Reviews e Análises
Dia do Sim – Crítica
“Dia do Sim” (Yes Day – 2021) tem uma premissa tão simples quanto o seu desenvolvimento, mas muito relevante nos dias em que vivemos. Um pai (Edgar Ramírez) e uma mãe (Jennifer Garner) têm três filhos de idades variadas. Na loucura do dia-a-dia acabam focando muito mais nas dificuldades do que nas felicidades e são julgados pelos filhos por serem, principalmente a mãe, muito negativos e controladores. Tudo dentro de casa é não. Chamados pela orientação da escola para conversar, os pais são desafiados a dizerem mais vezes a palavra “sim”. A ideia seria escolher um dia no mês para ser o Dia do Sim, onde os pais não poderiam dizer não para nada, a não ser que seja algo que irá afetar uma situação futura, como adotar um pet, por exemplo.
Com isso, acompanhamos essa família viver um turbilhão de situações engraçadas, emocionantes, transformadoras, tudo por conta do poder da positividade e da permissividade. É claro que nem tudo dá certo e a situação sai do controle, afinal todo mundo precisa de limites na vida. Mas acaba tudo se acertando, em uma mensagem bonitinha de parcimônia, tolerância, amor e companheirismo aliada à obediência. O filme é bem bobinho e voltado principalmente para o público infantil, mas os pais de crianças pequenas, entre 6 e 10 vão curtir assistir ao filme com eles. Pode inclusive se tornar uma bela motivação para tentar aplicar o que é proposto no filme na vida real.
A direção tem seus momentos de destaque, os atores não estão mal, mas o que emociona mesmo são as mensagens e as reflexões propostas. Em um tempo tão conturbado e de tanta negatividade, é muito bom quando um filme assim surge para acalentar e renovar as nossas esperanças de que podemos ser felizes. O filme está disponível no Netflix.
Reviews e Análises
Lispectorante – Crítica

Lispectorante de Renata Pinheiro, diferente de outras produções baseadas na obra de Clarice Lispector – A Hora da Estrela (1985), de Suzana Amaral e A Paixão Segundo G.H. (2023) de Luiz Fernando Carvalho – não tem foco, especialmente, em nenhum texto da autora, mas consegue captar seu universo e soluciona o fluxo de consciência, característica primeira de sua literatura, através de cenas marcadas pelo fantástico.
Durante o longa acompanhamos Glória Hartman – uma artista plástica em crise, recém-divorciada e sem dinheiro – que retorna para sua terra natal, indo visitar sua tia Eva. Ao encontrar um guia de turismo com um grupo acaba interessando-se pelas informações sobre a casa de Clarice Lispector que, a partir daqui será o lugar do onírico e de profundas e solitárias discussões existenciais, preenchido por ruinas de um mundo apocalíptico.
Lispectorante, palavra inventada tradução do intraduzível, Oxe, pra mim listectorante é uma droga ilegal feita numa manhã de um Carnaval que se aproxima. Pra expectorar mágoas, prazeres, visgos e catarros num rio que vira charco
Entre o fazer artístico – sempre mostrado de forma fantástica, surrealista – e a necessidade de sustento, Glória se apaixona por Guitar, um artista de rua mais jovem com quem inicia um romance.
A escolha de Marcélia Cartaxo para viver Glória nos ajuda a encaixá-la no mundo de Clarice: é como se ela sempre tivesse estado ali, vivendo e sentindo todas aquelas subjetividades, mesmo sendo uma personagem de atitudes muito diferentes de Macabéa, que a atriz viveu em A Hora da Estrela. Glória é livre, mas seu momento de vida – uma mulher madura, recém-divorciada, sem dinheiro e em um “lance” com um homem mais jovem – nos remete as inseguranças de Macabéa – jovem, tímida e descobrindo o mundo. Ambas estão em transição!
Lispectorante é poético e tem um desfecho que não surpreende e nisso ele é excelente: não há outro caminho para o sentir do artista que as suas incertezas.
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