Reviews e Análises
Aldeotas

Uma peça feita para o olhar das câmeras. É isso. Teatro no cinema. E muito poético. Em resumo é isso. O que não significa que seja ruim. Muito pelo contrário. É uma obra excelente e premiada e tudo mais, mas pra cinema é filme de festival. Conceito demaaaais.

Direção e roteiro é assinado por Gero Camilo, e a gente sabe que ele é bom. Tem em seu currículo “Cidade de Deus” de 2002, “Carandiru” em 2003, e Assalto ao Banco Central, em 2011. Mas como roteirista e diretor sua façanha está mais no teatro mesmo. Os cenários são simples e como eles jogam com os sons para captar a criatividade do espectador. Aliás, palmas pra galera do som. Trabalho de câmera bonito e muito bem montado. Um drama que não perde o ritmo.
Já sobre atuação, Junto com Gero Camilo que interpreta Levi, que também atua, participa Marat Descartes (“O tempo e o Vento” de 2013, “A voz do Silêncio” de 2018)fazendo Elias, e só. Sim… Esse é o elenco e não falta. Minto, os efeitos sonoros são um personagem à parte. Porém os dois, trazem uma química muito boa, jogam o ritmo do espetáculo lá em cima. Não deixam cair e nem perdem o ritmo. Isso faz com que eu não desça a lenha no filme, enquanto filme.

O filme fala sobre a amizade e o desenvolvimento de dois amigos nascidos em uma cidade chamada Coti das Fuças, no interior nordestino. O filme começa nos apresentando um funeral e o retorno do amigo. Depois ele vai revisitando, através da atuação de Gero e Marat, as várias fases da infância e adolescência com todas as suas descobertas e problemas. Apenas na atuação! Bom, vou parar de falar por aqui senão eu entrego o ouro todo. E você devia assistir e tirar suas conclusões.
Essa crítica vai dar 2,5 de 5. Sendo bem generoso e lembrando que aqui não é festival.
O filme estreia dia 10 de Novembro na cidade de Fortaleza, e dia 17 de novembro nas demais cidades.
Reviews e Análises
Lispectorante – Crítica

Lispectorante de Renata Pinheiro, diferente de outras produções baseadas na obra de Clarice Lispector – A Hora da Estrela (1985), de Suzana Amaral e A Paixão Segundo G.H. (2023) de Luiz Fernando Carvalho – não tem foco, especialmente, em nenhum texto da autora, mas consegue captar seu universo e soluciona o fluxo de consciência, característica primeira de sua literatura, através de cenas marcadas pelo fantástico.
Durante o longa acompanhamos Glória Hartman – uma artista plástica em crise, recém-divorciada e sem dinheiro – que retorna para sua terra natal, indo visitar sua tia Eva. Ao encontrar um guia de turismo com um grupo acaba interessando-se pelas informações sobre a casa de Clarice Lispector que, a partir daqui será o lugar do onírico e de profundas e solitárias discussões existenciais, preenchido por ruinas de um mundo apocalíptico.
Lispectorante, palavra inventada tradução do intraduzível, Oxe, pra mim listectorante é uma droga ilegal feita numa manhã de um Carnaval que se aproxima. Pra expectorar mágoas, prazeres, visgos e catarros num rio que vira charco
Entre o fazer artístico – sempre mostrado de forma fantástica, surrealista – e a necessidade de sustento, Glória se apaixona por Guitar, um artista de rua mais jovem com quem inicia um romance.
A escolha de Marcélia Cartaxo para viver Glória nos ajuda a encaixá-la no mundo de Clarice: é como se ela sempre tivesse estado ali, vivendo e sentindo todas aquelas subjetividades, mesmo sendo uma personagem de atitudes muito diferentes de Macabéa, que a atriz viveu em A Hora da Estrela. Glória é livre, mas seu momento de vida – uma mulher madura, recém-divorciada, sem dinheiro e em um “lance” com um homem mais jovem – nos remete as inseguranças de Macabéa – jovem, tímida e descobrindo o mundo. Ambas estão em transição!
Lispectorante é poético e tem um desfecho que não surpreende e nisso ele é excelente: não há outro caminho para o sentir do artista que as suas incertezas.
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