Reviews e Análises
The Flash – Crítica

E lá vem o filme do Flash. E assim como Barry Allen, o alter-ego do herói que vive atrasado, o filme tem na conta mais de cinco anos de adiamentos, já que a primeira notícia sobre ele era de que seria lançado em 2017. Muito mudou de lá para cá. Seja para o bem ou para o mal. E, independente do que vier daqui pela frente pelas mãos de James Gunn, The Flash não pensa no futuro. Muito pelo contrário. Aqui, é o passado o que importa.
No começo do filme encontramos o herói (Ezra Miller) trabalhando no departamento de perícia da polícia de Central City, enquanto ajuda os outros heróis da Liga da Justiça em tarefas heroicas. Ao mesmo tempo, Barry tenta inocentar o pai, ainda acusado de ter matado a própria esposa. Lá pelas tantas, ele percebe que pode voltar no tempo e corrigir as coisas como aconteceram, sem atrapalhar muito a linha do tempo.
É claro que a aventura temporal não anda bem como ele gostaria e toda a linha do tempo é rearranjada. Apesar de consertar as coisas com os pais, as ações de Barry mudam muitos fatos do multiverso. Não vou detalhar mais para não estragar as possíveis surpresas. O que posso dizer é que o roteiro é intrincado e criativo na medida certa para alcançar fãs de quadrinhos, de cinema e de ficção-científica, sem ficar muito didático ou muito complexo.
A história vai para um lado que me surpreendeu e, apesar de render certas homenagens ao quadrinho “Ponto de Ignição”, uma das mais famosas do velocista escarlate, em outras difere tanto que fica difícil dizer que se basearam nela para escrever esse roteiro. Enfim, quem leu vai entender.
A direção de Andy Muschietti (It – A Coisa) tem um prisma bem interessante, com ideias muito boas para o uso da velocidade do Flash, sem muito abuso de câmeras lentas, apesar de ter ela várias vezes no decorrer do filme. Na hora de mostrar o Batman em ação, Muschietti capricha e deixa tudo muito mais épico. Ele realmente parece ter entendido o que é um filme de quadrinhos.
Antes de prosseguirmos com os elogios, vamos logo falar mal do que precisa ser falado. O CGI do filme está horroroso. Principalmente na sequência inicial. Em alguns momentos eu me senti assistindo ao terrível “Filho do Máskara” de tão ruim que é o negócio. Bebê digital não dá, né gente? Acredito que faltou orçamento aqui. As cenas também de “volta ao tempo” possuem um CGI horrível. Dava para terem pensado em uma ideia melhor se não podiam pagar uma equipe para consertar isso. Infelizmente esse CGI me tirou do filme em diversos momentos, o que acaba atrapalhando o bom desenvolvimento da história.
E olha que a história não é ruim. O roteiro com certeza é o mais bem humorado dos filmes da DC, mas é um humor realmente que vale a pena, não aquelas bobagens que colocaram no Liga da Justiça do Joss Whedon ou nos filmes do Shazam. Por incrível que pareça, Ezra Miller segura bem o texto e o humor físico, mesmo contracenando em quase 100% do filme com a cópia de si mesmo. E sim, o Barry adolescente é insuportável.
Todos já sabem, devido aos trailers, que lá pelas tantas aparece o Batman interpretado por Michael Keaton, que o viveu nos cinemas no final dos anos 80, nos filmes dirigidos por Tim Burton. Pois é importante dizer que essa é apenas a ponta do iceberg de um filme que olha com carinho para o passado da DC no cinema e tenta fazer uma homenagem da melhor maneira possível. Nem sempre satisfatória, nem sempre surpreendente, mas com certeza bem respeitosa.
A Supergirl de Sasha Calle poderia render momentos mais interessantes e perde força no último ato. Mas como o filme é do Flash, cabe a ele brilhar. E isso pelo menos devemos ser justos: apesar de nos trailers parecer que é o Batman quem vai resolver a coisa toda, o filme ainda é muito sobre o Flash e seus dilemas.

Para os fãs mais antigos tem easter eggs à vontade para aplacar a nostalgia. Muitos gratuitos, vários bem interessantes e alguns, em particular, bem surpreendentes. Mesmo assim, isso não se sobressai ao filme, que tem uma história para contar. Uma história sobre um herói por acidente chamado Barry Allen. Que só queria salvar a sua mãe e o seu pai. E essa é uma história bem bonita e emocionante.
PS: o filme tem uma cena lá no final, depois que subiram todos os créditos. É uma cena bem dispensável e eu só recomendo para quem é muito fã do Snyderverso ou para quem não tem mais o que fazer depois da sessão.
Reviews e Análises
Lispectorante – Crítica

Lispectorante de Renata Pinheiro, diferente de outras produções baseadas na obra de Clarice Lispector – A Hora da Estrela (1985), de Suzana Amaral e A Paixão Segundo G.H. (2023) de Luiz Fernando Carvalho – não tem foco, especialmente, em nenhum texto da autora, mas consegue captar seu universo e soluciona o fluxo de consciência, característica primeira de sua literatura, através de cenas marcadas pelo fantástico.
Durante o longa acompanhamos Glória Hartman – uma artista plástica em crise, recém-divorciada e sem dinheiro – que retorna para sua terra natal, indo visitar sua tia Eva. Ao encontrar um guia de turismo com um grupo acaba interessando-se pelas informações sobre a casa de Clarice Lispector que, a partir daqui será o lugar do onírico e de profundas e solitárias discussões existenciais, preenchido por ruinas de um mundo apocalíptico.
Lispectorante, palavra inventada tradução do intraduzível, Oxe, pra mim listectorante é uma droga ilegal feita numa manhã de um Carnaval que se aproxima. Pra expectorar mágoas, prazeres, visgos e catarros num rio que vira charco
Entre o fazer artístico – sempre mostrado de forma fantástica, surrealista – e a necessidade de sustento, Glória se apaixona por Guitar, um artista de rua mais jovem com quem inicia um romance.
A escolha de Marcélia Cartaxo para viver Glória nos ajuda a encaixá-la no mundo de Clarice: é como se ela sempre tivesse estado ali, vivendo e sentindo todas aquelas subjetividades, mesmo sendo uma personagem de atitudes muito diferentes de Macabéa, que a atriz viveu em A Hora da Estrela. Glória é livre, mas seu momento de vida – uma mulher madura, recém-divorciada, sem dinheiro e em um “lance” com um homem mais jovem – nos remete as inseguranças de Macabéa – jovem, tímida e descobrindo o mundo. Ambas estão em transição!
Lispectorante é poético e tem um desfecho que não surpreende e nisso ele é excelente: não há outro caminho para o sentir do artista que as suas incertezas.
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