Reviews e Análises
M3gan – Crítica

Filmécozinho que traz uma estética legal pra chamar a atenção, mas não engaja e nem assusta. Talvez por isso ele veio com tanto apelo no Tiktok e com os adolescentes. Mas acho que a versão todo mundo em pânico vai ser melhor.

O filme é dirigido por Gerard Johnstone, que tem em sua trajetória muito pouco trabalho e um outro filme de suspense chamado Housebound, de 2014. Olha. A fotografia é boa pra um filme adolescente, mas pra um suspense não. A direção faz escolhas acertadas, mas pra um suspense não. As tecnologias têm uma qualidade animatrônica legal, mas pra um suspense não. Ficaria legal como um drama, mas como um suspendesse…
O roteiro é de James Wan (“A Freira” de 2018, “Annabelle 3: de voltar pra casa” de 2019 e “Invocação do mal 3: a ordem do demônio” de 2021) e Akela Cooper (“Parque do Inferno” de 2018 e “Maligno” de 2021). Sabe quando te entregam uma premissa maravilhosa e você até acredita que vai dar muito bom, mas vem a realidade e derruba? Pois é. Tem construção de um texto legal, tem uma boa premissa, mas a execução deixou muito a desejar. Cheio de furos, zero assustador, e até risível em alguns momentos. O que não é de se esperar de um filme de suspense. Assim… definitivamente o roteiro não sustenta e dá uma cansada.

O elenco é bem esforçado e bem jovem. Mostraram uma boa promessa, mas aqui foram pouco explorados. Temos Allison Williams (“Corra” de 2017 e “A perfeição” de 2018) como Gemma, a tia que acaba sendo a tutora de Cady e criadora da M3gan.. Ronny Chieng (“Godzilla vs Kong” de 2021 e “Shang-shi e a lenda dos dez anéis” de 2021) como David, o chefe de Gemma, Brian Jordan Alvares (“Presa em você” de 2018 e “A spy movie” de 2021) como Cole e Jen Van Epps (“Tratamento de Realeza” de 2022 e “Sem saída” de 2022) como equipe de criação de M3Gan e parceiros de Gemma.
As atrizes mirins foram espetaculares. Temos Violet McGraw (“Na companhia do Mal” de 2021 e “Viúva Negra” de 2021) como Cady, a criança motivo de toda a treta. E olha… que trabalho. E temos também Amie Donald fazendo a propria M3gan em seu primeiro grande trabalho em filme. Ambas maravilhosas em seu trabalho. Isso é o que vale a pena assistir.

Do que se trata essa obra do terror tecnológico moderno? Uma empresa de brinquedos infantis está numa empreitada de um novo fluffy tecnológico que tem conectividade inclusive com aplicativo para Tablet. Só que a concorrência consegue fazer mais barato. Em paralelo, um núcleo desta empresa está desenvolvendo uma boneca hiper realista com IA integrada e auto aprendizagem. Essa boneca, na fase testes recebe um comando que torna a coisa um pouco perigosa. Somado ao processo de aprendizagem constante como resposta auto evolutiva, essa boneca se torna uma máquina aterrorizantemente vingativa (em teoria). Não vou falar mais pra não estragar a experiência que já ta prejudicada.
Essa crítica da 1,5 de 5. Porque pelo menos você ri.
O filme estreia dia 19 de Janeiro nos cinemas.
Reviews e Análises
Lispectorante – Crítica

Lispectorante de Renata Pinheiro, diferente de outras produções baseadas na obra de Clarice Lispector – A Hora da Estrela (1985), de Suzana Amaral e A Paixão Segundo G.H. (2023) de Luiz Fernando Carvalho – não tem foco, especialmente, em nenhum texto da autora, mas consegue captar seu universo e soluciona o fluxo de consciência, característica primeira de sua literatura, através de cenas marcadas pelo fantástico.
Durante o longa acompanhamos Glória Hartman – uma artista plástica em crise, recém-divorciada e sem dinheiro – que retorna para sua terra natal, indo visitar sua tia Eva. Ao encontrar um guia de turismo com um grupo acaba interessando-se pelas informações sobre a casa de Clarice Lispector que, a partir daqui será o lugar do onírico e de profundas e solitárias discussões existenciais, preenchido por ruinas de um mundo apocalíptico.
Lispectorante, palavra inventada tradução do intraduzível, Oxe, pra mim listectorante é uma droga ilegal feita numa manhã de um Carnaval que se aproxima. Pra expectorar mágoas, prazeres, visgos e catarros num rio que vira charco
Entre o fazer artístico – sempre mostrado de forma fantástica, surrealista – e a necessidade de sustento, Glória se apaixona por Guitar, um artista de rua mais jovem com quem inicia um romance.
A escolha de Marcélia Cartaxo para viver Glória nos ajuda a encaixá-la no mundo de Clarice: é como se ela sempre tivesse estado ali, vivendo e sentindo todas aquelas subjetividades, mesmo sendo uma personagem de atitudes muito diferentes de Macabéa, que a atriz viveu em A Hora da Estrela. Glória é livre, mas seu momento de vida – uma mulher madura, recém-divorciada, sem dinheiro e em um “lance” com um homem mais jovem – nos remete as inseguranças de Macabéa – jovem, tímida e descobrindo o mundo. Ambas estão em transição!
Lispectorante é poético e tem um desfecho que não surpreende e nisso ele é excelente: não há outro caminho para o sentir do artista que as suas incertezas.
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