Reviews e Análises
Tár – Crítica
“Pam pampam paaam… pam pampam paaaaaamm!!” Já diria Beethoven. Mais um filme de Oscar e cheiro de tênis verde. Achei o filme batuta, pra falar de uma maestrina que não gosta de ser chamada assim, mas não se preocupe, mentalmente você vai chamar ela de muita coisa. O que significa que o filme funcionou. Este filme tem um bom ritmo, mas os silêncios em si bemol destroem o espectador mais leigo.
Essa obra é dirigido por Todd Field, um cara que sabe muito bem o que está fazendo. Ele dirigiu “Entre quatro paredes” de 2001 e “Pecados íntimos” de 2006. E a direção apresentada aqui faz jus a indicação. Ele não brincou na fotografia, direção dos atores com grandes textos e cenas grandes. Toda a ideia passada pra além apenas do texto rápido e cenas curtas e rasas fazem do filme uma sinfonia sim. O filme é muito sonoro, então tem muitos sons, volumes e entonações diferentes. Mas lembre-se que é filme de Oscar, então tem toda a coisa que precisa ter pra ser indicado e o elemento técnico que ele escolheu brincar foi o som.
O roteiro também saiu das mãos do diretor, e foi tão bom quanto o trabalho de direção. Por ser autoral o domínio acaba sendo maior, mas mostra também muito do amor do diretor. E olha que o texto é carregado de muitos tipos de emoções, e transita hora gradual e fluida como um Tchaikovsky, hora como um rompante dramático como Beethoven. Mas tem isso, o roteiro é todo permeado por referências da música erudita. Então as vezes fica meio chato ouvir tanto nome de compositor e regentes.
O elenco é um brilho à parte. E realmente fizeram um baita trabalho. vamos começar pela maestrina e personagem principal, Lydia Tár, aqui interpretada por Cate Blanchett (“O Senhor dos Anéis: A sociedade do anel” de 2001 e todas as obras da franquia que seguiram. “Oito mulheres e um segredo” de 2018). Lydia tem como esposa a primeira violinista da orquestra Sharon Goodnow, interpretada por Nina Ross (“A professora de violino” de 2019 e “Contrato perigoso” de 2022), e tem por assistente explorada a Francesca Lentini, interpretada por Noémie Merlant (“As bandeiras de papel” de 2018 e “Mi iubita, meu amor” de 2021). E por fim nesse núcleo principal temos o mais novo affair de Lydia, Olga Metkina, interpretada por Sophie Kauer, que acaba se envolvendo em um momento pesado na vida de Lydia.
Tudo muito bonito, tudo muito bem, mas sobre o que é essa história. O filme conta a história de Lydia Tár, uma maestrina da Orquestra Sinfônica de Berlim, uma referência no universo da música e da regência. A vida de Lydia começa a mudar quando uma série de escândalos começam a aparecer envolvendo seu nome. Seu caráter é posto à prova e em um meio onde sua vaga é muito cobiçada e disputada, isso piora ainda mais as coisas. O filme mostra a rotina de uma maestrina, a rotina de uma orquestra sinfônica e muitos problemas relacionais. O filme é muito sonoro e traz muita referência a artistas do universo da música erudita, o que pode ser um pouco desanimador para o público leigo, mas vale muito a pena.
Não vou me estender mais porque realmente você precisa viver essa história em um baita som 5.1.
A nota para esse filme é 5 de 5 afinal é um indicado ao Oscar. Mas cá entre nós, reles mortais, vale 4 de 5.
O filme estreia dia 26 de Janeiro nos cinemas.
Reviews e Análises
Ainda Estou Aqui – Crítica
Existem alguns filmes que ao assistirmos apenas os primeiros dez minutos já temos a percepção de estarmos diante de um clássico ou de uma obra-prima. É o caso de O Poderoso Chefão, por exemplo. Ou de Cidade de Deus, para trazer mais perto da nossa realidade brasileira. Não é o caso de Ainda Estou Aqui, novo filme de Walter Salles que chega aos cinemas dia 7 de novembro.
Não. Ainda Estou Aqui demora um pouco mais para percebermos que estamos diante de um dos melhores filmes brasileiros já feitos. E isso é fácil de entender, simplesmente porque a história é contada no tempo dela, sem pressa de acontecer. Mas quando você chegar na cena em que a personagem principal se vê presa, você não vai esquecer desse filme nunca mais na sua vida.
Baseado no livro de mesmo nome de Marcelo Rubens Paiva, o filme conta a história da família de Marcelo, que em 1970 passou pela traumatizante experiência de ter o pai, o ex-deputado e engenheiro Rubens Paiva, simplesmente levado arbitrariamente pela Ditadura Militar e nunca mais retornar.
Ainda Estou Aqui começa te estabelecendo como um observador da família. E como ele leva tempo para te mostrar todo o cotidiano e te apresenta os personagens aos poucos, o espectador vai se tornando parte daquele núcleo familiar. Quando as coisas vão ficando sinistras, você já está envolvido e consegue sentir a mesma angústia e desespero que a família sentiu.
Fernanda Torres está simplesmente deslumbrante como Eunice Paiva. Forte, aguerrida, destemida, o que essa mulher aguentou não foi brincadeira. E Fernanda transmite isso como nenhuma outra atriz seria capaz. Selton Mello interpreta Rubens Paiva com muita simpatia e tenacidade. Simples sem ser simplório. Você literalmente quer ser amigo dele.
O elenco da família, crianças e adolescentes também está simplesmente perfeito. Todos impecáveis, assim como todo o elenco de apoio. Destaque também para a ponta da diva Fernanda Montenegro, como a Eunice idosa que, em no máximo cinco minutos de tela e sem dizer uma palavra, mostra porque é a maior atriz de todos os tempos.
Com um roteiro muito bem escrito e uma direção impecável, aliados a uma fotografia perfeita, é impossível apontar qualquer defeito neste filme. Com uma temática ainda necessária nos dias de hoje, é um dever cívico assistir a Ainda Estou Aqui, o melhor filme de 2024, sem sombra de dúvida.
Nota 5 de 5
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