Reviews e Análises
Pureza – Crítica
Nos anos 90, Dona Pureza (Dira Paes) é uma mãe solo que cria sua família em Bacabal, no Maranhão. O sustento vem da manufatura de tijolos com seu filho Abel, até que este decide tentar a sorte nos garimpos da Amazônia. Depois de meses sem notícias do filho, Pureza vai a sua procura e descobre a perversidade nas fazendas da região.
Pureza é um filme pesado por mostrar o trabalho escravo que ainda existe hoje por todo o Brasil; é um filme sensível ao mostrar o desespero e a luta de uma mulher para encontrar seu filho “perdido no mundo”; e é um filme chocante ao nos mostrar que trabalho escravo e o tráfico de pessoas não só existe ainda, mas como se agravou nos últimos anos.
Dira Paes está fenomenal no papel de Pureza, que junta forças pra desafiar “até com o diabo no inferno” se for pra salvar o filho. O elenco conta ainda com Matheus Abreu, Mariana Nunes, Claudio Barros, Sérgio Sartório, Flávio Bauraqui que, aliados ao roteiro de Renato Barbieri e Marcus Ligocki, roubam a atenção da plateia e entregam uma série de emoções que mostram uma verdade não distante do que vivemos hoje.
Vale ainda destacar a fotografia do filme que captura muito bem as paisagens, as locações e muda de forma certeira quando precisa mostrar as emoções das personagens. Pureza é um filme maravilhoso que joga um holofote em um grande crime que perdura ainda nos dias de hoje.
Reviews e Análises
Ainda Estou Aqui – Crítica
Existem alguns filmes que ao assistirmos apenas os primeiros dez minutos já temos a percepção de estarmos diante de um clássico ou de uma obra-prima. É o caso de O Poderoso Chefão, por exemplo. Ou de Cidade de Deus, para trazer mais perto da nossa realidade brasileira. Não é o caso de Ainda Estou Aqui, novo filme de Walter Salles que chega aos cinemas dia 7 de novembro.
Não. Ainda Estou Aqui demora um pouco mais para percebermos que estamos diante de um dos melhores filmes brasileiros já feitos. E isso é fácil de entender, simplesmente porque a história é contada no tempo dela, sem pressa de acontecer. Mas quando você chegar na cena em que a personagem principal se vê presa, você não vai esquecer desse filme nunca mais na sua vida.
Baseado no livro de mesmo nome de Marcelo Rubens Paiva, o filme conta a história da família de Marcelo, que em 1970 passou pela traumatizante experiência de ter o pai, o ex-deputado e engenheiro Rubens Paiva, simplesmente levado arbitrariamente pela Ditadura Militar e nunca mais retornar.
Ainda Estou Aqui começa te estabelecendo como um observador da família. E como ele leva tempo para te mostrar todo o cotidiano e te apresenta os personagens aos poucos, o espectador vai se tornando parte daquele núcleo familiar. Quando as coisas vão ficando sinistras, você já está envolvido e consegue sentir a mesma angústia e desespero que a família sentiu.
Fernanda Torres está simplesmente deslumbrante como Eunice Paiva. Forte, aguerrida, destemida, o que essa mulher aguentou não foi brincadeira. E Fernanda transmite isso como nenhuma outra atriz seria capaz. Selton Mello interpreta Rubens Paiva com muita simpatia e tenacidade. Simples sem ser simplório. Você literalmente quer ser amigo dele.
O elenco da família, crianças e adolescentes também está simplesmente perfeito. Todos impecáveis, assim como todo o elenco de apoio. Destaque também para a ponta da diva Fernanda Montenegro, como a Eunice idosa que, em no máximo cinco minutos de tela e sem dizer uma palavra, mostra porque é a maior atriz de todos os tempos.
Com um roteiro muito bem escrito e uma direção impecável, aliados a uma fotografia perfeita, é impossível apontar qualquer defeito neste filme. Com uma temática ainda necessária nos dias de hoje, é um dever cívico assistir a Ainda Estou Aqui, o melhor filme de 2024, sem sombra de dúvida.
Nota 5 de 5
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