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Reviews e Análises

Crítica – Mank

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Mank (Mank, 2020 – Netflix) conta a história de como foi escrito o roteiro do que é considerado pelos críticos norte-americanos (e grande parte da crítica mundial) o melhor filme de todos os tempos: Cidadão Kane. Mank é o apelido pelo qual é conhecido Herman Mankiewicz, o roteirista que dividiu os créditos com Orson Welles. Dirigido por David Fincher, Mank aborda a vida de Mankiewicz em dois períodos, indo e voltando de um flashback, para justificar as suas motivações e fechar a história de como foi escrito Cidadão Kane. Infelizmente, para funcionar melhor, é importante conhecer bem Cidadão Kane para curtir melhor Mank.

Mankiewicz é interpretado por Gary Oldman, sempre excelente, apesar de comedido por grande parte do filme. A história mostra um homem politicamente engajado, com um senso de justiça pertinente tanto aos dias de hoje quanto ao período em que estava inserido. Inclusive esse plot do filme, que envolve a eleição para governador da Califórnia, em alguns momentos soa meio forçado, parecendo descolar a história da criação do roteiro de Cidadão Kane do resto da coisa toda, apenas para perto do final do filme o personagem de Oldman, bêbado, fazer um discurso que termina por conectar a coisa toda. Ainda bem, pois por um bom tempo do filme fica parecendo que é apenas uma tentativa de manipular o espectador para se relacionar com a história.

E esse na verdade é o grande problema do filme, pois essa empatia entre o espectador e o filme falha miseravelmente. Em nenhum momento a gente consegue simpatizar de verdade e nos enxergarmos em Mank. Talvez até mesmo pelo filme retratar uma glamorosa Hollywood dos anos 1940, a era de ouro dos estúdios, algo hoje já muito distante da realidade até mesmo de quem é cinéfilo raiz e já devorou todos os filmes cults da coleção da Folha. O filme é extremamente bem dirigido, emulando e homenageando a própria direção de Orson Welles em Cidadão Kane. A fotografia também é brilhantemente feita para emular tudo o que foi feito no clássico, mas o mérito do filme para com o público em geral fica nisso. Falta ir além para emocionar, nos envolver na história, que em diversos momentos fica muito monótona. Mank é um filme muito bem feito, bem atuado, daqueles que será exaltado pela crítica, pela própria indústria, mas que falha no momento mais importante: entreter.

Avaliação: 3 de 5.
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Ainda Estou Aqui – Crítica

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ainda estou aqui

Existem alguns filmes que ao assistirmos apenas os primeiros dez minutos já temos a percepção de estarmos diante de um clássico ou de uma obra-prima. É o caso de O Poderoso Chefão, por exemplo. Ou de Cidade de Deus, para trazer mais perto da nossa realidade brasileira. Não é o caso de Ainda Estou Aqui, novo filme de Walter Salles que chega aos cinemas dia 7 de novembro.

Não. Ainda Estou Aqui demora um pouco mais para percebermos que estamos diante de um dos melhores filmes brasileiros já feitos. E isso é fácil de entender, simplesmente porque a história é contada no tempo dela, sem pressa de acontecer. Mas quando você chegar na cena em que a personagem principal se vê presa, você não vai esquecer desse filme nunca mais na sua vida.

Baseado no livro de mesmo nome de Marcelo Rubens Paiva, o filme conta a história da família de Marcelo, que em 1970 passou pela traumatizante experiência de ter o pai, o ex-deputado e engenheiro Rubens Paiva, simplesmente levado arbitrariamente pela Ditadura Militar e nunca mais retornar.

Ainda Estou Aqui começa te estabelecendo como um observador da família. E como ele leva tempo para te mostrar todo o cotidiano e te apresenta os personagens aos poucos, o espectador vai se tornando parte daquele núcleo familiar. Quando as coisas vão ficando sinistras, você já está envolvido e consegue sentir a mesma angústia e desespero que a família sentiu.

Fernanda Torres está simplesmente deslumbrante como Eunice Paiva. Forte, aguerrida, destemida, o que essa mulher aguentou não foi brincadeira. E Fernanda transmite isso como nenhuma outra atriz seria capaz. Selton Mello interpreta Rubens Paiva com muita simpatia e tenacidade. Simples sem ser simplório. Você literalmente quer ser amigo dele.

O elenco da família, crianças e adolescentes também está simplesmente perfeito. Todos impecáveis, assim como todo o elenco de apoio. Destaque também para a ponta da diva Fernanda Montenegro, como a Eunice idosa que, em no máximo cinco minutos de tela e sem dizer uma palavra, mostra porque é a maior atriz de todos os tempos.

Com um roteiro muito bem escrito e uma direção impecável, aliados a uma fotografia perfeita, é impossível apontar qualquer defeito neste filme. Com uma temática ainda necessária nos dias de hoje, é um dever cívico assistir a Ainda Estou Aqui, o melhor filme de 2024, sem sombra de dúvida.

Nota 5 de 5

Avaliação: 5 de 5.
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