Reviews e Análises
O Palestrante – Crítica

O Palestrante conta a história de Guilherme (Fábio Porchat), funcionário demitido de uma empresa que, ao viajar para o Rio de Janeiro para assinar a papelada de sua demissão acaba assumindo, no aeroporto a identidade de Marcelo, palestrante motivacional que era esperado por Denise (Dani Calabresa). Denise tinha contratado Marcelo para realizar uma série de palestras para a sua empresa que está tendo problemas de relacionamento entre os funcionários. Guilherme então, sem saber o que está fazendo, precisa contornar a situação e ser um palestrante e no processo vai aprender que o tal do Marcelo na verdade vai transformar a sua vida.
Roteiro clichê de filme de sessão da tarde não é? Já vimos inúmeras vezes essa história de uma pessoa que se passa por outra e acaba se metendo em altas confusões até ser transformado pelo processo como um todo e no final tudo dá certo. Pois é. Mesmo assim, O Palestrante funciona muito bem. O texto de Porchat e de Cláudia Jouvin é muito bom e as piadas em sua maioria são muito engraçadas.
O elenco de comediantes também está muito afiado. Apesar de ninguém ali estar interpretando Shakespeare, todos fazem o seu trabalho muito bem, com destaque para os coadjuvantes Otávio Müller e Paulo Vieira, sempre divertidos.
No fim das contas, O Palestrante é uma comédia despretensiosa que cumpre muito bem o seu papel: divertir. Mesmo que você já tenha visto esse filme.
Reviews e Análises
Lispectorante – Crítica

Lispectorante de Renata Pinheiro, diferente de outras produções baseadas na obra de Clarice Lispector – A Hora da Estrela (1985), de Suzana Amaral e A Paixão Segundo G.H. (2023) de Luiz Fernando Carvalho – não tem foco, especialmente, em nenhum texto da autora, mas consegue captar seu universo e soluciona o fluxo de consciência, característica primeira de sua literatura, através de cenas marcadas pelo fantástico.
Durante o longa acompanhamos Glória Hartman – uma artista plástica em crise, recém-divorciada e sem dinheiro – que retorna para sua terra natal, indo visitar sua tia Eva. Ao encontrar um guia de turismo com um grupo acaba interessando-se pelas informações sobre a casa de Clarice Lispector que, a partir daqui será o lugar do onírico e de profundas e solitárias discussões existenciais, preenchido por ruinas de um mundo apocalíptico.
Lispectorante, palavra inventada tradução do intraduzível, Oxe, pra mim listectorante é uma droga ilegal feita numa manhã de um Carnaval que se aproxima. Pra expectorar mágoas, prazeres, visgos e catarros num rio que vira charco
Entre o fazer artístico – sempre mostrado de forma fantástica, surrealista – e a necessidade de sustento, Glória se apaixona por Guitar, um artista de rua mais jovem com quem inicia um romance.
A escolha de Marcélia Cartaxo para viver Glória nos ajuda a encaixá-la no mundo de Clarice: é como se ela sempre tivesse estado ali, vivendo e sentindo todas aquelas subjetividades, mesmo sendo uma personagem de atitudes muito diferentes de Macabéa, que a atriz viveu em A Hora da Estrela. Glória é livre, mas seu momento de vida – uma mulher madura, recém-divorciada, sem dinheiro e em um “lance” com um homem mais jovem – nos remete as inseguranças de Macabéa – jovem, tímida e descobrindo o mundo. Ambas estão em transição!
Lispectorante é poético e tem um desfecho que não surpreende e nisso ele é excelente: não há outro caminho para o sentir do artista que as suas incertezas.
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