismo com um grupo acaba interessando-se pelas informações sobre a casa de Clarice Lispector que, a partir daqui será o lugar do onírico e de profundas e solitárias discussões existenciais, preenchido por ruinas de um mundo apocalíptico.
Lispectorante, palavra inventada tradução do intraduzível, Oxe, pra mim listectorante é uma droga ilegal feita numa manhã de um Carnaval que se aproxima. Pra expectorar mágoas, prazeres, visgos e catarros num rio que vira charco
Entre o fazer artístico – sempre mostrado de forma fantástica, surrealista – e a necessidade de sustento, Glória se apaixona por Guitar, um artista de rua mais jovem com quem inicia um romance.
A escolha de Marcélia Cartaxo para viver Glória nos ajuda a encaixá-la no mundo de Clarice: é como se ela sempre tivesse estado ali, vivendo e sentindo todas aquelas subjetividades, mesmo sendo uma personagem de atitudes muito diferentes de Macabéa, que a atriz viveu em A Hora da Estrela. Glória é livre, mas seu momento de vida – uma mulher madura, recém-divorciada, sem dinheiro e em um “lance” com um homem mais jovem – nos remete as inseguranças de Macabéa – jovem, tímida e descobrindo o mundo. Ambas estão em transição!
Lispectorante é poético e tem um desfecho que não surpreende e nisso ele é excelente: não há outro caminho para o sentir do artista que as suas incertezas.
João Marcos Silva Bastos
28 de dezembro de 2020 at 15:47
3 estrelas é demais pra esse filme, talvez meia estrela fosse mais adequado, sem dúvidas o pior blockbuster de 2020. Não merece nem um podcast próprio, baconzintos foi generoso demais aqui, não sei se para manter a parceria do site com a Warner.