Reviews e Análises
Crítica: Notre-Dame
Maud Crayon (Valérie Donzelli) é uma arquiteta, mãe de duas crianças, que acaba de descobrir que está grávida novamente. E o pior, de seu ex-marido que ainda aparece, mesmo depois de separados há mais de 4 meses, para uma transa ocasional e filar um rango. Com todas as responsabilidades em suas costas, Maud ainda tem que se virar quando acidentalmente o seu projeto de maquete de um parquinho magicamente ganha asas e acaba sendo confundido com um projeto para reformular a esplanada de um dos maiores monumentos da França: a catedral de Notre-Dame.
Vendo-se com uma fama repentina, Maud tem que lidar com repórteres, lançamentos, a execução do projeto, uma gravidez indesejada, um ex-marido que não se toca e a aparição de um antigo interesse romântico. Com um ritmo bem interessante e momentos totalmente non-sense, a comédia leve agrada como uma boa sessão da tarde, mas sem nunca impactar emocionalmente. O filme traz claras referências ao clássico da Disney Mary Poppins, sem nunca se preocupar em explicar a magia. Simplesmente acontece. Isso pode causar um estranhamento no público mais exigente, mas ser relevado por quem estiver imerso na batalha e nas confusões que Maud enfrenta.
O roteiro coloca algumas reviravoltas no meio do caminho que são interessantes para o desenvolvimento da história, mas que no final das contas acabam sendo irrelevantes para o desfecho, pois a lição que fica ao final é que o importante é que a independência feminina pode superar qualquer dificuldade, por maior que ela seja. E que toda mulher tem o direito de ser bem-sucedida e viver um conto de fadas, mesmo que seja no meio de uma grande confusão.
O filme estreia nos cinemas no dia 11 de fevereiro.
Reviews e Análises
Lispectorante – Crítica

Lispectorante de Renata Pinheiro, diferente de outras produções baseadas na obra de Clarice Lispector – A Hora da Estrela (1985), de Suzana Amaral e A Paixão Segundo G.H. (2023) de Luiz Fernando Carvalho – não tem foco, especialmente, em nenhum texto da autora, mas consegue captar seu universo e soluciona o fluxo de consciência, característica primeira de sua literatura, através de cenas marcadas pelo fantástico.
Durante o longa acompanhamos Glória Hartman – uma artista plástica em crise, recém-divorciada e sem dinheiro – que retorna para sua terra natal, indo visitar sua tia Eva. Ao encontrar um guia de turismo com um grupo acaba interessando-se pelas informações sobre a casa de Clarice Lispector que, a partir daqui será o lugar do onírico e de profundas e solitárias discussões existenciais, preenchido por ruinas de um mundo apocalíptico.
Lispectorante, palavra inventada tradução do intraduzível, Oxe, pra mim listectorante é uma droga ilegal feita numa manhã de um Carnaval que se aproxima. Pra expectorar mágoas, prazeres, visgos e catarros num rio que vira charco
Entre o fazer artístico – sempre mostrado de forma fantástica, surrealista – e a necessidade de sustento, Glória se apaixona por Guitar, um artista de rua mais jovem com quem inicia um romance.
A escolha de Marcélia Cartaxo para viver Glória nos ajuda a encaixá-la no mundo de Clarice: é como se ela sempre tivesse estado ali, vivendo e sentindo todas aquelas subjetividades, mesmo sendo uma personagem de atitudes muito diferentes de Macabéa, que a atriz viveu em A Hora da Estrela. Glória é livre, mas seu momento de vida – uma mulher madura, recém-divorciada, sem dinheiro e em um “lance” com um homem mais jovem – nos remete as inseguranças de Macabéa – jovem, tímida e descobrindo o mundo. Ambas estão em transição!
Lispectorante é poético e tem um desfecho que não surpreende e nisso ele é excelente: não há outro caminho para o sentir do artista que as suas incertezas.
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