Reviews e Análises
Chama a Bebel – Crítica

Já pensou em como um filme voltado para o público infanto-juvenil pode ir além da simples diversão, tocando em questões profundas como sustentabilidade e inclusão? “Chama a Bebel” não apenas faz essa reflexão, mas também nos convida a explorar uma narrativa cinematográfica que mergulha de cabeça em temas relevantes, de forma autêntica e emocionante.

A jornada de Bebel, a adolescente cadeirante interpretada com maestria por Giulia Benitte (Turma da Mônica: Lições e Turma da Mônica: Laços) vai muito além das adversidades físicas que ela enfrenta. Sob a direção de Paulo Nascimento, o filme destaca não só os desafios ligados à deficiência, mas também abraça as complexidades do ativismo ambiental.
A escolha de dar mais ênfase à sustentabilidade do que à deficiência pode gerar discussões, mas foi certeira! O filme se destaca ao retratar Bebel como uma pessoa completa, cujas convicções e ações transcendem sua condição física, mostrando que é possível fazer um filme inclusivo sem cair em estereótipos e preconceitos.

Vale a pena destacar como a atuação incrível de Giulia Benitte, como a Bebel, e de Sofia Cordeiro, interpretando a Rox, trazem uma autenticidade tão real à história. Essas performances nos fazem refletir sobre o bullying moderno, que inclusive envolve a inteligência artificial. O filme nos leva a perceber como as palavras e ações podem impactar profundamente a vida das pessoas, trazendo à luz eventos muitas vezes negligenciados.
“Chama a Bebel” não se limita a ser apenas um filme para a garotada; é uma verdadeira inspiração para aqueles que buscam uma abordagem madura e esclarecedora sobre sustentabilidade e inclusão. Uma peça valiosa no cenário cinematográfico nacional que, mesmo com alguns deslizes, convida o público mais jovem a refletir sobre questões importantes de maneira acessível e estimulante.

Sinopse
Protagonizada por Giulia Benite (“Turma da Mônica – Laços” e “Turma da Mônica – Lições”), e dirigido por Paulo Nascimento (“Diário de um Novo Mundo”), o longa “Chama a Bebel” conta a história de Bebel, uma adolescente que luta em prol de causas ambientais e sociais e tem como principal inspiração a ativista sueca Greta Thunberg.
“Chama a Bebel” acompanha a jornada de Bebel, uma brilhante garota que se muda do interior para a cidade grande. A personagem enfrenta as adversidades de um ambiente desconhecido, desafia estudantes populares do colégio e até um inimigo poderoso – um empresário da cidade que faz testes laboratoriais em animais – para defender suas causas. Mudar hábitos e comportamentos é sua meta e a sustentabilidade é seu princípio orientador.
Além de Giulia Benite, o longa traz ainda Pedro Motta, Sofia Cordeiro, Antônio Zeni e Gustavo Coelho no elenco juvenil, que conta com participação especial de Flor Gil. Os atores José Rubens Chachá, Flavia Garrafa, Larissa Maciel, Evandro Soldatelli, Marcos Breda, Bele Rezzadori, Laura Souza, Luisa Sayuri e Rafa Muller completam o elenco. A produção é assinada pela Accorde Filmes.
O filme estreia hoje, 11 de janeiro, em todo o Brasil.
Reviews e Análises
Lispectorante – Crítica

Lispectorante de Renata Pinheiro, diferente de outras produções baseadas na obra de Clarice Lispector – A Hora da Estrela (1985), de Suzana Amaral e A Paixão Segundo G.H. (2023) de Luiz Fernando Carvalho – não tem foco, especialmente, em nenhum texto da autora, mas consegue captar seu universo e soluciona o fluxo de consciência, característica primeira de sua literatura, através de cenas marcadas pelo fantástico.
Durante o longa acompanhamos Glória Hartman – uma artista plástica em crise, recém-divorciada e sem dinheiro – que retorna para sua terra natal, indo visitar sua tia Eva. Ao encontrar um guia de turismo com um grupo acaba interessando-se pelas informações sobre a casa de Clarice Lispector que, a partir daqui será o lugar do onírico e de profundas e solitárias discussões existenciais, preenchido por ruinas de um mundo apocalíptico.
Lispectorante, palavra inventada tradução do intraduzível, Oxe, pra mim listectorante é uma droga ilegal feita numa manhã de um Carnaval que se aproxima. Pra expectorar mágoas, prazeres, visgos e catarros num rio que vira charco
Entre o fazer artístico – sempre mostrado de forma fantástica, surrealista – e a necessidade de sustento, Glória se apaixona por Guitar, um artista de rua mais jovem com quem inicia um romance.
A escolha de Marcélia Cartaxo para viver Glória nos ajuda a encaixá-la no mundo de Clarice: é como se ela sempre tivesse estado ali, vivendo e sentindo todas aquelas subjetividades, mesmo sendo uma personagem de atitudes muito diferentes de Macabéa, que a atriz viveu em A Hora da Estrela. Glória é livre, mas seu momento de vida – uma mulher madura, recém-divorciada, sem dinheiro e em um “lance” com um homem mais jovem – nos remete as inseguranças de Macabéa – jovem, tímida e descobrindo o mundo. Ambas estão em transição!
Lispectorante é poético e tem um desfecho que não surpreende e nisso ele é excelente: não há outro caminho para o sentir do artista que as suas incertezas.
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22 de janeiro de 2024 at 15:08
Rox é interpretada pela atriz Sofia Cordeiro**