Reviews e Análises
Lucicreide vai pra Marte – Crítica
Fabiana Karla protagoniza essa comédia sobre Lucicreide, personagem que a atriz interpreta há anos em programas da TV Globo como Zorra Total. Na história, Lucicreide não consegue suportar mais a sua vida com cinco crianças para criar, abandonada pelo marido e tendo que aturar a sogra caloteira e a vizinha caolha e fofoqueira. Desejando desaparecer da face da Terra, ela acaba sendo acidentalmente selecionada para um programa de treinamento espacial que pretende levar uma pessoa, em viagem só de ida, para a colonização de Marte. Sim, o argumento é ruim assim.
Com um roteiro cheio de inverossimilhanças e situações ridículas, o filme é uma sucessão de cenas que farão rir apenas ao público que busca por uma diversão sem cérebro. A única coisa que realmente se destaca, e que até mesmo salva o filme de não ser uma perda de tempo completa, é a performance e o trabalho de Fabiana Karla. Ela domina tão bem o personagem, que em momentos em que claramente o texto é uma improvisação da atriz, passa como se ela tivesse ensaiado aquilo. Os termos regionais exagerados e encenação característica de Karla são muito interessantes e fazem realmente qualquer um rir. As cenas delas com o macaquinho são muito engraçadas mesmo.
No geral, a direção do estreante Rodrigo César deixa a desejar, assim como a montagem, que tenta usar recursos de zoom e câmeras lentas e aceleradas que demonstram que ainda há muito a se evoluir no cinema nacional. As participações especiais de Falcão, Batoré e do influencer Carlinhos Maia não são significativos, com cenas que não acrescentam em nada ao filme, apenas trazem mais vergonha ao resultado final. Por falar em vergonha, o filme ainda tenta homenagear duas franquias de “filmes de temática espacial” e falha miseravelmente. Realmente fica difícil torcer pelo sucesso do cinema nacional. Uma pena para Fabiana Karla, que é tão talentosa.
Reviews e Análises
Lispectorante – Crítica

Lispectorante de Renata Pinheiro, diferente de outras produções baseadas na obra de Clarice Lispector – A Hora da Estrela (1985), de Suzana Amaral e A Paixão Segundo G.H. (2023) de Luiz Fernando Carvalho – não tem foco, especialmente, em nenhum texto da autora, mas consegue captar seu universo e soluciona o fluxo de consciência, característica primeira de sua literatura, através de cenas marcadas pelo fantástico.
Durante o longa acompanhamos Glória Hartman – uma artista plástica em crise, recém-divorciada e sem dinheiro – que retorna para sua terra natal, indo visitar sua tia Eva. Ao encontrar um guia de turismo com um grupo acaba interessando-se pelas informações sobre a casa de Clarice Lispector que, a partir daqui será o lugar do onírico e de profundas e solitárias discussões existenciais, preenchido por ruinas de um mundo apocalíptico.
Lispectorante, palavra inventada tradução do intraduzível, Oxe, pra mim listectorante é uma droga ilegal feita numa manhã de um Carnaval que se aproxima. Pra expectorar mágoas, prazeres, visgos e catarros num rio que vira charco
Entre o fazer artístico – sempre mostrado de forma fantástica, surrealista – e a necessidade de sustento, Glória se apaixona por Guitar, um artista de rua mais jovem com quem inicia um romance.
A escolha de Marcélia Cartaxo para viver Glória nos ajuda a encaixá-la no mundo de Clarice: é como se ela sempre tivesse estado ali, vivendo e sentindo todas aquelas subjetividades, mesmo sendo uma personagem de atitudes muito diferentes de Macabéa, que a atriz viveu em A Hora da Estrela. Glória é livre, mas seu momento de vida – uma mulher madura, recém-divorciada, sem dinheiro e em um “lance” com um homem mais jovem – nos remete as inseguranças de Macabéa – jovem, tímida e descobrindo o mundo. Ambas estão em transição!
Lispectorante é poético e tem um desfecho que não surpreende e nisso ele é excelente: não há outro caminho para o sentir do artista que as suas incertezas.
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