Reviews e Análises
Judas e o Messias Negro – Crítica
Judas e o Messias Negro conta a história de como o FBI, sob o comando de J. Edgar Hoover, infiltrou informantes nos Panteras Negras para desestabilizar e assassinar seus líderes. No filme, o diretor Shaka King mostra de forma crua a realidade do movimento dos Panteras Negras e a ascensão do líder regional e sua traição por um informante infiltrado.
O filme conta com os talentos de Daniel Kaluuya como Fred Hamptom, vice-presidente do Partido dos Panteras Negras e LaKeith Stanfiled no papel de Bill O’Neal, um ladrão de carros que é coagido pelo agente do FBI Roy Mitchel (Jesse Plemons) a se infiltrar no partido.

É um filme forte, que coloca de forma clara como são realizadas as resistências à procura por direitos iguais. Mostra também o quão impotente é a pessoa comum para tentar mudar um sistema criado para mantê-la à sua margem, e a importância dos movimentos culturais na luta pelos direitos.
É um filme com uma mensagem maior que sua duração, que expõe a realidade, sem ter medo de reabrir a ferida e sem passar pano para ninguém.

Reviews e Análises
Lispectorante – Crítica

Lispectorante de Renata Pinheiro, diferente de outras produções baseadas na obra de Clarice Lispector – A Hora da Estrela (1985), de Suzana Amaral e A Paixão Segundo G.H. (2023) de Luiz Fernando Carvalho – não tem foco, especialmente, em nenhum texto da autora, mas consegue captar seu universo e soluciona o fluxo de consciência, característica primeira de sua literatura, através de cenas marcadas pelo fantástico.
Durante o longa acompanhamos Glória Hartman – uma artista plástica em crise, recém-divorciada e sem dinheiro – que retorna para sua terra natal, indo visitar sua tia Eva. Ao encontrar um guia de turismo com um grupo acaba interessando-se pelas informações sobre a casa de Clarice Lispector que, a partir daqui será o lugar do onírico e de profundas e solitárias discussões existenciais, preenchido por ruinas de um mundo apocalíptico.
Lispectorante, palavra inventada tradução do intraduzível, Oxe, pra mim listectorante é uma droga ilegal feita numa manhã de um Carnaval que se aproxima. Pra expectorar mágoas, prazeres, visgos e catarros num rio que vira charco
Entre o fazer artístico – sempre mostrado de forma fantástica, surrealista – e a necessidade de sustento, Glória se apaixona por Guitar, um artista de rua mais jovem com quem inicia um romance.
A escolha de Marcélia Cartaxo para viver Glória nos ajuda a encaixá-la no mundo de Clarice: é como se ela sempre tivesse estado ali, vivendo e sentindo todas aquelas subjetividades, mesmo sendo uma personagem de atitudes muito diferentes de Macabéa, que a atriz viveu em A Hora da Estrela. Glória é livre, mas seu momento de vida – uma mulher madura, recém-divorciada, sem dinheiro e em um “lance” com um homem mais jovem – nos remete as inseguranças de Macabéa – jovem, tímida e descobrindo o mundo. Ambas estão em transição!
Lispectorante é poético e tem um desfecho que não surpreende e nisso ele é excelente: não há outro caminho para o sentir do artista que as suas incertezas.
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