Reviews e Análises
Benedetta – Crítica

O mais recente filme de Paul Verhoeven (Robocop, Instinto Selvagem, entre outros) é mais um exemplo do tipo de filme que esse diretor holandês gosta de fazer: polêmico, sexual, violento. Assim como em todas as suas obras anteriores, o filme parte de uma premissa simples para depois ser desenvolvido um espectro maior de crítica, deboche e luxúria. E tem o objetivo de, principalmente, nunca se levar a sério demais.
O filme conta a história real de Benedetta Carlini, uma freira que viveu em um convento em Pescia, Itália, no século XVII. Baseado no livro Atos Impuros: A Vida de Uma Freira Lésbica na Itália da Renascença, de Judith Brown, o filme se aproveita de todos os temas polêmicos que poderiam envolver a história e exarcerba eles para chamar atenção. Então vai ter romance proibido entre duas mulheres, muita nudez, sexo com imagem da santa Virgem Maria transformado em consolo, sonhos libertinosos com Jesus crucificado, um emissário Papal com esposa grávida, ganância religiosa, peste negra, sinais divinos duvidosos, entre outros milhares de gatilhos para chocar as tias e tios do zap.
Mas se você assistir ao filme conhecendo o diretor, sabe que tudo ali não passa de zoação de Verhoeven. É feito com o intuito de contar uma piada. O CGI horrível de cobras demoníacas, Jesus cavaleiro com espada em punho, o próprio consolo, tudo é uma grande anedota para a própria diversão desse holandês maluco que faz esse tipo de ironia desde sempre. Mas mesmo depois de tirar sarro de tudo isso, ainda sobram do filme as excelentes atuações de Virginie Efira, Charlotte Rampling e Lambert Wilson.
O roteiro também consegue prender o espectador que tenta acompanhar tudo aquilo que acontece e determinar se tudo não passa de invencionice da tal Benedetta ou se há algo mais ali. Mas tenha certeza de que não é Verhoeven quem vai responder isso para o espectador.
Reviews e Análises
Lispectorante – Crítica

Lispectorante de Renata Pinheiro, diferente de outras produções baseadas na obra de Clarice Lispector – A Hora da Estrela (1985), de Suzana Amaral e A Paixão Segundo G.H. (2023) de Luiz Fernando Carvalho – não tem foco, especialmente, em nenhum texto da autora, mas consegue captar seu universo e soluciona o fluxo de consciência, característica primeira de sua literatura, através de cenas marcadas pelo fantástico.
Durante o longa acompanhamos Glória Hartman – uma artista plástica em crise, recém-divorciada e sem dinheiro – que retorna para sua terra natal, indo visitar sua tia Eva. Ao encontrar um guia de turismo com um grupo acaba interessando-se pelas informações sobre a casa de Clarice Lispector que, a partir daqui será o lugar do onírico e de profundas e solitárias discussões existenciais, preenchido por ruinas de um mundo apocalíptico.
Lispectorante, palavra inventada tradução do intraduzível, Oxe, pra mim listectorante é uma droga ilegal feita numa manhã de um Carnaval que se aproxima. Pra expectorar mágoas, prazeres, visgos e catarros num rio que vira charco
Entre o fazer artístico – sempre mostrado de forma fantástica, surrealista – e a necessidade de sustento, Glória se apaixona por Guitar, um artista de rua mais jovem com quem inicia um romance.
A escolha de Marcélia Cartaxo para viver Glória nos ajuda a encaixá-la no mundo de Clarice: é como se ela sempre tivesse estado ali, vivendo e sentindo todas aquelas subjetividades, mesmo sendo uma personagem de atitudes muito diferentes de Macabéa, que a atriz viveu em A Hora da Estrela. Glória é livre, mas seu momento de vida – uma mulher madura, recém-divorciada, sem dinheiro e em um “lance” com um homem mais jovem – nos remete as inseguranças de Macabéa – jovem, tímida e descobrindo o mundo. Ambas estão em transição!
Lispectorante é poético e tem um desfecho que não surpreende e nisso ele é excelente: não há outro caminho para o sentir do artista que as suas incertezas.
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