Reviews e Análises
A Médium – Crítica
Com pinta de documentário, A Médium conta a história de Nim (Sawanee Utoomma), uma respeitada líder espiritual em uma pequena cidade na Tailândia. Aos poucos vamos descobrindo que ela recebe o espírito de uma divindade, e usa seu dom para curar as pessoas e proteger o vilarejo. A coisa começa a degringolar quando a divindade escolhe quem será sua receptora, mesmo que a pessoa não queira, e que as mulheres da família de Nim são sempre as escolhidas, passando a tradição de geração para geração. O problema é que quando chega a vez da irmã de Nim, ela recusa o chamado, que acaba passando para a sua filha Mink (Narilya Gulmongkolpech).
Só que ao invés de ser possuída pelo espírito bonzinho, Mink começa a receber um espírito maligno e a atormentar toda a família. E cabe à Nim preparar um ritual para expulsar esse outro ser de dentro de Mink. Tudo isso documentado por três ou quatro câmeras de alta qualidade, com visão noturna e o escambau.
No espírito dos filmes de terror de “found footage”, A Médium constrói a sua história tentando emular uma realidade, mas escorregando na verossimilhança quando resolve mostrar tudo. Apesar da competente direção de Banjong Pisanthanakun, o filme precisa que o espectador acredite que aquilo está acontecendo de verdade para funcionar. Só que para os olhos treinados a assistir documentários, logo no começo tudo soa muito falso. Os diálogos parecem ensaiados demais, os acontecimentos são muito convenientes e todo o mistério se perde quando o terror passa a ser mais gore e visual do que psicológico.
As atuações são caricatas quando não deveriam ser, o desespero dos personagens não parece real. E os acontecimentos que deveriam permanecer escondidos são escancarados ao público, levando ao óbvio e já esperado “jump scare”. Às vezes, menos é mais. Não mostrar e só inferir pode assustar mais do que simplesmente entregar de bandeja uma pessoa sendo atacada por um monstro.
Reviews e Análises
Ainda Estou Aqui – Crítica
Existem alguns filmes que ao assistirmos apenas os primeiros dez minutos já temos a percepção de estarmos diante de um clássico ou de uma obra-prima. É o caso de O Poderoso Chefão, por exemplo. Ou de Cidade de Deus, para trazer mais perto da nossa realidade brasileira. Não é o caso de Ainda Estou Aqui, novo filme de Walter Salles que chega aos cinemas dia 7 de novembro.
Não. Ainda Estou Aqui demora um pouco mais para percebermos que estamos diante de um dos melhores filmes brasileiros já feitos. E isso é fácil de entender, simplesmente porque a história é contada no tempo dela, sem pressa de acontecer. Mas quando você chegar na cena em que a personagem principal se vê presa, você não vai esquecer desse filme nunca mais na sua vida.
Baseado no livro de mesmo nome de Marcelo Rubens Paiva, o filme conta a história da família de Marcelo, que em 1970 passou pela traumatizante experiência de ter o pai, o ex-deputado e engenheiro Rubens Paiva, simplesmente levado arbitrariamente pela Ditadura Militar e nunca mais retornar.
Ainda Estou Aqui começa te estabelecendo como um observador da família. E como ele leva tempo para te mostrar todo o cotidiano e te apresenta os personagens aos poucos, o espectador vai se tornando parte daquele núcleo familiar. Quando as coisas vão ficando sinistras, você já está envolvido e consegue sentir a mesma angústia e desespero que a família sentiu.
Fernanda Torres está simplesmente deslumbrante como Eunice Paiva. Forte, aguerrida, destemida, o que essa mulher aguentou não foi brincadeira. E Fernanda transmite isso como nenhuma outra atriz seria capaz. Selton Mello interpreta Rubens Paiva com muita simpatia e tenacidade. Simples sem ser simplório. Você literalmente quer ser amigo dele.
O elenco da família, crianças e adolescentes também está simplesmente perfeito. Todos impecáveis, assim como todo o elenco de apoio. Destaque também para a ponta da diva Fernanda Montenegro, como a Eunice idosa que, em no máximo cinco minutos de tela e sem dizer uma palavra, mostra porque é a maior atriz de todos os tempos.
Com um roteiro muito bem escrito e uma direção impecável, aliados a uma fotografia perfeita, é impossível apontar qualquer defeito neste filme. Com uma temática ainda necessária nos dias de hoje, é um dever cívico assistir a Ainda Estou Aqui, o melhor filme de 2024, sem sombra de dúvida.
Nota 5 de 5
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Lucas da Silva Biava
19 de maio de 2022 at 15:32
Achei o filme muito cruel e visceral. Ninguém acreditaria que é um documentário. Como filme de terror achei excelente. Pesado demais, mesmo para mim que tenho mais de 30 anos de filmes de terror.