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Reviews e Análises

Maestro – Crítica

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Maestro é o novo filme dirigido, escrito e estrelado por Bradley Cooper e, infelizmente, ele parece mais um retrato da obsessão de Cooper em busca de ganhar o seu Oscar, do que uma biografia interessante sobre a vida de Leonard Bernstein, um dos mais importantes compositores e maestros norte-americanos do século XX.

O filme conta muito da história da vida íntima de Leonard Bernstein e pouco de sua história profissional e talvez seja esse o maior defeito do filme. Pouco se fala (quase nada) na verdade sobre o processo dele de composição e orquestração de trilhas importantes da história do cinema como Amor, Sublime Amor (West Side Story) ou Sindicato de Ladrões (On The Waterfront). Talvez, nesse ponto, funcione melhor para plateias norte-americanas que conhecem outras obras do maestro.

Para nós, reles resto do mundo, fica a história sobre o homem brilhante musicalmente, bissexual, que é atraído pelo talento, beleza e personalidade de Felicia Montealegre. O filme é basicamente sobre a vida de marido e mulher dos dois, com seus problemas e alegrias e, principalmente o enfoque nas puladas de cerca de Bernstein com outros homens, que mantinha namorados de forma escancarada e a “aceitação” calada de Felicia.

Inclusive, a performance de Carey Mulligan como Felicia é o que salva o filme de levar uma nota mais baixa. A retratação por parte dela de uma mulher apaixonada por seu marido, que resolve aceitar calada suas traições por diversos motivos, é admirável. Justiça seja feita, Bradley Cooper está muito bem como o maestro Bernstein, sendo irreconhecível de papéis anteriores. Ajuda o fato de que ele está coberto de uma excelente maquiagem.

Mas gostar do personagem de Bernstein é muito difícil quando você acompanha o sofrimento palpável de Felicia, com seus olhares tristes e desamparados ao olhar seu marido segurando a mão de outra pessoa durante uma apresentação no teatro. O drama de uma personagem hétero ter que sacrificar a sua vida apaixonada por uma pessoa bissexual e bígama é interessante, mas infelizmente apenas isso não consegue segurar a história.

O filme faz uma escolha interessante no uso da fotografia, com um pedaço da história sendo contado em preto e branco e outro colorido. E usa ainda o formato de tela para ressaltar a mudança de épocas.

No fim das contas, Maestro é um filme muito bem feito, com boas atuações, mas que peca na empatia com o biografado. Soa mais como um esforço de querer merecer algum prêmio, mas que não ultrapassa a linha do nosso sentimento para querer rever ou entender que é um daqueles filmes imperdíveis.

Nota 3 de 5

Avaliação: 3 de 5.

Maestro está concorrendo a sete prêmios Oscar: Melhor Filme, Melhor Maquiagem e Cabelo, Melhor Som, Melhor Atriz (Carey Mulligan), Melhor Ator (Bradley Cooper), Melhor roteiro original (Bradley Cooper e Josh Singer) e Melhor Fotografia. O filme está disponível no Netflix.

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Lispectorante – Crítica

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Lispectorante de Renata Pinheiro, diferente de outras produções baseadas na obra de Clarice Lispector – A Hora da Estrela (1985), de Suzana Amaral e A Paixão Segundo G.H. (2023) de Luiz Fernando Carvalho – não tem foco, especialmente, em nenhum texto da autora, mas consegue captar seu universo e soluciona o fluxo de consciência, característica primeira de sua literatura, através de cenas marcadas pelo fantástico.

Durante o longa acompanhamos Glória Hartman – uma artista plástica em crise, recém-divorciada e sem dinheiro – que retorna para sua terra natal, indo visitar sua tia Eva. Ao encontrar um guia de turismo com um grupo acaba interessando-se pelas informações sobre a casa de Clarice Lispector que, a partir daqui será o lugar do onírico e de profundas e solitárias discussões existenciais, preenchido por ruinas de um mundo apocalíptico.

Lispectorante, palavra inventada tradução do intraduzível, Oxe, pra mim listectorante é uma droga ilegal feita numa manhã de um Carnaval que se aproxima. Pra expectorar mágoas, prazeres, visgos e catarros num rio que vira charco
Entre o fazer artístico – sempre mostrado de forma fantástica, surrealista – e a necessidade de sustento, Glória se apaixona por Guitar, um artista de rua mais jovem com quem inicia um romance.

A escolha de Marcélia Cartaxo para viver Glória nos ajuda a encaixá-la no mundo de Clarice: é como se ela sempre tivesse estado ali, vivendo e sentindo todas aquelas subjetividades, mesmo sendo uma personagem de atitudes muito diferentes de Macabéa, que a atriz viveu em A Hora da Estrela. Glória é livre, mas seu momento de vida – uma mulher madura, recém-divorciada, sem dinheiro e em um “lance” com um homem mais jovem – nos remete as inseguranças de Macabéa – jovem, tímida e descobrindo o mundo. Ambas estão em transição!

Lispectorante é poético e tem um desfecho que não surpreende e nisso ele é excelente: não há outro caminho para o sentir do artista que as suas incertezas.

Avaliação: 3 de 5.
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Burburinho

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