Reviews e Análises
A Jaula – Crítica

A jaula, filme nacional, tendo a estreia de João Wainer em seu primeiro longa metragem de ficção e protagonizado muito por Chay Suede, uma boa dose de Alexandre Nero e uma pitada de Mariana Lima. Este é um remake adaptado do filme argentino 4×4. E traz um pouco de suspense, agitação e claustrofobia pras salas de cinema.
A história se passa quando um renomado médico, já cansado de ser para raio de assalto, resolve criar um desafio aos moldes em um misto de scape room com jogos vorazes, versão capão redondo. Nessa grande ratoeira caiu o jovem Djalma que apenas queria levar o painel multimídia de uma Mitsubishi 4×4, mas ganha sermão diferenciado.
Djalma (Interpretado por Chay Suede) não só não leva o aparelho de dentro do veículo como descobre que vai ficar um pouco mais de tempo retido para aprender uma boa lição, pois além de preso e sem muito recurso básico, ainda tem que conviver com o sadismo do Cidadão de Bem que, apesar de religioso, não parece estar com o coração em dia com a divindade o qual devota.
Esse suspense psicológico nacional tem uma excelente premissa, ótimas possibilidades em seu enredo, uma atuação digna (e vamos lembrar que o elenco pode ser curto, mas é excelente), porém em muitos momentos é necessário fazer suspensão de descrença para aceitar a condição do roteiro.
A luta pela sobrevivência do Jovem Djalma e a sede de vingança do renomado médico seriam absurdas se não encontrassem eco nos debates ideológicos brasileiros ainda mais em 2022. E o objetivo é capturar o espectador por sua empatia, mas perde conexão em alguns momentos quando é necessário não questionar a escolha do roteiro.
Bom. Mais do que isso vai estragar sua experiência e abrir informações que você merece tirar suas conclusões indo assistir. E vá. O filme vale a pena. Afinal, volto a valorizar, tem uma excelente premissa, Chad Suede está fazendo um excelente trabalho e efeitos bem executados.
Já reserve um tempo, se programe e boa diversão. O filme estréia dia 17 de Fevereiro, nos cinemas.
Reviews e Análises
Lispectorante – Crítica

Lispectorante de Renata Pinheiro, diferente de outras produções baseadas na obra de Clarice Lispector – A Hora da Estrela (1985), de Suzana Amaral e A Paixão Segundo G.H. (2023) de Luiz Fernando Carvalho – não tem foco, especialmente, em nenhum texto da autora, mas consegue captar seu universo e soluciona o fluxo de consciência, característica primeira de sua literatura, através de cenas marcadas pelo fantástico.
Durante o longa acompanhamos Glória Hartman – uma artista plástica em crise, recém-divorciada e sem dinheiro – que retorna para sua terra natal, indo visitar sua tia Eva. Ao encontrar um guia de turismo com um grupo acaba interessando-se pelas informações sobre a casa de Clarice Lispector que, a partir daqui será o lugar do onírico e de profundas e solitárias discussões existenciais, preenchido por ruinas de um mundo apocalíptico.
Lispectorante, palavra inventada tradução do intraduzível, Oxe, pra mim listectorante é uma droga ilegal feita numa manhã de um Carnaval que se aproxima. Pra expectorar mágoas, prazeres, visgos e catarros num rio que vira charco
Entre o fazer artístico – sempre mostrado de forma fantástica, surrealista – e a necessidade de sustento, Glória se apaixona por Guitar, um artista de rua mais jovem com quem inicia um romance.
A escolha de Marcélia Cartaxo para viver Glória nos ajuda a encaixá-la no mundo de Clarice: é como se ela sempre tivesse estado ali, vivendo e sentindo todas aquelas subjetividades, mesmo sendo uma personagem de atitudes muito diferentes de Macabéa, que a atriz viveu em A Hora da Estrela. Glória é livre, mas seu momento de vida – uma mulher madura, recém-divorciada, sem dinheiro e em um “lance” com um homem mais jovem – nos remete as inseguranças de Macabéa – jovem, tímida e descobrindo o mundo. Ambas estão em transição!
Lispectorante é poético e tem um desfecho que não surpreende e nisso ele é excelente: não há outro caminho para o sentir do artista que as suas incertezas.
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