Reviews e Análises
Elementos – Crítica
Fiquei com muitas perguntas, mas o filme foi melhor do que eu esperava. Essa é a vantagem de ir com a expectativa baixa. Pelo menos visualmente o filme está valendo muito a pena. O demais é um romance inter-racial fofo. Pronto: Romance inter-racial fofo.
Essa animação tem a direção de Peter Sohn, mesmo de “O bom dinossauro” de 2015, e tem uma fotografia interessante, uma construção de cenografia e caracterização interessante. Enquanto animação, também não tem muito o que criticar, não. A animação está bem feita e renderizada, e dinâmica e peso muito boas. Então sim a direção está muito boa.
Já o roteiro, que é de John Hoberg, Kat Likkel e Brenda Hsueh, Tem uma premissa muito boa, muita coisa boa que poderia ser explorada, porém ficou no raso. A impressão que fica é que é escrita para crianças de até 10 anos, porém traz a realidade de uma jovem adulta. Falas bobas, de uma inocência que não condiz com a proposta dos personagens. Temas transversais que poderiam ser explorados, não foram. Enfim, o filme é sobre um romance e é isso. Muito potencial e pouca exploração.
Sobre os personagens, temos os seguintes dubladores: Como Ember ou Faísca temos Leah Lewis/ Luiza Porto, como Wade ou gota temos Mamoudou Athie/ Dlágelles Silva, como Bernie ou Brasa (Pai de Ember) temos Ronnie Del Carmen/ André Mattos, Como Cinder ou Fagulha (mãe de Ember) temos Shila Ommi/ Marisa Orth, Gale ou Névoa temos Wendy McLendon-Covey e Senhora Rippler (Mãe de Gota) temos Catherine O’Hara/ Giovanna Antonelli. Bom, sobre os personagens estão bem dublados, O estúdio brasileiro realmente fez um trabalho muito competente.
O filme conta a história da família Lumen, família de Faísca, que sai da terra do fogo e vai morar na cidade elemento. A cidade elemento é uma cidade onde todos os elementos vivem em paz dentro de seus espaços. Só existe uma regra: Elementos não se misturam. A família Lumen chega, se estabelece, e acaba sendo alguns dos primeiros do elemento fogo, naquele bairro. Abrem um mercado e criam ali a sua filha. Quando a filha já está em uma fase quase adulta, um problema na tubulação (que deveria estar desativada) acaba desaguando Gota no porão da loja. Gota é um fiscal da prefeitura e acaba multando o estabelecimento por irregularidades na construção. Esse encontro e essas multas acabam gerando motivos pra Gota e Faísca se encontrarem algumas vezes e isso vai ativando coisa neles. Mas elementos não se misturam. Lembram? Será que eles obedecem isso? Vou deixar essa pergunta no ar e espero saber de vocês o que acharam.
Essa crítica da nota 3 de 5 para esse filme, sendo generoso.
O filme estreia dia 22 de Junho nos cinemas.
Reviews e Análises
Ainda Estou Aqui – Crítica
Existem alguns filmes que ao assistirmos apenas os primeiros dez minutos já temos a percepção de estarmos diante de um clássico ou de uma obra-prima. É o caso de O Poderoso Chefão, por exemplo. Ou de Cidade de Deus, para trazer mais perto da nossa realidade brasileira. Não é o caso de Ainda Estou Aqui, novo filme de Walter Salles que chega aos cinemas dia 7 de novembro.
Não. Ainda Estou Aqui demora um pouco mais para percebermos que estamos diante de um dos melhores filmes brasileiros já feitos. E isso é fácil de entender, simplesmente porque a história é contada no tempo dela, sem pressa de acontecer. Mas quando você chegar na cena em que a personagem principal se vê presa, você não vai esquecer desse filme nunca mais na sua vida.
Baseado no livro de mesmo nome de Marcelo Rubens Paiva, o filme conta a história da família de Marcelo, que em 1970 passou pela traumatizante experiência de ter o pai, o ex-deputado e engenheiro Rubens Paiva, simplesmente levado arbitrariamente pela Ditadura Militar e nunca mais retornar.
Ainda Estou Aqui começa te estabelecendo como um observador da família. E como ele leva tempo para te mostrar todo o cotidiano e te apresenta os personagens aos poucos, o espectador vai se tornando parte daquele núcleo familiar. Quando as coisas vão ficando sinistras, você já está envolvido e consegue sentir a mesma angústia e desespero que a família sentiu.
Fernanda Torres está simplesmente deslumbrante como Eunice Paiva. Forte, aguerrida, destemida, o que essa mulher aguentou não foi brincadeira. E Fernanda transmite isso como nenhuma outra atriz seria capaz. Selton Mello interpreta Rubens Paiva com muita simpatia e tenacidade. Simples sem ser simplório. Você literalmente quer ser amigo dele.
O elenco da família, crianças e adolescentes também está simplesmente perfeito. Todos impecáveis, assim como todo o elenco de apoio. Destaque também para a ponta da diva Fernanda Montenegro, como a Eunice idosa que, em no máximo cinco minutos de tela e sem dizer uma palavra, mostra porque é a maior atriz de todos os tempos.
Com um roteiro muito bem escrito e uma direção impecável, aliados a uma fotografia perfeita, é impossível apontar qualquer defeito neste filme. Com uma temática ainda necessária nos dias de hoje, é um dever cívico assistir a Ainda Estou Aqui, o melhor filme de 2024, sem sombra de dúvida.
Nota 5 de 5
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