Gibiteca Refil
#Batman80anos – Robin, o Menino-Prodígio
Para Bill Finger – co-criador e roteirista das primeiras aventuras de Batman – a tarefa de escrever apenas balões de pensamento para a personagem estava monótona e pouco criativa. Então, certa vez, em meados de 1940, conversando com Bob Kane, ambos concordaram que o Homem-Morcego precisava de um parceiro:
“Robin foi a consequência de uma conversa que tive com Bob. Como eu disse, Batman era uma combinação de Douglas Fairbanks e Sherlock Holmes. Holmes tinha seu Watson. O que mais me incomodava era que Batman não tinha ninguém para conversar, e ficou um pouco cansativo sempre fazer com que ele pensasse. Descobri que concordávamos, Batman precisava de um Watson para conversar. Assim surgiu o Robin. Bob me ligou e disse que iria colocar um garoto na revista que se identificasse com o Batman. Achei que era uma ótima ideia”.
A criação foi certeira! As vendas dobraram e Robin tornou-se o sidekick mais icônico dos quadrinhos, gerando uma febre de novos ajudantes mirins, tendo entre eles Bucky, Ricardito e até Jimmy Olsen, que não tinha essa função a priori e acabou se tornando o companheiro de várias aventuras do Superman.
Grayson, o Garoto-Maravilha
A estreia da personagem aconteceu em abril de 1940, na Detective Comics #38. Nas duas primeiras páginas dessa edição somos apresentados a Dick Grayson e sua tragédia: os acrobatas circenses Os Graysons Voadores, pai e mãe do garoto, morrem durante uma apresentação, vítimas de uma sabotagem no trapézio. Bruce Wayne decide não apenas adotar o garoto, mas treiná-lo para lutar contra o crime com ele.
Possivelmente Dick Grayson seja o Robin que todo mundo conheça. A história que espelha a de seu mentor ajuda a criar um background perfeito, mas outros assumiram o manto do menino-prodígio, quando esse decidiu desvincular-se da sombra de Batman. Foram eles:
Jason Todd – O Rebelde
Após tentar roubar as rodas do Batmóvel, o orfão Jason Todd une-se ao Asa Noturna no combate ao crime. Vendo resultados positivos dessa empresa, Batman oferece o cargo de Robin ao garoto. Sua baixa popularidade entre os leitores fez com que esse fosse espancado com um pé-de-cabra e morto em uma explosão pelo Coringa na polêmica história Morte em família.
Tim Drake – o detetive nato
Qual a possibilidade de alguém, do nada, descobrir a identidade de Batman e Robin? Existe sim! Nesse caso foi Tim Drake, o terceiro a vestir o manto de Robin após revelar-se um exímio detetive.
Tim Drake sofre uma lavagem cerebral feita pelo Coringa com intuito de transformá-lo em um Mini-Coringa. Ele resiste a essa, mas acha que matou, por acidente, o palhaço. Batman decide afastá-lo.
Stephanie Brown – a namorada de Tim Drake
Stephanie Brown oferece-se para ocupar o lugar de Drake quando Batman o afasta por acreditar que esse matou o Coringa. Após desobedecer a Batman, a garota é afastada do cargo.
Carrie Kelley – a mais querida
Na mini-série de Frank Miller “Batman – o cavaleiro das trevas” Carrie salva um Batman já velho e o conduz a Bat-caverna, com orientações do próprio Homem-Morcego.
Damian Wayne – o neto do demônio
Quando Batman perde-se no tempo, Dick Graysson assume o manto do Homem-Morcego elegendo o próprio filho de Wayne com Talia – filha de Ra’s Al Ghul – como seu Robin.
Alguns Robins não pararam após deixar a companhia do Homem-Morcego e ganharam uma nova função na guerra contra o mal: Dick, como já dito é promovido a Asa Noturna. Jason Todd vira Capuz Vermelho. Tim Drake? Robin Vermelho…
No final, Robin deixou se ser uma simples personagem, como o Watson, mas virou um cargo com um esquisito plano de carreira.
