Reviews e Análises
Casa Gucci – Crítica
Casa Gucci (House of Gucci) conta a história da família de mesmo nome responsável pela famosa grife de moda. O filme tem foco principal na relação entre Maurizio Gucci (Adam Driver) e Patrizia Reggiani (Lady Gaga), que ao se casarem despertam a ira de Rodolfo Gucci (Jeremy Irons), um dos irmãos detentores da marca. Entre muitas idas e vindas, traições e intrigas, o filme fala sobre ambição, ciúmes, inveja e até assassinato.
Para quem não acompanhou a trajetória da família, é um prato cheio para se concentrar na história, que é muito bem escrita. Parece até novela, se não fosse vida real. Mas o que vale mesmo acompanhar com atenção durante as exageradas duas horas e meia de exibição de Casa Gucci, são as atuações. Simplesmente todos os atores e atrizes desse filme merecem destaque. Lady Gaga está fantástica, como sempre, no papel da Patrizia. Deslumbrante, ela desliza em cena, passando por momentos graciosos até momentos de pura empáfia e desdém. Adam Driver está bem sóbrio como Maurizio, mas não deixa de ter seus momentos. Muito charmoso, o rapaz é realmente muito carismático.
Jeremy Irons está muito bem também como Rodolfo, sem as excentricidades de quando Irons erra a mão. Al Pacino está muito divertido no papel do outro irmão da família, Aldo Gucci. Como sempre, destaque para a cena em que ele grita. Se tem alguém que sabe gritar em Hollywood, é Al Pacino. Mas a maior surpresa fica por conta do intérprete de Paolo Gucci, o primo de Maurizio e filho de Aldo. Ovelha negra da família, Paolo tem uma mente independente e quer se ver livre das amarras, ao mesmo tempo em que deseja que a empresa aposte em seus designs ousados. Quem interpreta Paolo é Jared Leto, irreconhecível por baixo de uma maquiagem pesadíssima. Nem a voz eu reconheci. Impressionante.
A direção é de Ridley Scott, que está meio que no automático. Não faz nada de interessante, simplesmente guiando o barco em mares calmos. Sem muita criatividade por aqui. E como a gente sabe que ele não é muito de meter o bedelho no trabalho dos atores, está ali praticamente só para cumprir o seu trabalho. A fotografia é um pouco estranha. Cinza, sem muito brilho, falta capricho. A trilha sonora é fraca, com escolhas óbvias e clichês para ilustrar que a história envolve italianos. Poderiam ter caprichado mais na pesquisa para a trilha.
Casa Gucci é um filme para quem gosta de um bom roteiro, de preferência para quem não sabe o que aconteceu com os personagens. Poderia ter uma duração mais enxuta, pois alguns momentos parecem desnecessários. A montagem poderia ter sido mais caprichada. Mas no geral é uma ótima opção de entretenimento.
Reviews e Análises
Lispectorante – Crítica

Lispectorante de Renata Pinheiro, diferente de outras produções baseadas na obra de Clarice Lispector – A Hora da Estrela (1985), de Suzana Amaral e A Paixão Segundo G.H. (2023) de Luiz Fernando Carvalho – não tem foco, especialmente, em nenhum texto da autora, mas consegue captar seu universo e soluciona o fluxo de consciência, característica primeira de sua literatura, através de cenas marcadas pelo fantástico.
Durante o longa acompanhamos Glória Hartman – uma artista plástica em crise, recém-divorciada e sem dinheiro – que retorna para sua terra natal, indo visitar sua tia Eva. Ao encontrar um guia de turismo com um grupo acaba interessando-se pelas informações sobre a casa de Clarice Lispector que, a partir daqui será o lugar do onírico e de profundas e solitárias discussões existenciais, preenchido por ruinas de um mundo apocalíptico.
Lispectorante, palavra inventada tradução do intraduzível, Oxe, pra mim listectorante é uma droga ilegal feita numa manhã de um Carnaval que se aproxima. Pra expectorar mágoas, prazeres, visgos e catarros num rio que vira charco
Entre o fazer artístico – sempre mostrado de forma fantástica, surrealista – e a necessidade de sustento, Glória se apaixona por Guitar, um artista de rua mais jovem com quem inicia um romance.
A escolha de Marcélia Cartaxo para viver Glória nos ajuda a encaixá-la no mundo de Clarice: é como se ela sempre tivesse estado ali, vivendo e sentindo todas aquelas subjetividades, mesmo sendo uma personagem de atitudes muito diferentes de Macabéa, que a atriz viveu em A Hora da Estrela. Glória é livre, mas seu momento de vida – uma mulher madura, recém-divorciada, sem dinheiro e em um “lance” com um homem mais jovem – nos remete as inseguranças de Macabéa – jovem, tímida e descobrindo o mundo. Ambas estão em transição!
Lispectorante é poético e tem um desfecho que não surpreende e nisso ele é excelente: não há outro caminho para o sentir do artista que as suas incertezas.
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