Reviews e Análises
Downton Abbey II: Uma Nova Era – Crítica
É sempre uma tarefa complicada fazer um filme baseado em uma série longeva na TV. O roteiro tem que ser facilmente entendido por um público mais abrangente, que nunca teve contato com a série e, ao mesmo tempo, agradar aos fãs, ávidos por mais material novo sobre seus personagens favoritos, e ainda assim dar prosseguimento à história como um todo.
Felizmente, Downton Abbey II: Uma Nova Era consegue realizar isso em grande parte. É importante pelo menos ter assistido ao primeiro longa-metragem de 2019 para entender melhor tudo o que está acontecendo. Desta vez, a família Crawley ganha mais espaço no roteiro do que a criadagem.
Uma equipe de cinema resolve alugar o castelo Downton Abbey para rodar um filme. Enquanto Lady Mary (Michelle Dockery) supervisiona tudo, outra parte da família ruma para o sul da França, pois a matriarca Violet (Maggie Smith) herdou uma mansão de veraneio de um antigo amante e todos querem descobrir mais sobre esse passado misterioso da vovó.
Confusão armada, o filme transita bem e consegue desenvolver muito bem as duas tramas, levando até a homenagens inesperadas a filmes antigos como Cantando na Chuva. Em outra parte, a enorme profusão de personagens acaba deixando algumas sub-tramas pouco desenvolvidas, mas nada que prejudique o filme.
Diferentemente do anterior, Downton Abbey II: Uma Nova Era não trata da diferença social entre as classes, mas sim sobre a evolução. Não só a do ser humano, mas a da sociedade como um todo, do pensamento, da tecnologia, das relações humanas e de trabalho. Um bom filme, que diverte e faz refletir.
Reviews e Análises
Ainda Estou Aqui – Crítica
Existem alguns filmes que ao assistirmos apenas os primeiros dez minutos já temos a percepção de estarmos diante de um clássico ou de uma obra-prima. É o caso de O Poderoso Chefão, por exemplo. Ou de Cidade de Deus, para trazer mais perto da nossa realidade brasileira. Não é o caso de Ainda Estou Aqui, novo filme de Walter Salles que chega aos cinemas dia 7 de novembro.
Não. Ainda Estou Aqui demora um pouco mais para percebermos que estamos diante de um dos melhores filmes brasileiros já feitos. E isso é fácil de entender, simplesmente porque a história é contada no tempo dela, sem pressa de acontecer. Mas quando você chegar na cena em que a personagem principal se vê presa, você não vai esquecer desse filme nunca mais na sua vida.
Baseado no livro de mesmo nome de Marcelo Rubens Paiva, o filme conta a história da família de Marcelo, que em 1970 passou pela traumatizante experiência de ter o pai, o ex-deputado e engenheiro Rubens Paiva, simplesmente levado arbitrariamente pela Ditadura Militar e nunca mais retornar.
Ainda Estou Aqui começa te estabelecendo como um observador da família. E como ele leva tempo para te mostrar todo o cotidiano e te apresenta os personagens aos poucos, o espectador vai se tornando parte daquele núcleo familiar. Quando as coisas vão ficando sinistras, você já está envolvido e consegue sentir a mesma angústia e desespero que a família sentiu.
Fernanda Torres está simplesmente deslumbrante como Eunice Paiva. Forte, aguerrida, destemida, o que essa mulher aguentou não foi brincadeira. E Fernanda transmite isso como nenhuma outra atriz seria capaz. Selton Mello interpreta Rubens Paiva com muita simpatia e tenacidade. Simples sem ser simplório. Você literalmente quer ser amigo dele.
O elenco da família, crianças e adolescentes também está simplesmente perfeito. Todos impecáveis, assim como todo o elenco de apoio. Destaque também para a ponta da diva Fernanda Montenegro, como a Eunice idosa que, em no máximo cinco minutos de tela e sem dizer uma palavra, mostra porque é a maior atriz de todos os tempos.
Com um roteiro muito bem escrito e uma direção impecável, aliados a uma fotografia perfeita, é impossível apontar qualquer defeito neste filme. Com uma temática ainda necessária nos dias de hoje, é um dever cívico assistir a Ainda Estou Aqui, o melhor filme de 2024, sem sombra de dúvida.
Nota 5 de 5
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