Reviews e Análises
Review – Homem-Aranha: Fora de Casa
Vai teia! E lá vamos nós para mais um filme de super-herói no ano. Situado alguns dias depois dos eventos de Vingadores: Ultimato, encontramos Peter Parker e o mundo tentando se adaptar a uma realidade onde o Homem-Aranha agora é um dos maiores heróis da Terra. Sem Homem-de-ferro, Thor ou Capitão América por aqui, cabe a ele ser o símbolo que as pessoas precisam confiar que estará lá para defendê-las de uma nova invasão alienígena. Mas e se você, que é esse herói, nem está tão afim assim de segurar essa responsabilidade?

É esse o tema principal da sequência. Depois de ter enfrentado a maior ameaça de sua vida, e ter perdido seu mentor, Peter Parker (Tom Holland) se vê em uma situação em que quer mais cuidar de arrumar uma namorada e aproveitar as férias do que salvar o mundo mais uma vez. E aí ele vai passar por um monte de provações, dificuldades, e no final vai se tocar que aquela frase do Tio Ben que estamos cansados de ouvir (e que continua sem aparecer nessa nova leva de filmes) continua mais verdadeira do que nunca, e resolve enfrentar o vilão e salva todo mundo.
Sim, o filme é clichê, não tem grandes surpresas se você é fã de heróis, se leu revistas do heróis ou se já viu muitos filmes na vida. Mas no final mesmo, ainda assim é quase tudo o que a gente gostaria de ver em um filme do Aranha. Na verdade, ele tem até mais do que eu gostaria de ver.
Primeiro: já deu dessa relação do Aranha com o Homem-de-Ferro. Nesse filme, apesar do Tony Stark já ter morrido, ele consegue aparecer em mais tempo de tela do que a própria Tia May. Peter Parker vira o herdeiro do legado do herói, com o Tony deixando para ele a inteligência artificial e armamentos criados para que ele seja o próximo “Homem-de-Ferro”. E me desculpem os fãs da franquia, mas o Homem-Aranha nunca precisou do Homem-de-Ferro para nada. Ele sempre se virou sozinho. Então eu realmente fico incomodado com essa situação forçada para poder juntar o herói ao MCU.
Outra coisa que incomoda no filme é que ele trata o seu espectador como idiota. Em um determinado momento é revelado o verdadeiro vilão do filme e ele vem contar o seu plano e como ele está arquitetando as coisas com seus capangas. Só que os seus subordinados já sabem como tudo está ocorrendo, tornando toda aquela cena somente um pretexto para que o espectador entenda. “Roteiro preguiçoso”, como diria Deadpool.
Apesar disso, funciona muito bem a relação de Peter com o Happy, interpretado novamente por Jon Favreau. Muito por conta do texto e do carisma dos atores, que estão divertidíssimos. Por falar nisso, uma coisa que faz o filme se destacar é o elenco. Todos estão excelentes e as piadas funcionam muito bem. Destaque para Jacob Batalon, que faz o amigo Ned, e a dupla Martin Starr e J.B. Smoove que fazem os professores que acompanham a turma na excursão pela Europa.
O Mysterio, ou Quentin Beck, interpretado às vezes de forma caricata, às vezes de forma brilhante por Jake Gyllenhaal, é bem interessante. Os efeitos visuais e ilusões que ele é capaz de criar dão um tom de suspense e fazem muito bem ao decorrer da história. Sobre o plot dele ser um novo herói de outra dimensão que vimos nos trailers, não vou dar spoilers. Veja por você mesmo.
O filme tem duas cenas pós-créditos muito boas, com surpresas melhores do que as que foram colocadas dentro do próprio filme. E que deixam pontas para o desenrolar tanto do universo do Aranha, quanto do próprio MCU. No final você vai sair do filme achando que se divertiu bastante, mas com aquela sensação de que tá faltando algo pra ser totalmente incrível.
Nota: 4 de 5
Reviews e Análises
Lispectorante – Crítica

Lispectorante de Renata Pinheiro, diferente de outras produções baseadas na obra de Clarice Lispector – A Hora da Estrela (1985), de Suzana Amaral e A Paixão Segundo G.H. (2023) de Luiz Fernando Carvalho – não tem foco, especialmente, em nenhum texto da autora, mas consegue captar seu universo e soluciona o fluxo de consciência, característica primeira de sua literatura, através de cenas marcadas pelo fantástico.
Durante o longa acompanhamos Glória Hartman – uma artista plástica em crise, recém-divorciada e sem dinheiro – que retorna para sua terra natal, indo visitar sua tia Eva. Ao encontrar um guia de turismo com um grupo acaba interessando-se pelas informações sobre a casa de Clarice Lispector que, a partir daqui será o lugar do onírico e de profundas e solitárias discussões existenciais, preenchido por ruinas de um mundo apocalíptico.
Lispectorante, palavra inventada tradução do intraduzível, Oxe, pra mim listectorante é uma droga ilegal feita numa manhã de um Carnaval que se aproxima. Pra expectorar mágoas, prazeres, visgos e catarros num rio que vira charco
Entre o fazer artístico – sempre mostrado de forma fantástica, surrealista – e a necessidade de sustento, Glória se apaixona por Guitar, um artista de rua mais jovem com quem inicia um romance.
A escolha de Marcélia Cartaxo para viver Glória nos ajuda a encaixá-la no mundo de Clarice: é como se ela sempre tivesse estado ali, vivendo e sentindo todas aquelas subjetividades, mesmo sendo uma personagem de atitudes muito diferentes de Macabéa, que a atriz viveu em A Hora da Estrela. Glória é livre, mas seu momento de vida – uma mulher madura, recém-divorciada, sem dinheiro e em um “lance” com um homem mais jovem – nos remete as inseguranças de Macabéa – jovem, tímida e descobrindo o mundo. Ambas estão em transição!
Lispectorante é poético e tem um desfecho que não surpreende e nisso ele é excelente: não há outro caminho para o sentir do artista que as suas incertezas.
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