Gibiteca Refil
#MulherMaravilha80anos – Do Polígrafo ao Laço da Verdade
“Bela como Afrodite; sagaz como Atena; dotada da velocidade de Mercúrio e da força de Hércules – nós a conhecemos como Mulher-Maravilha. Mas quem pode nos dizer quem é ela ou de onde ela veio?” – All-Star Comics, dezembro de 1941
A Mulher-Maravilha não foi a primeira super-heroína dos quadrinhos e definir esse posto é algo bastante complexo. Levando-se em conta o que entendemos como super-herói (ter uma identidade secreta, poderes e usar um uniforme) o consenso é que a primeira super-heroína dos quadrinhos é a Hawkgirl, conhecida por aqui como Mulher-Gavião. Como explicar, então, que tamanha popularidade de Diana faça com que nem cogitemos acreditar nisso? É simples: o conceito.
Muitas personagens femininas foram criadas a partir do clichê Ms. Male Character, isto é, a versão feminina de uma personagem masculina. Shiera era a versão feminina do Gavião Negro, além de sua parceira amorosa, assim como as primeiras concepções de Miss Marvel e Batwoman. A Mulher-Maravilha já foi criada como uma personagem independente, com seu próprio mundo fictício e histórias em consonância com as discussões do período.
A primeira aparição de Diana no universo DC se deu em dezembro de 1941 na All-Star Comics número 8. Essa ainda não contava a origem da personagem, mas a história das Amazonas e o motivo delas irem parar em Themyscira. A narrativa do nascimento de Diana, que permaneceria intacta até sua reformulação pós-Crise, seria apresentada apenas em Wonder Woman número 1: esculpida por Hipólita, a partir do barro de Themyscira, a escultura desperta na Rainha das Amazonas um sentimento profundamente maternal e o desejo de que a forma tome vida, em uma releitura do mito de Pigmaleão e Galatéia. Afrodite atende ao pedido de Hipólita, trazendo a criança à vida, dando-lhe o nome de Diana, em homenagem a irmã gêmea de Apolo, deusa da Lua e da caça. O que nos faz pensar: como seus criadores chegaram a essas referências?
“Sinceramente, a Mulher-Maravilha é propaganda psicológica com vistas ao novo tipo de mulher que, na minha opinião, deveria dominar o mundo.” William Moulton Marston, março de 1945
A criação da personagem é atribuída ao roteirista Charles Moulton, pseudônimo do psicólogo William Moulton Marston, conhecido também como o inventor do polígrafo (a máquina da verdade). Já a concepção visual ficou a cargo de Harry G. Peter. Sempre esquecida nesta equação, porém, estava Elizabeth Holloway Marston esposa de William Marston e a quem o próprio se referia como coautora da personagem.
A luta pela igualdade feminina, presente nas primeiras histórias da Mulher-Maravilha – segundo Jill Lepore na biografia A história secreta da Mulher-Maravilha – remonta os primeiros anos de Marston em Harvard com o movimento pelo voto feminino e, principalmente, após ele ter ouvido a palestra da sufragista inglesa Emmeline Pankurst. Quase impedida de falar na universidade, simplesmente por ser mulher, Pankurst deixou Marston “fascinado, emocionado”. Já as referências gregas, possivelmente vieram de Holloway que amava a língua e as histórias que estudou em seus anos no ensino médio.
Desde a palestra de Emmeline Pankurst, a Mulher-Maravilha levou três décadas para aparecer, quando o seu principal idealizador já tinha 48 anos. Marston, após afirmar que via nos quadrinhos um grande potencial educacional, tornou-se uma espécie de psicólogo consultor da DC Comics. Foi aí que sugeriu ao editor Max Gaines uma super-heroína. A resposta inicial de Gaines foi dizer que personagens pulp e de quadrinhos femininas sempre eram um fracasso. Marston engendrou em argumento todos os anos em que defendeu os direitos das mulheres, recebendo a resposta “fiquei com o Superman depois que todo syndicate do país recusou. Vou dar uma chance a sua Mulher-Maravilha!”. Como condição o próprio Marston deveria escrever as histórias e se depois de seis meses os leitores não gostassem, essa seria descontinuada. Parece que acabou dando certo!
Como dito, Mulher-Maravilha não foi a primeira super-heroína, de fato, mas acredito que se tornou a primeira super-heroína por direito. Assim, convido você a comemorar durante os próximos meses os 80 anos de suas histórias e imaginário criados para a princesa amazona.
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