Reviews e Análises
Blecaute – Crítica

A premissa de Blecaute (Radioflash – 2019) é ótima. Porém, a sua execução é fraca. Um pulso eletromagnético deixa boa parte dos Estados Unidos às escuras. Sem eletricidade, internet, bombas de gasolina, ou seja, cenário de pós-apocalipse montado. Acompanhamos a história pelo olhos de Reese (Brighton Sharbino), uma adolescente “ishperta” que junto com o pai Chris (Dominic Monaghan), fogem da cidade caótica para encontrar o avô da menina, um ermitão que todo mundo chamava de doido mas que obviamente é o único que está preparado para encarar a situação.
A partir daí, vários problemas que um cenário de mundo pós-apocalíptico poderia proporcionar são colocados no filme, levando a uma história de suspense moderado. Apesar de tudo isso, a condução do filme é muito fraca, assim como o desenvolvimento do roteiro que prefere investir em todos os clichês desses tipos de histórias.
Para um filme independente, sem nenhum grande estúdio de Hollywood por trás, o filme é até muito bem produzido. Poucos efeitos, mas decentes, cenários bem montados na primeira metade do filme, atuações medianas. Mas a falta de cuidado com a direção e a história mostram como faz diferença um aporte bom de grana e as opiniões de alguns executivos experientes. Para vocês terem ideia, sem dar grandes spoilers: os dois maiores perigos que a personagem principal passa são por sequestros realizados por pessoas mal intencionadas. Mas ela sai de um sequestro para cair em outro em apenas quinze minutos de diferença. É algo assim de uma criatividade…
Acredito que mais um tempo de trabalho em cima do roteiro poderia ter trazido mais elementos para o bom desenvolvimento da história, algo que fosse mais original ou até mesmo clichê, mas que fizesse a história se destacar. O filme está disponível para aluguel nas principais plataformas de streamings desde 05 de outubro.
Reviews e Análises
Lispectorante – Crítica

Lispectorante de Renata Pinheiro, diferente de outras produções baseadas na obra de Clarice Lispector – A Hora da Estrela (1985), de Suzana Amaral e A Paixão Segundo G.H. (2023) de Luiz Fernando Carvalho – não tem foco, especialmente, em nenhum texto da autora, mas consegue captar seu universo e soluciona o fluxo de consciência, característica primeira de sua literatura, através de cenas marcadas pelo fantástico.
Durante o longa acompanhamos Glória Hartman – uma artista plástica em crise, recém-divorciada e sem dinheiro – que retorna para sua terra natal, indo visitar sua tia Eva. Ao encontrar um guia de turismo com um grupo acaba interessando-se pelas informações sobre a casa de Clarice Lispector que, a partir daqui será o lugar do onírico e de profundas e solitárias discussões existenciais, preenchido por ruinas de um mundo apocalíptico.
Lispectorante, palavra inventada tradução do intraduzível, Oxe, pra mim listectorante é uma droga ilegal feita numa manhã de um Carnaval que se aproxima. Pra expectorar mágoas, prazeres, visgos e catarros num rio que vira charco
Entre o fazer artístico – sempre mostrado de forma fantástica, surrealista – e a necessidade de sustento, Glória se apaixona por Guitar, um artista de rua mais jovem com quem inicia um romance.
A escolha de Marcélia Cartaxo para viver Glória nos ajuda a encaixá-la no mundo de Clarice: é como se ela sempre tivesse estado ali, vivendo e sentindo todas aquelas subjetividades, mesmo sendo uma personagem de atitudes muito diferentes de Macabéa, que a atriz viveu em A Hora da Estrela. Glória é livre, mas seu momento de vida – uma mulher madura, recém-divorciada, sem dinheiro e em um “lance” com um homem mais jovem – nos remete as inseguranças de Macabéa – jovem, tímida e descobrindo o mundo. Ambas estão em transição!
Lispectorante é poético e tem um desfecho que não surpreende e nisso ele é excelente: não há outro caminho para o sentir do artista que as suas incertezas.
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