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Gibiteca Refil

Demolidor, o homem sem medo ou aquele entre a vingança e a justiça

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Personagens de quadrinhos tem reboots recorrentes. Suas origens são contadas e recontadas, tentando conectar as novas gerações com as personagens, que hoje são, pelo menos, cinquentenárias. Então por que Demolidor: O homem sem medo parece ser muito mais que um simples herói?

Em sua estreia, no ano de 1964, Demolidor aparece sob a alcunha de “o primeiro e único super-herói cego”. A trajetória de Matt tem início em um título próprio (Daredevil #01) criado por Stan Lee e Bill Everett e grande parte do universo do herói já nos é apresentado nesse volume: a infância em Nova York, mais especificamente em Hell’s Kitchen (Cozinha do Inferno); o acidente que transforma seus sentidos; o amigo Foggy Nelson, com quem abre o escritório Nelson & Murdock e; a secretária do escritório e interesse romântico de Matt, Karen Page.


Demolidor #01, de 1964

Com o passar dos anos, tornando-se menos popular que Homem-Aranha e Capitão América, as publicações de Demolidor tiveram um período de decadência até colocarem a personagem nas mãos de Frank Miller, que tem como intenção fazer uma graphic novel, mas que acaba tornando a nova história em cânone de DD.

Como fez na década de 80 com Batman em Batman: Ano Um, Frank Miller, em 1993, reconstrói as origens da personagem em Demolidor: O homem sem medo narrando a trajetória de Matt Murdock, como o único filho do boxeador decadente Jack “Trabalhador” Murdock, desde sua infância entre os bullys e as pequenas contravenções na Cozinha do Inferno, até transformar-se no justiceiro Demolidor que travará uma guerra contra o crime organizado, dominado pelo “chefão” Wilson Fisk, mais comumente conhecido como Rei do Crime, sem esquecer-se do amigo Foggy Nelson e já antecipando o romance de Matt com Eléktra.

Textos mais despojados (“Demolidor! Um nome novinho em folha no mundo dos super-heróis!”) são substituídos por uma narração mais séria (“Foi naquele momento de fria determinação… o momento em que a vida de Mickey estava em jogo… o momento em que seu lado selvagem se viu calmo e sereno… o momento em que Matt Murdock se tornou homem… foi naquele momento singular que o nome retornou. Demolidor”), inspiradas nos filmes noir, característica bastante presente — em maior ou menor grau — nas obras de Miller, que cabem como uma luva em Demolidor. Na minissérie em cinco volumes, o detetive linha dura é o justiceiro mascarado linha dura, enquanto a dama fatal, é mais que uma mulher sexy, mas uma rival em potencial, Eléktra, complementam a visão da Cozinha do Inferno, a área degradada, escura e decadente da brilhante ilha de Manhattan.

A grande sacada de Miller é não colocar como única motivação de Matt a vingança.

Murdock vingou- se. Liquidou os homens que mataram seu pai. No processo, matou uma mulher inocente, ou que, pelo menos, não tinha nada a ver com a morte de Jack. Tentou manter-se longe, foi para Havard, tornou-se advogado e quando poderia ter mais uma vez fugido do que precisava fazer, ele percebeu que não poderia. Salvando uma garota que mal conhecia, percebeu que o garoto da Cozinha do Inferno tinha voltado pra casa.


Demolidor: O Homem sem medo, de 1993

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Gibiteca Refil

#MulherMaravilha80anos – Do Polígrafo ao Laço da Verdade

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“Bela como Afrodite; sagaz como Atena; dotada da velocidade de Mercúrio e da força de Hércules – nós a conhecemos como Mulher-Maravilha. Mas quem pode nos dizer quem é ela ou de onde ela veio?” – All-Star Comics, dezembro de 1941

A Mulher-Maravilha não foi a primeira super-heroína dos quadrinhos e definir esse posto é algo bastante complexo. Levando-se em conta o que entendemos como super-herói (ter uma identidade secreta, poderes e usar um uniforme) o consenso é que a primeira super-heroína dos quadrinhos é a Hawkgirl, conhecida por aqui como Mulher-Gavião. Como explicar, então, que tamanha popularidade de Diana faça com que nem cogitemos acreditar nisso? É simples: o conceito.

