Reviews e Análises
Dica de Filme – A Mentira (Netflix)

Filme: A Mentira (Easy A)
Ano de lançamento: 2010
Roteiro: Bert V. Royal
Direção: Will Gluck
Elenco principal: Emma Stone, Amanda Bynes, Penn Badgley

Sabe aquele tipo de filme que você não dá nada por ele e acaba se surpreendendo? Inclusive é aquele tipo de entretenimento que você negligenciou e empurrou com a barriga dizendo “ah, depois eu vejo” e aí depois assiste e se arrepende de ter feito isso por tanto tempo? Pois é. Esse é o caso de “A Mentira” na minha vida.
O filme conta a história de Olive (Emma Stone), uma simples adolescente do ensino médio, que mente para uma amiga de que perdeu a virgindade. Marianne (Amanda Bynes), outra adolescente que estava no banheiro no momento da revelação e é de um grupo religioso conservador do ensino médio, escuta a conversa e espalha essa mentira para toda a escola. O que acaba fazendo com que a fama de vadia e vagabunda cole em Olive.
Só que Olive é uma garota descolada, nada preocupada com o que vão pensar dela e resolve usar essa infâmia como arma para se tornar uma das pessoas mais populares da escola. Ela assume o papel de vadia, e para ela, quanto mais vadia melhor. Com a fama aumentando, ela começa a meio que trocar favores com os garotos pouco populares da escola.
O primeiro que vem lhe pedir o favor é Brandon (Dan Byrd). Brandon é perseguido pelos valentões do colégio por ser homossexual e está cansado disso e resolve pedir a Olive que apareça acompanhada dele na festa de uma menina popular e simulem uma transa. Dessa forma, Olive ficaria mais popular e os “bullies” deixariam de pegar no pé de Brandon.

A coisa daí pra frente vai escalonando, com outros personagens pedindo ajuda de Olive e a mentira só vai aumentando, até o ponto em que as coisas fogem do controle dela e ela queira voltar atrás e não consiga. Com algumas reviravoltas inesperadas na história, o roteiro de “A Mentira” é bem redondinho e é impossível não ficar querendo saber como aquilo tudo vai terminar.
Com diversas referências ao legado do diretor e roteirista John Hughes, o rei das comédias adolescentes dos anos 80, o filme usa frases de Ferris Bueller e homenageia cenas de clássicos como “Gatinhas e Gatões”, “Clube dos Cinco”, entre outros. E com sucesso consegue entrar na mesma lista de filmes sobre essa fase da vida que merecem estar entre, se não os melhores, os mais divertidos.
O filme tem ainda no elenco pessoas do calibre de Stanley Tucci e Patricia Clarkson que fazem os pais de Olive, além de Thomas Hayden Church, Lisa Kudrow, Fred Armisen e Malcolm McDowell.
É o tipo de filme bom de ver no streaming: não é muito longo, uma história interessante, um bom elenco, um pé na nostalgia e, principalmente, divertido.
Reviews e Análises
Lispectorante – Crítica

Lispectorante de Renata Pinheiro, diferente de outras produções baseadas na obra de Clarice Lispector – A Hora da Estrela (1985), de Suzana Amaral e A Paixão Segundo G.H. (2023) de Luiz Fernando Carvalho – não tem foco, especialmente, em nenhum texto da autora, mas consegue captar seu universo e soluciona o fluxo de consciência, característica primeira de sua literatura, através de cenas marcadas pelo fantástico.
Durante o longa acompanhamos Glória Hartman – uma artista plástica em crise, recém-divorciada e sem dinheiro – que retorna para sua terra natal, indo visitar sua tia Eva. Ao encontrar um guia de turismo com um grupo acaba interessando-se pelas informações sobre a casa de Clarice Lispector que, a partir daqui será o lugar do onírico e de profundas e solitárias discussões existenciais, preenchido por ruinas de um mundo apocalíptico.
Lispectorante, palavra inventada tradução do intraduzível, Oxe, pra mim listectorante é uma droga ilegal feita numa manhã de um Carnaval que se aproxima. Pra expectorar mágoas, prazeres, visgos e catarros num rio que vira charco
Entre o fazer artístico – sempre mostrado de forma fantástica, surrealista – e a necessidade de sustento, Glória se apaixona por Guitar, um artista de rua mais jovem com quem inicia um romance.
A escolha de Marcélia Cartaxo para viver Glória nos ajuda a encaixá-la no mundo de Clarice: é como se ela sempre tivesse estado ali, vivendo e sentindo todas aquelas subjetividades, mesmo sendo uma personagem de atitudes muito diferentes de Macabéa, que a atriz viveu em A Hora da Estrela. Glória é livre, mas seu momento de vida – uma mulher madura, recém-divorciada, sem dinheiro e em um “lance” com um homem mais jovem – nos remete as inseguranças de Macabéa – jovem, tímida e descobrindo o mundo. Ambas estão em transição!
Lispectorante é poético e tem um desfecho que não surpreende e nisso ele é excelente: não há outro caminho para o sentir do artista que as suas incertezas.
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