Reviews e Análises
Bela Vingança – Crítica
Dirigido e escrito por Emerald Fennell, Bela Vingança (Promising Young Woman) segue a vida de Cassie (Carey Mulligan), uma ex-estudante de medicina que hoje trabalha em um café. Uma mulher inteligente, bela e vingativa; leva uma vida dupla até reencontrar com um antigo colega da faculdade.
A estória do filme é cativante e segura o público logo no início e vai revelando a trama e as personagens de forma sutil, inteligente e até cômica. O título em inglês é uma afronta ao termo “promising young men” – jovens adultos promissores – muito usado para identificar homens universitários acusados de estupro nos EUA. E é sobre esse tema que o filme circula.
Carey Mulligan carrega o filme nas costas muito bem com uma atuação que vai até a sutileza na mudança de postura ou feição. O elenco conta também com Laverne Cox e Bo Burnham como Gail, a melhor amiga, e Ryan a nova paixão de Cassie. Temos ainda presenças ilustres como Adam Brody, Clancy Brown, Jennifer Coolidge e Alison Brie.
Um suspense de vingança que, em alguns momentos pode ser confundido com uma comédia romântica e que toca na ferida de uma forma precisa. Um ponto onde o filme se ressalta, em minha humilde opinião, é no uso de músicas pop rearranjadas para que soem sinistras. Não é a toa que foi indicado ao Oscar nas categorias de melhor filme, direção, atriz, roteiro e montagem.

Reviews e Análises
Lispectorante – Crítica

Lispectorante de Renata Pinheiro, diferente de outras produções baseadas na obra de Clarice Lispector – A Hora da Estrela (1985), de Suzana Amaral e A Paixão Segundo G.H. (2023) de Luiz Fernando Carvalho – não tem foco, especialmente, em nenhum texto da autora, mas consegue captar seu universo e soluciona o fluxo de consciência, característica primeira de sua literatura, através de cenas marcadas pelo fantástico.
Durante o longa acompanhamos Glória Hartman – uma artista plástica em crise, recém-divorciada e sem dinheiro – que retorna para sua terra natal, indo visitar sua tia Eva. Ao encontrar um guia de turismo com um grupo acaba interessando-se pelas informações sobre a casa de Clarice Lispector que, a partir daqui será o lugar do onírico e de profundas e solitárias discussões existenciais, preenchido por ruinas de um mundo apocalíptico.
Lispectorante, palavra inventada tradução do intraduzível, Oxe, pra mim listectorante é uma droga ilegal feita numa manhã de um Carnaval que se aproxima. Pra expectorar mágoas, prazeres, visgos e catarros num rio que vira charco
Entre o fazer artístico – sempre mostrado de forma fantástica, surrealista – e a necessidade de sustento, Glória se apaixona por Guitar, um artista de rua mais jovem com quem inicia um romance.
A escolha de Marcélia Cartaxo para viver Glória nos ajuda a encaixá-la no mundo de Clarice: é como se ela sempre tivesse estado ali, vivendo e sentindo todas aquelas subjetividades, mesmo sendo uma personagem de atitudes muito diferentes de Macabéa, que a atriz viveu em A Hora da Estrela. Glória é livre, mas seu momento de vida – uma mulher madura, recém-divorciada, sem dinheiro e em um “lance” com um homem mais jovem – nos remete as inseguranças de Macabéa – jovem, tímida e descobrindo o mundo. Ambas estão em transição!
Lispectorante é poético e tem um desfecho que não surpreende e nisso ele é excelente: não há outro caminho para o sentir do artista que as suas incertezas.
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