Muitas personagens femininas foram criadas a partir do clichê Ms. Male Character, isto é, a versão feminina de uma personagem masculina. Shiera era a versão feminina do Gavião Negro, além de sua parceira amorosa, assim como as primeiras concepções de Miss Marvel e Batwoman. A Mulher-Maravilha já foi criada como uma personagem independente, com seu próprio mundo fictício e histórias em consonância com as discussões do período.

A primeira aparição de Diana no universo DC se deu em dezembro de 1941 na All-Star Comics número 8. Essa ainda não contava a origem da personagem, mas a história das Amazonas e o motivo delas irem parar em Themyscira. A narrativa do nascimento de Diana, que permaneceria intacta até sua reformulação pós-Crise, seria apresentada apenas em Wonder Woman número 1: esculpida por Hipólita, a partir do barro de Themyscira, a escultura desperta na Rainha das Amazonas um sentimento profundamente maternal e o desejo de que a forma tome vida, em uma releitura do mito de Pigmaleão e Galatéia. Afrodite atende ao pedido de Hipólita, trazendo a criança à vida, dando-lhe o nome de Diana, em homenagem a irmã gêmea de Apolo, deusa da Lua e da caça. O que nos faz pensar: como seus criadores chegaram a essas referências?

“Sinceramente, a Mulher-Maravilha é propaganda psicológica com vistas ao novo tipo de mulher que, na minha opinião, deveria dominar o mundo.”  William Moulton Marston, março de 1945

A criação da personagem é atribuída ao roteirista Charles Moulton, pseudônimo do psicólogo William Moulton Marston, conhecido também como o inventor do polígrafo (a máquina da verdade). Já a concepção visual ficou a cargo de Harry G. Peter. Sempre esquecida nesta equação, porém, estava Elizabeth Holloway Marston esposa de William Marston e a quem o próprio se referia como coautora da personagem.

A luta pela igualdade feminina, presente nas primeiras histórias da Mulher-Maravilha – segundo Jill Lepore na biografia A história secreta da Mulher-Maravilha – remonta os primeiros anos de Marston em Harvard com o movimento pelo voto feminino e, principalmente, após ele ter ouvido a palestra da sufragista inglesa Emmeline Pankurst. Quase impedida de falar na universidade, simplesmente por ser mulher, Pankurst deixou Marston “fascinado, emocionado”. Já as referências gregas, possivelmente vieram de Holloway que amava a língua e as histórias que estudou em seus anos no ensino médio.

Desde a palestra de Emmeline Pankurst, a Mulher-Maravilha levou três décadas para aparecer, quando o seu principal idealizador já tinha 48 anos. Marston, após afirmar que via nos quadrinhos um grande potencial educacional, tornou-se uma espécie de psicólogo consultor da DC Comics. Foi aí que sugeriu ao editor Max Gaines uma super-heroína. A resposta inicial de Gaines foi dizer que personagens pulp e de quadrinhos femininas sempre eram um fracasso. Marston engendrou em argumento todos os anos em que defendeu os direitos das mulheres, recebendo a resposta “fiquei com o Superman depois que todo syndicate do país recusou. Vou dar uma chance a sua Mulher-Maravilha!”. Como condição o próprio Marston deveria escrever as histórias e se depois de seis meses os leitores não gostassem, essa seria descontinuada. Parece que acabou dando certo!

Como dito, Mulher-Maravilha não foi a primeira super-heroína, de fato, mas acredito que se tornou a primeira super-heroína por direito. Assim, convido você a comemorar durante os próximos meses os 80 anos de suas histórias e imaginário criados para a princesa amazona.

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