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Benedetta – Crítica

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O mais recente filme de Paul Verhoeven (Robocop, Instinto Selvagem, entre outros) é mais um exemplo do tipo de filme que esse diretor holandês gosta de fazer: polêmico, sexual, violento. Assim como em todas as suas obras anteriores, o filme parte de uma premissa simples para depois ser desenvolvido um espectro maior de crítica, deboche e luxúria. E tem o objetivo de, principalmente, nunca se levar a sério demais.

O filme conta a história real de Benedetta Carlini, uma freira que viveu em um convento em Pescia, Itália, no século XVII. Baseado no livro Atos Impuros: A Vida de Uma Freira Lésbica na Itália da Renascença, de Judith Brown, o filme se aproveita de todos os temas polêmicos que poderiam envolver a história e exarcerba eles para chamar atenção. Então vai ter romance proibido entre duas mulheres, muita nudez, sexo com imagem da santa Virgem Maria transformado em consolo, sonhos libertinosos com Jesus crucificado, um emissário Papal com esposa grávida, ganância religiosa, peste negra, sinais divinos duvidosos, entre outros milhares de gatilhos para chocar as tias e tios do zap.

Mas se você assistir ao filme conhecendo o diretor, sabe que tudo ali não passa de zoação de Verhoeven. É feito com o intuito de contar uma piada. O CGI horrível de cobras demoníacas, Jesus cavaleiro com espada em punho, o próprio consolo, tudo é uma grande anedota para a própria diversão desse holandês maluco que faz esse tipo de ironia desde sempre. Mas mesmo depois de tirar sarro de tudo isso, ainda sobram do filme as excelentes atuações de Virginie Efira, Charlotte Rampling e Lambert Wilson.

O roteiro também consegue prender o espectador que tenta acompanhar tudo aquilo que acontece e determinar se tudo não passa de invencionice da tal Benedetta ou se há algo mais ali. Mas tenha certeza de que não é Verhoeven quem vai responder isso para o espectador.

Avaliação: 4 de 5.
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Ainda Estou Aqui – Crítica

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ainda estou aqui

Existem alguns filmes que ao assistirmos apenas os primeiros dez minutos já temos a percepção de estarmos diante de um clássico ou de uma obra-prima. É o caso de O Poderoso Chefão, por exemplo. Ou de Cidade de Deus, para trazer mais perto da nossa realidade brasileira. Não é o caso de Ainda Estou Aqui, novo filme de Walter Salles que chega aos cinemas dia 7 de novembro.

Não. Ainda Estou Aqui demora um pouco mais para percebermos que estamos diante de um dos melhores filmes brasileiros já feitos. E isso é fácil de entender, simplesmente porque a história é contada no tempo dela, sem pressa de acontecer. Mas quando você chegar na cena em que a personagem principal se vê presa, você não vai esquecer desse filme nunca mais na sua vida.

Baseado no livro de mesmo nome de Marcelo Rubens Paiva, o filme conta a história da família de Marcelo, que em 1970 passou pela traumatizante experiência de ter o pai, o ex-deputado e engenheiro Rubens Paiva, simplesmente levado arbitrariamente pela Ditadura Militar e nunca mais retornar.

Ainda Estou Aqui começa te estabelecendo como um observador da família. E como ele leva tempo para te mostrar todo o cotidiano e te apresenta os personagens aos poucos, o espectador vai se tornando parte daquele núcleo familiar. Quando as coisas vão ficando sinistras, você já está envolvido e consegue sentir a mesma angústia e desespero que a família sentiu.

Fernanda Torres está simplesmente deslumbrante como Eunice Paiva. Forte, aguerrida, destemida, o que essa mulher aguentou não foi brincadeira. E Fernanda transmite isso como nenhuma outra atriz seria capaz. Selton Mello interpreta Rubens Paiva com muita simpatia e tenacidade. Simples sem ser simplório. Você literalmente quer ser amigo dele.

O elenco da família, crianças e adolescentes também está simplesmente perfeito. Todos impecáveis, assim como todo o elenco de apoio. Destaque também para a ponta da diva Fernanda Montenegro, como a Eunice idosa que, em no máximo cinco minutos de tela e sem dizer uma palavra, mostra porque é a maior atriz de todos os tempos.

Com um roteiro muito bem escrito e uma direção impecável, aliados a uma fotografia perfeita, é impossível apontar qualquer defeito neste filme. Com uma temática ainda necessária nos dias de hoje, é um dever cívico assistir a Ainda Estou Aqui, o melhor filme de 2024, sem sombra de dúvida.

Nota 5 de 5

Avaliação: 5 de 5.
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Burburinho

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