Reviews e Análises
Liga da Justiça de Zack Snyder – Crítica
Depois de 5 anos, a novela do infame Snydercut chega ao fim. Para quem nunca se ligou na história, o diretor Zack Snyder teve problemas ao finalizar a sua versão de Liga da Justiça em 2017, e acabou se afastando do projeto ao passar por um trauma familiar. A Warner Bros acabou decidindo por contratar o diretor Joss Whedon (Vingadores) para “dar um jeito” e finalizar o filme para que pudesse ser passado nos cinemas e o prejuízo não ficasse tão grande. Infelizmente não deu certo. O filme foi mau recebido por crítica, fãs e detratores e acabou indo mal nas bilheterias.
Os fãs de quadrinhos reclamavam da abordagem errada aos personagens da DC. Já os fãs de Snyder reclamavam que o filme que foi aos cinemas não estava completo. Mais recentemente os próprios atores gritaram que sofreram abusos e assédios na mão do novo diretor. Enfim, só a história envolvendo a realização do filme daria uma novela. Mas hoje, depois de pressão dos fãs na internet e uma grana para filmagens complementares, a Warner lançou a versão definitiva do filme da Liga da Justiça.
Boa notícia para os fãs de Snyder, mas péssima para aqueles que o odeiam. O filme tem excruciantes 4 horas de duração, o que acaba tornando-o uma aberração. Não é um filme, não é uma série, tem formato 4:3, o que parece ser feito para a TV de tubo; e é dividido em capítulos. Inicialmente um filme, depois editado pra ser série, voltou a ser filme. Como lançar isso nos cinemas? Comercialmente impossível. O espectador comum não assistiria. Então a jogada da Warner me parece acertada: é um filme para os fãs do Snyder. Tudo o que eles gostam está lá: explosões, câmeras lentas intermináveis, uma fotografia belíssima, heróis e heroínas musculosos e uma história simples, porém prolixa.
Não se enganem. A história é a mesma do filme que foi retalhado e enviado para os cinemas em 2017. Depois da morte de Superman, Batman resolve reunir os heróis da Terra para enfrentarem uma ameaça que está chegando. Lobo da Estepe, caixas maternas, brigas com os heróis do passado, com os heróis do presente, piadinhas do Flash, tudo está aqui de novo, só que com algumas pequenas ou grandes mudanças que, no final das contas, fazem com que a história chegue ao mesmo final. O que realmente vale dessa vez é a possibilidade de ver um desenvolvimento dos personagens que ficaram pouco desenvolvidos no filme anterior como o Ciborgue, fundamental para o desenvolvimento da história completa, e o próprio Flash. Até o Aquaman ganha um pouquinho mais de desenvolvimento.
Infelizmente o filme também tem as piores coisas de Snyder: “melhorar” os personagens para que fiquem mais ao seu gosto e encher o filme de “fan services” que ele mesmo não entende o que são ou como aproveitá-los para o desenrolar da trama. Mas o diretor é malandro. Um epílogo abre as possibilidades para o desenvolvimento de um novo filme, com supervilões clássicos, a volta da ameaça espacial e até mesmo alianças improváveis em um futuro distópico e sombrio. A ideia de Snyder fica óbvia: jogar para os fãs para que pressionem a Warner para que ele possa terminar de contar a sua história em uma sequência. Cabe aos seus fãs fazerem barulho e torcer para dar certo. E aos detratores de Snyder, torcer para que ninguém os ouça.
Reviews e Análises
Lispectorante – Crítica

Lispectorante de Renata Pinheiro, diferente de outras produções baseadas na obra de Clarice Lispector – A Hora da Estrela (1985), de Suzana Amaral e A Paixão Segundo G.H. (2023) de Luiz Fernando Carvalho – não tem foco, especialmente, em nenhum texto da autora, mas consegue captar seu universo e soluciona o fluxo de consciência, característica primeira de sua literatura, através de cenas marcadas pelo fantástico.
Durante o longa acompanhamos Glória Hartman – uma artista plástica em crise, recém-divorciada e sem dinheiro – que retorna para sua terra natal, indo visitar sua tia Eva. Ao encontrar um guia de turismo com um grupo acaba interessando-se pelas informações sobre a casa de Clarice Lispector que, a partir daqui será o lugar do onírico e de profundas e solitárias discussões existenciais, preenchido por ruinas de um mundo apocalíptico.
Lispectorante, palavra inventada tradução do intraduzível, Oxe, pra mim listectorante é uma droga ilegal feita numa manhã de um Carnaval que se aproxima. Pra expectorar mágoas, prazeres, visgos e catarros num rio que vira charco
Entre o fazer artístico – sempre mostrado de forma fantástica, surrealista – e a necessidade de sustento, Glória se apaixona por Guitar, um artista de rua mais jovem com quem inicia um romance.
A escolha de Marcélia Cartaxo para viver Glória nos ajuda a encaixá-la no mundo de Clarice: é como se ela sempre tivesse estado ali, vivendo e sentindo todas aquelas subjetividades, mesmo sendo uma personagem de atitudes muito diferentes de Macabéa, que a atriz viveu em A Hora da Estrela. Glória é livre, mas seu momento de vida – uma mulher madura, recém-divorciada, sem dinheiro e em um “lance” com um homem mais jovem – nos remete as inseguranças de Macabéa – jovem, tímida e descobrindo o mundo. Ambas estão em transição!
Lispectorante é poético e tem um desfecho que não surpreende e nisso ele é excelente: não há outro caminho para o sentir do artista que as suas incertezas.
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Felipe Trindade
21 de março de 2021 at 08:27
Excelente análise, Brunão. E pra completar,nacho um absurdo aqui no Brasil que ainda não tem HBO MAX quererem cobrar 50 reais para vermos fundamental o mesmo filme.
Simz ele está melhor que a versão original (agora obsoleta), mas com 4 horas se duração e 3 anos de comentários, especulação e discussão de internet pra te validar sobre o que fazer ou não, é obrigação que seja melhor que o anterior. Eles “acertaram” na base da tentativa e erro.
Mas como vc mesmo escreveu, alguns dos principais erros que sempre estiveram presentes e são culpa do Snyder continuam lá. Parece um grande exercício de auto elogio por se achar o cara mais foda,.com cenas plasticamente lindas mas que não resolvem nada, não andam com a trama e não desenvolvem personagens. É a puta estética rola estética.
Anderson
22 de março de 2021 at 07:57
Eu discordo de muita coisa. Não sou fã de quadrinhos e nem do diretor, e gostei muito do filme. Aquelas piadinhas desnecessárias não tem mais, é uma ou duas do Flash ficaram bem colocadas. A história é completa, os personagens ficaram mais sérios, e vimos como o Superman poderia vencer fácil o Batman se ele quisesse. Eu gostei mais do vilão, mostrou mais impiedoso, o filme teve mais violência. O Flash e o Ciborgue tiveram um papel realmente mais significativo. Mas respeito a opinião de quem não gostou, apenas não concordo. Mas grande abraço a todos.