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Muribeca – Crítica

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Isso não é uma poesia em forma de canção, é um pedido de ajuda em forma de documentário. É o grito de uma população que investiu seus sonhos e construiu sua vida em um lugar que por problemas estruturais pediu mudanças. E graças a burocracia, os sonhos e a vida de alguns estão se apagando. Esse é um documentário sobre um bairro de Jaboatão dos Guararapes, Pernambuco, Berço de um grande produção cultural, que foi interrompida.

“Muribeca”, Senda, 2020

Direção e roteiro de Alcione Ferreira, que não possui experiências expressivas anteriores, e Camilo Soares, que possui uma boa experiência com curtas e como cineasta tem dois trabalhos mais expressivos: “Beco”, de 2020, e “King Kong en Asunción”. As escolhas foram muito bem feitas e constroem uma jornada poética de resistência, carregada de emoção. Todas as imagens que contemplam o espaço comunicam muito bem o sentimentos dos moradores. Realmente o trabalho técnico aqui foi muito bem explorado.

“Muribeca”, Senda, 2020

A pesquisa e organização do material traz um crescente mostrando a história de criação, peso de conquista para os antigos moradores e a dor da perda de suas moradias. Os vídeos antigos e testemunhos mostram um desejo de resistência e luta para reaver seus antigos lares. As escolhas não deixaram de fora a cultura de uma comunidade, seja artística ou social.

Não vou falar de elenco porque realmente não se aplica, afinal nós estamos falamos de moradores, ex-moradores e materiais de registros antigos. E como vamos avaliar o caráter técnico de alguém falando sobre sua vivência. Porém os depoimentos trazem muito afeto, história familiar, saudosismo de emoções infantis, e sem hipervalorizar dramas. Sem forçar. 

“Muribeca”, Senda, 2020

E sobre o que se trata esse documentário mesmo? Ele conta a história de um bairro chamado Muribeca em Jaboatão dos Guararapes, Pernambuco, que começou como um conjunto habitacional e foi se desenvolvendo. Algumas famílias, com muito sofrimento, conseguiram ali sua primeira casa própria. O senso de comunidade se consolidou e os moradores tinham uma boa ligação. Porém por volta de 1995 um dos prédios começou a apresentar rachaduras e aos poucos um a um foi apresentando rachaduras e por consequência, sendo interditado pela defesa civil. A Senhora Caixa Econômica Federal, por acordo firmado, paga uma indenização de aluguéis, porém não deu previsão de reconstrução dos prédios que foram demolidos. E é isso que esses cidadãos querem: a reconstrução de seus lares.

Essa crítica da 3 de 5. Pois tem uma boa qualidade, mas sabemos que é para um público específico.

Avaliação: 3 de 5.

O filme estreia dia 02 de Março nos cinemas.

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Ainda Estou Aqui – Crítica

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ainda estou aqui

Existem alguns filmes que ao assistirmos apenas os primeiros dez minutos já temos a percepção de estarmos diante de um clássico ou de uma obra-prima. É o caso de O Poderoso Chefão, por exemplo. Ou de Cidade de Deus, para trazer mais perto da nossa realidade brasileira. Não é o caso de Ainda Estou Aqui, novo filme de Walter Salles que chega aos cinemas dia 7 de novembro.

Não. Ainda Estou Aqui demora um pouco mais para percebermos que estamos diante de um dos melhores filmes brasileiros já feitos. E isso é fácil de entender, simplesmente porque a história é contada no tempo dela, sem pressa de acontecer. Mas quando você chegar na cena em que a personagem principal se vê presa, você não vai esquecer desse filme nunca mais na sua vida.

Baseado no livro de mesmo nome de Marcelo Rubens Paiva, o filme conta a história da família de Marcelo, que em 1970 passou pela traumatizante experiência de ter o pai, o ex-deputado e engenheiro Rubens Paiva, simplesmente levado arbitrariamente pela Ditadura Militar e nunca mais retornar.

Ainda Estou Aqui começa te estabelecendo como um observador da família. E como ele leva tempo para te mostrar todo o cotidiano e te apresenta os personagens aos poucos, o espectador vai se tornando parte daquele núcleo familiar. Quando as coisas vão ficando sinistras, você já está envolvido e consegue sentir a mesma angústia e desespero que a família sentiu.

Fernanda Torres está simplesmente deslumbrante como Eunice Paiva. Forte, aguerrida, destemida, o que essa mulher aguentou não foi brincadeira. E Fernanda transmite isso como nenhuma outra atriz seria capaz. Selton Mello interpreta Rubens Paiva com muita simpatia e tenacidade. Simples sem ser simplório. Você literalmente quer ser amigo dele.

O elenco da família, crianças e adolescentes também está simplesmente perfeito. Todos impecáveis, assim como todo o elenco de apoio. Destaque também para a ponta da diva Fernanda Montenegro, como a Eunice idosa que, em no máximo cinco minutos de tela e sem dizer uma palavra, mostra porque é a maior atriz de todos os tempos.

Com um roteiro muito bem escrito e uma direção impecável, aliados a uma fotografia perfeita, é impossível apontar qualquer defeito neste filme. Com uma temática ainda necessária nos dias de hoje, é um dever cívico assistir a Ainda Estou Aqui, o melhor filme de 2024, sem sombra de dúvida.

Nota 5 de 5

Avaliação: 5 de 5.
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