Reviews e Análises
A Médium – Crítica

Com pinta de documentário, A Médium conta a história de Nim (Sawanee Utoomma), uma respeitada líder espiritual em uma pequena cidade na Tailândia. Aos poucos vamos descobrindo que ela recebe o espírito de uma divindade, e usa seu dom para curar as pessoas e proteger o vilarejo. A coisa começa a degringolar quando a divindade escolhe quem será sua receptora, mesmo que a pessoa não queira, e que as mulheres da família de Nim são sempre as escolhidas, passando a tradição de geração para geração. O problema é que quando chega a vez da irmã de Nim, ela recusa o chamado, que acaba passando para a sua filha Mink (Narilya Gulmongkolpech).
Só que ao invés de ser possuída pelo espírito bonzinho, Mink começa a receber um espírito maligno e a atormentar toda a família. E cabe à Nim preparar um ritual para expulsar esse outro ser de dentro de Mink. Tudo isso documentado por três ou quatro câmeras de alta qualidade, com visão noturna e o escambau.
No espírito dos filmes de terror de “found footage”, A Médium constrói a sua história tentando emular uma realidade, mas escorregando na verossimilhança quando resolve mostrar tudo. Apesar da competente direção de Banjong Pisanthanakun, o filme precisa que o espectador acredite que aquilo está acontecendo de verdade para funcionar. Só que para os olhos treinados a assistir documentários, logo no começo tudo soa muito falso. Os diálogos parecem ensaiados demais, os acontecimentos são muito convenientes e todo o mistério se perde quando o terror passa a ser mais gore e visual do que psicológico.
As atuações são caricatas quando não deveriam ser, o desespero dos personagens não parece real. E os acontecimentos que deveriam permanecer escondidos são escancarados ao público, levando ao óbvio e já esperado “jump scare”. Às vezes, menos é mais. Não mostrar e só inferir pode assustar mais do que simplesmente entregar de bandeja uma pessoa sendo atacada por um monstro.
Reviews e Análises
Lispectorante – Crítica

Lispectorante de Renata Pinheiro, diferente de outras produções baseadas na obra de Clarice Lispector – A Hora da Estrela (1985), de Suzana Amaral e A Paixão Segundo G.H. (2023) de Luiz Fernando Carvalho – não tem foco, especialmente, em nenhum texto da autora, mas consegue captar seu universo e soluciona o fluxo de consciência, característica primeira de sua literatura, através de cenas marcadas pelo fantástico.
Durante o longa acompanhamos Glória Hartman – uma artista plástica em crise, recém-divorciada e sem dinheiro – que retorna para sua terra natal, indo visitar sua tia Eva. Ao encontrar um guia de turismo com um grupo acaba interessando-se pelas informações sobre a casa de Clarice Lispector que, a partir daqui será o lugar do onírico e de profundas e solitárias discussões existenciais, preenchido por ruinas de um mundo apocalíptico.
Lispectorante, palavra inventada tradução do intraduzível, Oxe, pra mim listectorante é uma droga ilegal feita numa manhã de um Carnaval que se aproxima. Pra expectorar mágoas, prazeres, visgos e catarros num rio que vira charco
Entre o fazer artístico – sempre mostrado de forma fantástica, surrealista – e a necessidade de sustento, Glória se apaixona por Guitar, um artista de rua mais jovem com quem inicia um romance.
A escolha de Marcélia Cartaxo para viver Glória nos ajuda a encaixá-la no mundo de Clarice: é como se ela sempre tivesse estado ali, vivendo e sentindo todas aquelas subjetividades, mesmo sendo uma personagem de atitudes muito diferentes de Macabéa, que a atriz viveu em A Hora da Estrela. Glória é livre, mas seu momento de vida – uma mulher madura, recém-divorciada, sem dinheiro e em um “lance” com um homem mais jovem – nos remete as inseguranças de Macabéa – jovem, tímida e descobrindo o mundo. Ambas estão em transição!
Lispectorante é poético e tem um desfecho que não surpreende e nisso ele é excelente: não há outro caminho para o sentir do artista que as suas incertezas.
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QueIssoAssim 326 – A Barrigada do Trovão (Mad Max: Além da Cúpula do Trovão)
Lucas da Silva Biava
19 de maio de 2022 at 15:32
Achei o filme muito cruel e visceral. Ninguém acreditaria que é um documentário. Como filme de terror achei excelente. Pesado demais, mesmo para mim que tenho mais de 30 anos de filmes de terror.