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Gibiteca Refil

Battle Angel Alita ou o gênero cyberpunk no mangá

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Não sei se é por ódio ou por tristeza… Não sei se posso me orgulhar ou me envergonhar… Eu só sei que chorei por ele…

A criação do mangaká Yukito Kishiro nos transporta para um mundo pós-apocalíptico em que a convivência entre humanos, ciborgues e robôs é uma realidade. Como toda aventura cyberpunk, grandes corporações e um pequeno (e rico) grupo de pessoas tomam esse mundo pra si, fazendo com que todo o resto da população viva de forma miserável. Aqui a diferença é marcada pela cidade flutuante Zalém e Cidade da Sucata.

No início da história acompanhamos o cientista Daisuke Ido, andando pelo depósito de lixo da Cidade da Sucata quando encontra a cabeça de uma ciborgue em animação suspensa. Ao levá-la para casa e acordá-la, descobre que ela não se lembra de seu passado. Ele lhe dá o nome de Alita (Gally, no original) e passa a criá-la como filha.

A doce Alita percebe que possui habilidades de luta quando, em meio a um engano, descobre que seu benfeitor é um caçador de recompensas e o salva da morte. Assim ela também se torna uma caçadora para tentar entender quem é e descobrir mais sobre seu passado, o que nos dá a sensação de que a diminuta ciborgue parece sempre enfrentar um mundo muito maior que ela própria.

Para quem está acostumado com o gênero cyberpunk, este primeiro volume não traz muitas novidades quanto as temáticas desenvolvidas que giram, principalmente, em torno do que é um ser humano e de como sobreviver, literalmente, do que é despejado como lixo por parte de uma elite.

Recheado de ação, o primeiro volume do seinen (mangá voltado para o público masculino adulto) Battle Angel Alita – publicado e finalizado no Brasil pela JBC em quatro volumes – narra em seus sete primeiros capítulos como Alita é encontrada, suas questões em relação a sua memória e o relacionamento com Ido e seu primeiro grande oponente: o comedor de cérebros (única coisa ainda humana em Alita) Makaku. Já nos demais capítulos (do 8º ao 12º) Alita apaixona-se por Yogo, um garoto que tem como sonho chegar a cidade de Zalém, o que nos revela outras questões como: o que é ter sentimentos e desejos humanos em um corpo cibernético?

Título: Battle Angel Alita (Volume 1)
Autor: Yukito Kishiro
Tradução: Arnaldo Masato Oka
Editora: JBC
Ano: 2017

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Gibiteca Refil

#MulherMaravilha80anos – Do Polígrafo ao Laço da Verdade

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“Bela como Afrodite; sagaz como Atena; dotada da velocidade de Mercúrio e da força de Hércules – nós a conhecemos como Mulher-Maravilha. Mas quem pode nos dizer quem é ela ou de onde ela veio?” – All-Star Comics, dezembro de 1941

A Mulher-Maravilha não foi a primeira super-heroína dos quadrinhos e definir esse posto é algo bastante complexo. Levando-se em conta o que entendemos como super-herói (ter uma identidade secreta, poderes e usar um uniforme) o consenso é que a primeira super-heroína dos quadrinhos é a Hawkgirl, conhecida por aqui como Mulher-Gavião. Como explicar, então, que tamanha popularidade de Diana faça com que nem cogitemos acreditar nisso? É simples: o conceito.

Muitas personagens femininas foram criadas a partir do clichê Ms. Male Character, isto é, a versão feminina de uma personagem masculina. Shiera era a versão feminina do Gavião Negro, além de sua parceira amorosa, assim como as primeiras concepções de Miss Marvel e Batwoman. A Mulher-Maravilha já foi criada como uma personagem independente, com seu próprio mundo fictício e histórias em consonância com as discussões do período.

A primeira aparição de Diana no universo DC se deu em dezembro de 1941 na All-Star Comics número 8. Essa ainda não contava a origem da personagem, mas a história das Amazonas e o motivo delas irem parar em Themyscira. A narrativa do nascimento de Diana, que permaneceria intacta até sua reformulação pós-Crise, seria apresentada apenas em Wonder Woman número 1: esculpida por Hipólita, a partir do barro de Themyscira, a escultura desperta na Rainha das Amazonas um sentimento profundamente maternal e o desejo de que a forma tome vida, em uma releitura do mito de Pigmaleão e Galatéia. Afrodite atende ao pedido de Hipólita, trazendo a criança à vida, dando-lhe o nome de Diana, em homenagem a irmã gêmea de Apolo, deusa da Lua e da caça. O que nos faz pensar: como seus criadores chegaram a essas referências?

“Sinceramente, a Mulher-Maravilha é propaganda psicológica com vistas ao novo tipo de mulher que, na minha opinião, deveria dominar o mundo.”  William Moulton Marston, março de 1945

A criação da personagem é atribuída ao roteirista Charles Moulton, pseudônimo do psicólogo William Moulton Marston, conhecido também como o inventor do polígrafo (a máquina da verdade). Já a concepção visual ficou a cargo de Harry G. Peter. Sempre esquecida nesta equação, porém, estava Elizabeth Holloway Marston esposa de William Marston e a quem o próprio se referia como coautora da personagem.

A luta pela igualdade feminina, presente nas primeiras histórias da Mulher-Maravilha – segundo Jill Lepore na biografia A história secreta da Mulher-Maravilha – remonta os primeiros anos de Marston em Harvard com o movimento pelo voto feminino e, principalmente, após ele ter ouvido a palestra da sufragista inglesa Emmeline Pankurst. Quase impedida de falar na universidade, simplesmente por ser mulher, Pankurst deixou Marston “fascinado, emocionado”. Já as referências gregas, possivelmente vieram de Holloway que amava a língua e as histórias que estudou em seus anos no ensino médio.

Desde a palestra de Emmeline Pankurst, a Mulher-Maravilha levou três décadas para aparecer, quando o seu principal idealizador já tinha 48 anos. Marston, após afirmar que via nos quadrinhos um grande potencial educacional, tornou-se uma espécie de psicólogo consultor da DC Comics. Foi aí que sugeriu ao editor Max Gaines uma super-heroína. A resposta inicial de Gaines foi dizer que personagens pulp e de quadrinhos femininas sempre eram um fracasso. Marston engendrou em argumento todos os anos em que defendeu os direitos das mulheres, recebendo a resposta “fiquei com o Superman depois que todo syndicate do país recusou. Vou dar uma chance a sua Mulher-Maravilha!”. Como condição o próprio Marston deveria escrever as histórias e se depois de seis meses os leitores não gostassem, essa seria descontinuada. Parece que acabou dando certo!

Como dito, Mulher-Maravilha não foi a primeira super-heroína, de fato, mas acredito que se tornou a primeira super-heroína por direito. Assim, convido você a comemorar durante os próximos meses os 80 anos de suas histórias e imaginário criados para a princesa amazona.

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