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Reviews e Análises

Respiro (2002) – Crítica

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Respiro (2002, Itália) conta a história de Grazia (Valeria Golino), uma mãe de três filhos que mora com o marido pescador em uma ilha na Itália. Tem uma vida simples, baseada no trabalho em cima da pesca, limpando os pescados para revenda ou até mesmo troca por outras mercadorias. O sonho dela é ir para a França, conhecer Paris, mas a vida extremamente humilde e a falta de oportunidades fazem com que o mais longe que ela consiga ir seja tomar um banho de mar. Só que Grazia não é qualquer mulher. É uma pessoa de espírito livre, presa em uma ilha com um marido que a impede de fazer o que ela quer e filhos que seguem o mesmo caminho do pai.

O filme poderia ir por um caminho onde ela lutaria contra o patriarcado e conservadorismo da sociedade, com discursos inflamados e cenas poderosas. Mas ele prefere manter o pé na realidade. Grazia não vai conseguir sair dali de forma fácil. E é essa a jornada que o filme se propõe a contar. Em uma sociedade que adora apontar o dedo e acusar uma mulher de louca somente porque ela não é submissa, Respiro mete o dedo na ferida por mostrar com cenas bastantes reais sobre como funciona o poder machista da sociedade em cima de uma mulher que quer apenas uma vida melhor.

Destaque do filme fica realmente por conta de Valéria Golino. Maravilhosa como sempre, a atriz leva o filme com um clima leve, apesar de sofrer muito. Ela internaliza muito, assim como muitas das mulheres da nossa sociedade. Outro destaque é que todos os outros atores e atrizes do filme eram amadores, escolhidos a dedo pelo roteirista e diretor Emanuele Crialese, o que surpreende bastante pois estão todos muito bem, principalmente o menino que faz o filho mais novo.

O filme estreia na quinta-feira, 1o de abril, na plataforma de streaming do Cine Belas Artes, o Belas Artes à La Carte.

Avaliação: 3.5 de 5.
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Reviews e Análises

Lispectorante – Crítica

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Lispectorante de Renata Pinheiro, diferente de outras produções baseadas na obra de Clarice Lispector – A Hora da Estrela (1985), de Suzana Amaral e A Paixão Segundo G.H. (2023) de Luiz Fernando Carvalho – não tem foco, especialmente, em nenhum texto da autora, mas consegue captar seu universo e soluciona o fluxo de consciência, característica primeira de sua literatura, através de cenas marcadas pelo fantástico.

Durante o longa acompanhamos Glória Hartman – uma artista plástica em crise, recém-divorciada e sem dinheiro – que retorna para sua terra natal, indo visitar sua tia Eva. Ao encontrar um guia de turismo com um grupo acaba interessando-se pelas informações sobre a casa de Clarice Lispector que, a partir daqui será o lugar do onírico e de profundas e solitárias discussões existenciais, preenchido por ruinas de um mundo apocalíptico.

Lispectorante, palavra inventada tradução do intraduzível, Oxe, pra mim listectorante é uma droga ilegal feita numa manhã de um Carnaval que se aproxima. Pra expectorar mágoas, prazeres, visgos e catarros num rio que vira charco
Entre o fazer artístico – sempre mostrado de forma fantástica, surrealista – e a necessidade de sustento, Glória se apaixona por Guitar, um artista de rua mais jovem com quem inicia um romance.

A escolha de Marcélia Cartaxo para viver Glória nos ajuda a encaixá-la no mundo de Clarice: é como se ela sempre tivesse estado ali, vivendo e sentindo todas aquelas subjetividades, mesmo sendo uma personagem de atitudes muito diferentes de Macabéa, que a atriz viveu em A Hora da Estrela. Glória é livre, mas seu momento de vida – uma mulher madura, recém-divorciada, sem dinheiro e em um “lance” com um homem mais jovem – nos remete as inseguranças de Macabéa – jovem, tímida e descobrindo o mundo. Ambas estão em transição!

Lispectorante é poético e tem um desfecho que não surpreende e nisso ele é excelente: não há outro caminho para o sentir do artista que as suas incertezas.

Avaliação: 3 de 5.
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Burburinho

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