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Medida Provisória – Crítica

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Em um futuro não tão distópico, o governo brasileiro decreta uma medida provisória que obriga os cidadãos negros a migrarem para a África. A princípio uma sugestão, no melhor estilo “Brasil ame-o ou deixe-o”, e depois transformado em perseguição, o filme mostra o que pode acontecer quando o extremismo é levado a sério.

O argumento maravilhoso do roteiro de que a iniciativa seria uma forma de reparação ao nosso passado escravocrata e assassino é simplesmente genial. Pois é real. Principalmente nos dias de caquistocracia em que vivemos.

A obrigatoriedade de expulsão do país de cidadãos negros, que agora são chamados de melanina acentuada, em mais uma crítica ao politicamente correto que nos assola, afeta diretamente a vida do casal Capitú (Taís Araújo) e de Antonio (Alfred Enoch), assim como a do primo André (Seu Jorge), que divide apartamento com os dois.

Quando a coisa toda acontece e a polícia começa a arrastar as pessoas e levá-las contra a sua vontade para a deportação, vemos tudo o que pode acontecer em um futuro (ou presente) onde as regras são escritas de cabeça para baixo. Quilombos são reerguidos, os apartamentos se tornam os últimos refúgios das pessoas que ainda resistem, a tortura e o assassinato relembram o período mais obscuro de nossa história.

O filme é uma adaptação da peça “Namíbia, Não”, de Aldri Anunciação e dirigido por Lázaro Ramos. Com uma câmera leve, a história corre por nossos olhos como um prenúncio de um desastre. E nos sentimos impotentes, assim como os protagonistas. Que precisam lutar, mas são vencidos pelo sistema. Como resistir? Como lutar sem agredir? Questões como vingança e justiça olho por olho e dente por dente também são colocadas em pauta de forma brilhante.

Um filme mais do que necessário para tempos desnecessários. Um brado retumbante que precisa ser ouvido e interpretado. Até onde vamos?

Avaliação: 4.5 de 5.
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Ainda Estou Aqui – Crítica

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ainda estou aqui

Existem alguns filmes que ao assistirmos apenas os primeiros dez minutos já temos a percepção de estarmos diante de um clássico ou de uma obra-prima. É o caso de O Poderoso Chefão, por exemplo. Ou de Cidade de Deus, para trazer mais perto da nossa realidade brasileira. Não é o caso de Ainda Estou Aqui, novo filme de Walter Salles que chega aos cinemas dia 7 de novembro.

Não. Ainda Estou Aqui demora um pouco mais para percebermos que estamos diante de um dos melhores filmes brasileiros já feitos. E isso é fácil de entender, simplesmente porque a história é contada no tempo dela, sem pressa de acontecer. Mas quando você chegar na cena em que a personagem principal se vê presa, você não vai esquecer desse filme nunca mais na sua vida.

Baseado no livro de mesmo nome de Marcelo Rubens Paiva, o filme conta a história da família de Marcelo, que em 1970 passou pela traumatizante experiência de ter o pai, o ex-deputado e engenheiro Rubens Paiva, simplesmente levado arbitrariamente pela Ditadura Militar e nunca mais retornar.

Ainda Estou Aqui começa te estabelecendo como um observador da família. E como ele leva tempo para te mostrar todo o cotidiano e te apresenta os personagens aos poucos, o espectador vai se tornando parte daquele núcleo familiar. Quando as coisas vão ficando sinistras, você já está envolvido e consegue sentir a mesma angústia e desespero que a família sentiu.

Fernanda Torres está simplesmente deslumbrante como Eunice Paiva. Forte, aguerrida, destemida, o que essa mulher aguentou não foi brincadeira. E Fernanda transmite isso como nenhuma outra atriz seria capaz. Selton Mello interpreta Rubens Paiva com muita simpatia e tenacidade. Simples sem ser simplório. Você literalmente quer ser amigo dele.

O elenco da família, crianças e adolescentes também está simplesmente perfeito. Todos impecáveis, assim como todo o elenco de apoio. Destaque também para a ponta da diva Fernanda Montenegro, como a Eunice idosa que, em no máximo cinco minutos de tela e sem dizer uma palavra, mostra porque é a maior atriz de todos os tempos.

Com um roteiro muito bem escrito e uma direção impecável, aliados a uma fotografia perfeita, é impossível apontar qualquer defeito neste filme. Com uma temática ainda necessária nos dias de hoje, é um dever cívico assistir a Ainda Estou Aqui, o melhor filme de 2024, sem sombra de dúvida.

Nota 5 de 5

Avaliação: 5 de 5.
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Burburinho

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