Reviews e Análises
Crítica – O Som do Silêncio
O nome original de O Som do Silêncio faz mais sentido, apesar da tradução não ser ruim. The Sound of Metal conta a história de um baterista chamado Rubem, interpretado com ódio e torpor por Riz Ahmed, que de um dia para outro acaba perdendo mais de 80% da audição dos dois ouvidos. Um tormento real para alguém que trabalha com música e precisa escutar bem para poder garantir o seu sustento. O filme então entra em um drama pesado para mostrar as agruras de você do nada se ver tanto sem um dos cinco sentidos humanos, quanto ver a sua vida toda perder o sentido e tentar reconstruí-la a duras penas. E ainda mete aí um histórico de drogas para apimentar a coisa toda.
O filme aborda a discussão filosófica sobre o porque coisas ruins acontecem com a gente e o quanto somos responsáveis por elas. E joga uma luz no tema de que até onde a gente tem que aceitar as coisas ruins que acontecem e nos adaptarmos a elas, ou até quando dá para a gente tentar reverter a situação. O drama vivido por Rubem em muitos momentos nos é empático, pois todo mundo já passou por momentos de dificuldades onde achou que tudo estava perdido. A história do filme adiciona camadas de drama com a responsabilidade de Rubem aumentada por conta da interdependência com sua parceira de banda e namorada Louise (interpretada pela ótima Olivia Cooke).
Destaca-se no filme a fotografia que dá um tom documental à obra, que faz com que tudo seja muito real. Também é imperativo comentar o brilhante trabalho de mixagem e edição de som do filme, que volta e meia nos coloca dentro da cabeça de Rubem e nos faz ouvir como ele escuta, muitas vezes um silêncio abafado, em outros tantos um silêncio completo e em determinados pontos com um som metalizado, aí a referência do título. Um filme dramático, pesado, monótono em alguns momentos, mas com excelentes atuações.
Reviews e Análises
Lispectorante – Crítica

Lispectorante de Renata Pinheiro, diferente de outras produções baseadas na obra de Clarice Lispector – A Hora da Estrela (1985), de Suzana Amaral e A Paixão Segundo G.H. (2023) de Luiz Fernando Carvalho – não tem foco, especialmente, em nenhum texto da autora, mas consegue captar seu universo e soluciona o fluxo de consciência, característica primeira de sua literatura, através de cenas marcadas pelo fantástico.
Durante o longa acompanhamos Glória Hartman – uma artista plástica em crise, recém-divorciada e sem dinheiro – que retorna para sua terra natal, indo visitar sua tia Eva. Ao encontrar um guia de turismo com um grupo acaba interessando-se pelas informações sobre a casa de Clarice Lispector que, a partir daqui será o lugar do onírico e de profundas e solitárias discussões existenciais, preenchido por ruinas de um mundo apocalíptico.
Lispectorante, palavra inventada tradução do intraduzível, Oxe, pra mim listectorante é uma droga ilegal feita numa manhã de um Carnaval que se aproxima. Pra expectorar mágoas, prazeres, visgos e catarros num rio que vira charco
Entre o fazer artístico – sempre mostrado de forma fantástica, surrealista – e a necessidade de sustento, Glória se apaixona por Guitar, um artista de rua mais jovem com quem inicia um romance.
A escolha de Marcélia Cartaxo para viver Glória nos ajuda a encaixá-la no mundo de Clarice: é como se ela sempre tivesse estado ali, vivendo e sentindo todas aquelas subjetividades, mesmo sendo uma personagem de atitudes muito diferentes de Macabéa, que a atriz viveu em A Hora da Estrela. Glória é livre, mas seu momento de vida – uma mulher madura, recém-divorciada, sem dinheiro e em um “lance” com um homem mais jovem – nos remete as inseguranças de Macabéa – jovem, tímida e descobrindo o mundo. Ambas estão em transição!
Lispectorante é poético e tem um desfecho que não surpreende e nisso ele é excelente: não há outro caminho para o sentir do artista que as suas incertezas.
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