Reviews e Análises
Reinfield: Dando o Sangue Pelo Seu Chefe – Crítica

Olha ele… toooodo Nicolas Cagezinho poderoso. O filme trata de forma muito leve um tema beeem pesado. E é possível perceber uma pegada independente, como que de produtora própria do Nicolas Cage. É perceptível que se divertiram bastante nessa produção e tem até uma citação de Renato Russo, uma linda referência ao Nosferatu, de 1931, e é preciso com detalhes da mitologia dos vampiros. Tem muito sangue, mas não tanto quanto tem de deboche.

O filme tem a direção de Chris McKay, mesmo de “LOGO Batman: o filme” de 2017 e “A guerra do amanhã” de 2021, e só isso já fala muito sobre a qualidade e humor desse filme. E sim, deixa a desejar um pouco. Tecnicamente o filme dá umas falhas, mas sabe quando são aquelas falhas bobas que você não se preocupa em cobrar porque não espera muito de um filme? Pois é. Uma piadinha que demonstra muito marcada, uma câmera que dá uma ajustadinha no ângulo durante o fim do movimento. Mas como você já está na vibe “vou me divertir”, isso acaba sendo relevado.
No roteiro temos as mãos de Ryan Ridley (10 episódios de “Rick and Morty” e 1 episódio de “Invencível”) e Robert Kirkman (101 episódios de “Fear the walking dead” e 12 de “Invencível”), ou seja, entendeu o porquê da história estar tão boa? Uma premissa muito boa, um desenvolvimento redondinho, falas muito bem escritas e divertidíssimas, um background denso demais porém super bem trabalhado. Esse roteiro é realmente elogiável. Divertido do início ao fim, e os pontos dramáticos não prejudicam o ritmo da história.

No elenco eu já senti uma falta de preparação em alguns momentos. Algumas mecanizações em momentos pontuais, um quase em outros. Mas como você compra o “vou me divertir” no começo, a cobrança passa batida. Para começar temos Nicolas Cage (“O senhor das armas” de 2005 e “O peso do talento” de 2022) como Drácula, e está excelente nessa construção. Nicholas Hoult (“X-man: Primeira Classe” de 2011 e “Mad Max: Estrada da fúria” de 2015) como Reinfield, e apresenta um trabalho muito bom. Awkwafina (“8 mulheres e um segredo” de 2018 e “Podres de Ricos” de 2018) como Rebecca, e aqui já deixa a desejar um pouco. Temos também Ben Schwartz como Tedward Lobo, Shohreh Aghdashloo como BellaFrancesca Lobo, Mãe e filho e líderes da maior máfia da cidade. Olha a atuação, de forma geral, não está excelente, mas diverte muito bem.

Mas sobre o que a história mesmo? Ahhh te digo já. Reinfield, o servo do Drácula, está com um pequeno problema de relação abusiva com seu patrão. Para atender a missão de recolher alimento para o chefe, ele acaba entrando em um grupo de apoio para pessoas que precisam se livrar de relacionamentos abusivos. Enquanto isso, a gangue familiar mais poderosa da cidade, Os Lobos, está tendo problemas com o herdeiro fanfarrão de nome Tedward e uma policial, Rebecca, está cheia de desejo de vingancinha no coração. Essa policial conhece Reinfield e rola um climinha, o problema é que Drácula não gostou dessa falta de dedicação do servo e vai criar altas confusões. Mas não vou falar mais pois quero que você realmente vá se divertir e me conte aqui o que achou.
Essa crítica da 2,5 de 5 para o filme.
O filme estreia dia 04 de maio nos cinemas.
Reviews e Análises
Lispectorante – Crítica

Lispectorante de Renata Pinheiro, diferente de outras produções baseadas na obra de Clarice Lispector – A Hora da Estrela (1985), de Suzana Amaral e A Paixão Segundo G.H. (2023) de Luiz Fernando Carvalho – não tem foco, especialmente, em nenhum texto da autora, mas consegue captar seu universo e soluciona o fluxo de consciência, característica primeira de sua literatura, através de cenas marcadas pelo fantástico.
Durante o longa acompanhamos Glória Hartman – uma artista plástica em crise, recém-divorciada e sem dinheiro – que retorna para sua terra natal, indo visitar sua tia Eva. Ao encontrar um guia de turismo com um grupo acaba interessando-se pelas informações sobre a casa de Clarice Lispector que, a partir daqui será o lugar do onírico e de profundas e solitárias discussões existenciais, preenchido por ruinas de um mundo apocalíptico.
Lispectorante, palavra inventada tradução do intraduzível, Oxe, pra mim listectorante é uma droga ilegal feita numa manhã de um Carnaval que se aproxima. Pra expectorar mágoas, prazeres, visgos e catarros num rio que vira charco
Entre o fazer artístico – sempre mostrado de forma fantástica, surrealista – e a necessidade de sustento, Glória se apaixona por Guitar, um artista de rua mais jovem com quem inicia um romance.
A escolha de Marcélia Cartaxo para viver Glória nos ajuda a encaixá-la no mundo de Clarice: é como se ela sempre tivesse estado ali, vivendo e sentindo todas aquelas subjetividades, mesmo sendo uma personagem de atitudes muito diferentes de Macabéa, que a atriz viveu em A Hora da Estrela. Glória é livre, mas seu momento de vida – uma mulher madura, recém-divorciada, sem dinheiro e em um “lance” com um homem mais jovem – nos remete as inseguranças de Macabéa – jovem, tímida e descobrindo o mundo. Ambas estão em transição!
Lispectorante é poético e tem um desfecho que não surpreende e nisso ele é excelente: não há outro caminho para o sentir do artista que as suas incertezas.
-
Livros em Cartaz3 semanas ago
Livros em Cartaz 074 – Pedro Páramo
-
QueIssoAssim2 semanas ago
QueIssoAssim 325 – Operação Documentário – Um papo com Rodrigo Astiz
-
Notícias3 semanas ago
Nova série do Disney+ sobre Jean Charles com participação de atriz paulistana Carolina Baroni
-
CO22 semanas ago
CO2 358 – O Resgate Duplo e o Contrabando