Reviews e Análises
Jurassic World: Domínio (Crítica)
Quatro anos se passaram desde a destruição da Isla Nublar e agora os dinossauros coexistem com os seres humanos, com todos os problemas que isso poderia envolver. Se bem que, aparentemente isso não é válido, pois a gente nunca vê um dinossauro comer ninguém nesse filme.
Apesar de ter uma premissa que poderia dar uma história excelente, Jurassic World: Domínio só consegue ser mais do mesmo, e de uma forma piorada. O roteiro é algo como um amálgama dos outros cinco filmes anteriores da franquia só que com a ação no máximo e o suspense e a sensação de perigo real no zero. Afinal de contas, como se manter assustado ou apreensivo se nenhum personagem, nem os secundários, nem os extras no fundo são massacrados pelos dinossauros? É um bando de gente correndo e gritando e dinos destruindo coisas sem que nada de realmente dramático aconteça, com todo mundo escapando por um triz.
E não adianta trazer os personagens da trilogia original Alan Grant (Sam Neil), Ellie Satler (Laura Dern) e Ian Malcolm (Jeff Goldblum, sempre sensacional) para tentar emocionar os velhos fãs, se a história de como eles se juntam ao time é tão conveniente assim.
O filme na verdade deveria se chamar Jurassic World: Conveniência. É um desastre de roteiro. São duas subtramas que se juntam ao bel prazer do amigo do roteirista, com todos os “deus ex-machina” possíveis e sem explicações lógicas que chega a dar vontade de sair do cinema. Mas o problema desses novos filmes está em sua origem, lá atrás com o Jurassic World original, quando inventaram que o personagem Owen Grady (Chris Pratt) era o treinador de velociraptores. A partir daí, tratar dinossauros como pets virou o de menos nessa franquia. Fazer promessa pra dinossauro? Ah, poupe-me!
Pra piorar todo o bolo fecal que é esse filme, ainda trazem um personagem que aparece nos minutos iniciais do Jurassic Park original, lá de 93. Só pra dizer que estava tudo conectado. Ah vá! Lewis Dodgson, interpretado por Campbell Scott, tenta comprar embriões de um funcionário do Parque dos Dinossauros. Mas o plano acaba dando errado. Aqui ele retorna, como a mente avançada com um quê de Steve Jobs que teria um plano para ajudar seres humanos e dinossauros a conviverem. E que obviamente no final vai dar tudo errado, pois na verdade ele só era um capitalista maldito.
A direção do filme até tenta fazer algo interessante, mas tudo é tão clichê que nada funciona. Cenas legais perseguindo dinossauros ou sendo perseguidos por dinossauros, acabam ficando vazias quando perdem o sentido da lógica que era tão verossímil com o Jurassic Park original.
A minha dica é: se você é fã do primeiro filme, fica com ele. Se você não se importa com nada e quer só gastar o seu dinheiro vendo cenas de efeitos especiais, mas nada originais e um fiapo de história, aí vai na fé.
Reviews e Análises
Ainda Estou Aqui – Crítica
Existem alguns filmes que ao assistirmos apenas os primeiros dez minutos já temos a percepção de estarmos diante de um clássico ou de uma obra-prima. É o caso de O Poderoso Chefão, por exemplo. Ou de Cidade de Deus, para trazer mais perto da nossa realidade brasileira. Não é o caso de Ainda Estou Aqui, novo filme de Walter Salles que chega aos cinemas dia 7 de novembro.
Não. Ainda Estou Aqui demora um pouco mais para percebermos que estamos diante de um dos melhores filmes brasileiros já feitos. E isso é fácil de entender, simplesmente porque a história é contada no tempo dela, sem pressa de acontecer. Mas quando você chegar na cena em que a personagem principal se vê presa, você não vai esquecer desse filme nunca mais na sua vida.
Baseado no livro de mesmo nome de Marcelo Rubens Paiva, o filme conta a história da família de Marcelo, que em 1970 passou pela traumatizante experiência de ter o pai, o ex-deputado e engenheiro Rubens Paiva, simplesmente levado arbitrariamente pela Ditadura Militar e nunca mais retornar.
Ainda Estou Aqui começa te estabelecendo como um observador da família. E como ele leva tempo para te mostrar todo o cotidiano e te apresenta os personagens aos poucos, o espectador vai se tornando parte daquele núcleo familiar. Quando as coisas vão ficando sinistras, você já está envolvido e consegue sentir a mesma angústia e desespero que a família sentiu.
Fernanda Torres está simplesmente deslumbrante como Eunice Paiva. Forte, aguerrida, destemida, o que essa mulher aguentou não foi brincadeira. E Fernanda transmite isso como nenhuma outra atriz seria capaz. Selton Mello interpreta Rubens Paiva com muita simpatia e tenacidade. Simples sem ser simplório. Você literalmente quer ser amigo dele.
O elenco da família, crianças e adolescentes também está simplesmente perfeito. Todos impecáveis, assim como todo o elenco de apoio. Destaque também para a ponta da diva Fernanda Montenegro, como a Eunice idosa que, em no máximo cinco minutos de tela e sem dizer uma palavra, mostra porque é a maior atriz de todos os tempos.
Com um roteiro muito bem escrito e uma direção impecável, aliados a uma fotografia perfeita, é impossível apontar qualquer defeito neste filme. Com uma temática ainda necessária nos dias de hoje, é um dever cívico assistir a Ainda Estou Aqui, o melhor filme de 2024, sem sombra de dúvida.
Nota 5 de 5
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