Reviews e Análises
O Homem do Norte – Crítica

O Homem do Norte (The Northman) conta a história de Amleth (Alexander Skarsgard) príncipe de uma tribo de vikings nos anos 900 depois de Cristo. Quando criança, ele testemunha o assassinato do rei Aurvandil (Ethan Hawke) pelas mãos de seu tio Fjölnir (Claes Bang). Ao ser perseguido, consegue fugir para jurar retornar um dia e vingar seu pai e salvar sua mãe (Nicole Kidman).
Assim como todos os trabalhos anteriores do diretor Robert Eggers, a realidade se mistura com a fantasia e o horror. Sempre usando e abusando de uma fotografia soberba, Eggers conta uma história em que não é muito fácil discernir até onde foi a realidade e até onde tudo não é uma fantasia do protagonista, onde a bruxaria não passa de uma coincidência feliz ou infeliz.

Violento, cru, nojento, gráfico. As cenas de mortes são marcantes e por muitas vezes não poupam o espectador mais sensível. Em outros momentos percebe-se que o diretor queria ir mais longe mas foi segurado ou por uma auto-crítica ou por um estúdio zeloso. As atuações de todo o elenco estão incríveis. Além dos já citados, temos ainda Willem Dafoe, e Anya Taylor-Joy em papéis importantes.
Infelizmente, a coisa mais importante do filme não é tão forte assim: o roteiro. Com uma trama simples de vingança, o texto traz poucos pontos de virada e nenhuma surpresa para os espectadores mais vividos nesse tipo de história. Traições e decepções, redenções e sacrifícios são esperados e entregues de forma muito simples, sem nada de original. O filme vale mesmo é pelo espetáculo visual e pelas atuações.
Reviews e Análises
Lispectorante – Crítica

Lispectorante de Renata Pinheiro, diferente de outras produções baseadas na obra de Clarice Lispector – A Hora da Estrela (1985), de Suzana Amaral e A Paixão Segundo G.H. (2023) de Luiz Fernando Carvalho – não tem foco, especialmente, em nenhum texto da autora, mas consegue captar seu universo e soluciona o fluxo de consciência, característica primeira de sua literatura, através de cenas marcadas pelo fantástico.
Durante o longa acompanhamos Glória Hartman – uma artista plástica em crise, recém-divorciada e sem dinheiro – que retorna para sua terra natal, indo visitar sua tia Eva. Ao encontrar um guia de turismo com um grupo acaba interessando-se pelas informações sobre a casa de Clarice Lispector que, a partir daqui será o lugar do onírico e de profundas e solitárias discussões existenciais, preenchido por ruinas de um mundo apocalíptico.
Lispectorante, palavra inventada tradução do intraduzível, Oxe, pra mim listectorante é uma droga ilegal feita numa manhã de um Carnaval que se aproxima. Pra expectorar mágoas, prazeres, visgos e catarros num rio que vira charco
Entre o fazer artístico – sempre mostrado de forma fantástica, surrealista – e a necessidade de sustento, Glória se apaixona por Guitar, um artista de rua mais jovem com quem inicia um romance.
A escolha de Marcélia Cartaxo para viver Glória nos ajuda a encaixá-la no mundo de Clarice: é como se ela sempre tivesse estado ali, vivendo e sentindo todas aquelas subjetividades, mesmo sendo uma personagem de atitudes muito diferentes de Macabéa, que a atriz viveu em A Hora da Estrela. Glória é livre, mas seu momento de vida – uma mulher madura, recém-divorciada, sem dinheiro e em um “lance” com um homem mais jovem – nos remete as inseguranças de Macabéa – jovem, tímida e descobrindo o mundo. Ambas estão em transição!
Lispectorante é poético e tem um desfecho que não surpreende e nisso ele é excelente: não há outro caminho para o sentir do artista que as suas incertezas.
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