Reviews e Análises
Até os Ossos – Crítica

Até os Ossos (Bones and All) é um filme difícil de digerir. A história segue a trajetória de Maren (Taylor Russel), uma jovem mulher que precisa aprender a lidar com uma situação incontrolável de seu próprio ser: uma sede e fome incontrolável por carne humana. Sim, ela descobre que é uma canibal e não por opção, mas por necessidade.
No decorrer de sua jornada de entender quem é e como sobreviver em uma sociedade que com certeza não entende os seus atos, ela conhece alguns personagens como Sully, interpretado pelo sempre brilhante Mark Rylance. Sully ensina ela a farejar outros como ela, que ele chama de Devoradores.
Em sua jornada para encontrar sua perdida mãe, Maren conhece outro devorador, Lee (Timotheé Chalamet), por quem se apaixona e vive desventuras durante o resto de todo o filme. Os dois precisam aprender a lidar com sua situação, ao mesmo tempo de que vivem o dilema de que o que fazem não é legal.
O filme é baseado no livro de Camille DeAngelis e é dirigido por Luca Guadagnino, diretor de Me Chame pelo seu Nome e Suspiria: A dança do medo. O diretor consegue misturar suspense, romance e terror de uma forma bem equilibrada, enquanto que o roteiro consegue mesclar bem todos esses momentos e criar uma história competente e intrigante. As atuações são excelentes e a química entre o casal principal é boa.
O choque fica para a crueza das cenas de canibalismo, com sangue transbordando pela tela. Filme forte e cru para os mais acostumados com esse tipo de filme. Quem é meio fraco para ver sangue não deve assistir pois vai passar mal. Estejam avisados.
Reviews e Análises
Lispectorante – Crítica

Lispectorante de Renata Pinheiro, diferente de outras produções baseadas na obra de Clarice Lispector – A Hora da Estrela (1985), de Suzana Amaral e A Paixão Segundo G.H. (2023) de Luiz Fernando Carvalho – não tem foco, especialmente, em nenhum texto da autora, mas consegue captar seu universo e soluciona o fluxo de consciência, característica primeira de sua literatura, através de cenas marcadas pelo fantástico.
Durante o longa acompanhamos Glória Hartman – uma artista plástica em crise, recém-divorciada e sem dinheiro – que retorna para sua terra natal, indo visitar sua tia Eva. Ao encontrar um guia de turismo com um grupo acaba interessando-se pelas informações sobre a casa de Clarice Lispector que, a partir daqui será o lugar do onírico e de profundas e solitárias discussões existenciais, preenchido por ruinas de um mundo apocalíptico.
Lispectorante, palavra inventada tradução do intraduzível, Oxe, pra mim listectorante é uma droga ilegal feita numa manhã de um Carnaval que se aproxima. Pra expectorar mágoas, prazeres, visgos e catarros num rio que vira charco
Entre o fazer artístico – sempre mostrado de forma fantástica, surrealista – e a necessidade de sustento, Glória se apaixona por Guitar, um artista de rua mais jovem com quem inicia um romance.
A escolha de Marcélia Cartaxo para viver Glória nos ajuda a encaixá-la no mundo de Clarice: é como se ela sempre tivesse estado ali, vivendo e sentindo todas aquelas subjetividades, mesmo sendo uma personagem de atitudes muito diferentes de Macabéa, que a atriz viveu em A Hora da Estrela. Glória é livre, mas seu momento de vida – uma mulher madura, recém-divorciada, sem dinheiro e em um “lance” com um homem mais jovem – nos remete as inseguranças de Macabéa – jovem, tímida e descobrindo o mundo. Ambas estão em transição!
Lispectorante é poético e tem um desfecho que não surpreende e nisso ele é excelente: não há outro caminho para o sentir do artista que as suas incertezas.
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