Reviews e Análises
Pureza – Crítica

Nos anos 90, Dona Pureza (Dira Paes) é uma mãe solo que cria sua família em Bacabal, no Maranhão. O sustento vem da manufatura de tijolos com seu filho Abel, até que este decide tentar a sorte nos garimpos da Amazônia. Depois de meses sem notícias do filho, Pureza vai a sua procura e descobre a perversidade nas fazendas da região.
Pureza é um filme pesado por mostrar o trabalho escravo que ainda existe hoje por todo o Brasil; é um filme sensível ao mostrar o desespero e a luta de uma mulher para encontrar seu filho “perdido no mundo”; e é um filme chocante ao nos mostrar que trabalho escravo e o tráfico de pessoas não só existe ainda, mas como se agravou nos últimos anos.
Dira Paes está fenomenal no papel de Pureza, que junta forças pra desafiar “até com o diabo no inferno” se for pra salvar o filho. O elenco conta ainda com Matheus Abreu, Mariana Nunes, Claudio Barros, Sérgio Sartório, Flávio Bauraqui que, aliados ao roteiro de Renato Barbieri e Marcus Ligocki, roubam a atenção da plateia e entregam uma série de emoções que mostram uma verdade não distante do que vivemos hoje.
Vale ainda destacar a fotografia do filme que captura muito bem as paisagens, as locações e muda de forma certeira quando precisa mostrar as emoções das personagens. Pureza é um filme maravilhoso que joga um holofote em um grande crime que perdura ainda nos dias de hoje.
Reviews e Análises
Lispectorante – Crítica

Lispectorante de Renata Pinheiro, diferente de outras produções baseadas na obra de Clarice Lispector – A Hora da Estrela (1985), de Suzana Amaral e A Paixão Segundo G.H. (2023) de Luiz Fernando Carvalho – não tem foco, especialmente, em nenhum texto da autora, mas consegue captar seu universo e soluciona o fluxo de consciência, característica primeira de sua literatura, através de cenas marcadas pelo fantástico.
Durante o longa acompanhamos Glória Hartman – uma artista plástica em crise, recém-divorciada e sem dinheiro – que retorna para sua terra natal, indo visitar sua tia Eva. Ao encontrar um guia de turismo com um grupo acaba interessando-se pelas informações sobre a casa de Clarice Lispector que, a partir daqui será o lugar do onírico e de profundas e solitárias discussões existenciais, preenchido por ruinas de um mundo apocalíptico.
Lispectorante, palavra inventada tradução do intraduzível, Oxe, pra mim listectorante é uma droga ilegal feita numa manhã de um Carnaval que se aproxima. Pra expectorar mágoas, prazeres, visgos e catarros num rio que vira charco
Entre o fazer artístico – sempre mostrado de forma fantástica, surrealista – e a necessidade de sustento, Glória se apaixona por Guitar, um artista de rua mais jovem com quem inicia um romance.
A escolha de Marcélia Cartaxo para viver Glória nos ajuda a encaixá-la no mundo de Clarice: é como se ela sempre tivesse estado ali, vivendo e sentindo todas aquelas subjetividades, mesmo sendo uma personagem de atitudes muito diferentes de Macabéa, que a atriz viveu em A Hora da Estrela. Glória é livre, mas seu momento de vida – uma mulher madura, recém-divorciada, sem dinheiro e em um “lance” com um homem mais jovem – nos remete as inseguranças de Macabéa – jovem, tímida e descobrindo o mundo. Ambas estão em transição!
Lispectorante é poético e tem um desfecho que não surpreende e nisso ele é excelente: não há outro caminho para o sentir do artista que as suas incertezas.
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