Reviews e Análises
Morbius – Crítica

Morbius é um dos filmes que mais sofreram por conta da pandemia. Inicialmente teria sido feito na esteira do sucesso de Venom, e inclusive era pra ter sido lançado antes da continuação Venom 2 e antes mesmo de Homem-Aranha: Sem Volta Para Casa. Mas com todas essas mudanças e abre e fecha de salas de cinema, a história de mais um vilão do universo do aracnídeo da Marvel foi ficando cada vez mais complicada, até que o resultado é esse desastre que chega ao cinemas neste 31/03.
Michael Morbius (Jared Leto) é um biocientista que sofre uma doença autoimune que o obriga a fazer hemodiálises para sobreviver. Obcecado por buscar a cura para si próprio e para seu melhor amigo Milo (Matt Smith), que possui a mesma doença, Morbius recebe a ajuda da cientista Martine Bancroft (Adria Arjona). O plano dele consiste em recombinar o DNA de pessoas doentes com o DNA de morcegos, que seriam a cura para o processo. É óbvio que o plano dá errado e ele se transforma em um vampiro com sede de sangue, mas obviamente bonzinho e que odeia essa maldição que foi colocada em sua vida.

Vamos primeiro às coisas positivas. Os efeitos visuais estão realmente muito bons. As soluções visuais que foram criadas para mostrar os poderes de vampiro, lutas e cenas de voo realmente funcionam muito bem. Muito melhor do que Venom, por exemplo. Outro ponto positivo é o clima de suspense que por muitas vezes aparece no filme. E a outra coisa boa é a atuação de Jared Leto, que quando não quer aparecer mais do que a personagem, funciona muito bem. É possível entender todo o seu drama e ver que o ator fisicamente se dedicou ao papel.
Quanto ao que não funciona, podemos citar várias coisas, sendo a principal delas o roteiro. A gente entende que o filme passou por refilmagens e readequações e com certeza foi reescrito diversas vezes, mas nada justifica ele ainda assim ser uma cópia do roteiro de Venom, só que com outros personagens. A estrutura é basicamente a mesma, sendo até risível. Copia mas faz diferente, pessoal! Algumas soluções são rápidas demais, outras tantas ficam sem explicação e no final a coisa toda descamba de vez.
Matt Smith está terrível como o antagonista da história. Parece que em algum momento das gravações ele se convenceu de que aquilo seria horrível e desistiu de atuar. Outro ponto em que o filme falha é em tentar estabelecer esse filme dentro do Aranhaverso. Para isso, tenta trazer um personagem do MCU para cá, simplesmente para depois ficar uma coisa totalmente sem sentido nas duas cenas pós-créditos do filme. Ridículo.
Infelizmente esse filme será um sucesso pois hoje basta você dizer que é baseada em algo da Marvel que automaticamente ele trará público. E como o roteiro possui a estrutura de Venom, provavelmente vai agradar quem ele quer agradar. Pena que não é o suficiente para se tornar um bom filme.
Reviews e Análises
Lispectorante – Crítica

Lispectorante de Renata Pinheiro, diferente de outras produções baseadas na obra de Clarice Lispector – A Hora da Estrela (1985), de Suzana Amaral e A Paixão Segundo G.H. (2023) de Luiz Fernando Carvalho – não tem foco, especialmente, em nenhum texto da autora, mas consegue captar seu universo e soluciona o fluxo de consciência, característica primeira de sua literatura, através de cenas marcadas pelo fantástico.
Durante o longa acompanhamos Glória Hartman – uma artista plástica em crise, recém-divorciada e sem dinheiro – que retorna para sua terra natal, indo visitar sua tia Eva. Ao encontrar um guia de turismo com um grupo acaba interessando-se pelas informações sobre a casa de Clarice Lispector que, a partir daqui será o lugar do onírico e de profundas e solitárias discussões existenciais, preenchido por ruinas de um mundo apocalíptico.
Lispectorante, palavra inventada tradução do intraduzível, Oxe, pra mim listectorante é uma droga ilegal feita numa manhã de um Carnaval que se aproxima. Pra expectorar mágoas, prazeres, visgos e catarros num rio que vira charco
Entre o fazer artístico – sempre mostrado de forma fantástica, surrealista – e a necessidade de sustento, Glória se apaixona por Guitar, um artista de rua mais jovem com quem inicia um romance.
A escolha de Marcélia Cartaxo para viver Glória nos ajuda a encaixá-la no mundo de Clarice: é como se ela sempre tivesse estado ali, vivendo e sentindo todas aquelas subjetividades, mesmo sendo uma personagem de atitudes muito diferentes de Macabéa, que a atriz viveu em A Hora da Estrela. Glória é livre, mas seu momento de vida – uma mulher madura, recém-divorciada, sem dinheiro e em um “lance” com um homem mais jovem – nos remete as inseguranças de Macabéa – jovem, tímida e descobrindo o mundo. Ambas estão em transição!
Lispectorante é poético e tem um desfecho que não surpreende e nisso ele é excelente: não há outro caminho para o sentir do artista que as suas incertezas.
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