Gibiteca Refil
#Batman80anos – Batman 80: A Exposição
Ninguém achou estranho quando o playboy Bruce Wayne, dono de uma das maiores fortunas da cidade de Gotham, quis fazer uma réplica de sua mansão aqui em São Paulo em comemoração ao seu aniversário. Ninguém também reclamou – pelo menos não muito – quando nos foram cobrados R$ 35,00 pela visitação.
Confesso que achei que essa seria apenas mais uma das muitas visitas guiadas que eu já tinha feito, em que pouco se fala a respeito do da vida privada e particular homenageado . Esse, talvez, tenha sido o maior engano de toda a minha vida…
Os leões de mármore (ou de algum material que simulasse a pedra), que indicavam que estávamos à frente da Mansão Wayne, prenunciavam o luxo que encontraríamos por trás desta porta principal: ao entrar fomos surpreendidos por um enorme salão, de paredes recheadas de quadros ancestrais. Cada lugar à mesa, iluminada por um suntuoso lustre, trazia recortes e histórias de outra personalidade de Gotham City: o Batman. Ali, simplesmente achei, que o Cruzado Encapuzado era uma das muitas obsessões do nosso excêntrico anfitrião. Já disse que eu estava enganada?
Recebidos na biblioteca por Alfred Pennyworth, mordomo da casa, percebi que grande parte do acervo era de enciclopédias e obras clássicas, todas em português (realmente pensaram em tudo!)
A sala principal me pareceu quase um altar para os falecidos pais do Senhor Wayne: do confortável Chesterfield marrom, eu tinha a visão da lareira e, sobre ela, do enorme retrato de Thomas e Marta Wayne. Aquela composição trazia uma profusão de sentimentos, entre a dor e o conforto. Era como se a própria tragédia me que abraçasse. Incomodada por sentir-me acolhida neste sofrimento, fui dar atenção ao busto de Shakespeare que estava na mesa central da sala. Esse fez com que meu olhar se desviasse para uma pequena porta. Desgarrei-me do meu grupo e atravessei a porta. Neste instante foi quando tudo realmente fez sentido!
Batman 80 – A Exposição é composta por experiências que tentam nos transportar para as páginas dos quadrinhos, para as séries de TV e filmes baseados no Homem Morcego, além da exposição de peças do acervo de dois dos maiores colecionadores de memorabilias da personagem: o advogado carioca Marcio Escoteiro e do sócio-empreendedor da Chiaroscuro Studios e da CCXP Ivan Freitas da Costa.
Entre as seções da exposição estão: Mansão Wayne, Batcaverna (bem parecida com a que foi produzida para a exposição Quadrinhos realizada pelo MIS), Robins, A Batfamília, Asilo Arkhan, Mulher Gato, Arlequina e Coringa – cuidado ao entrar, porque a piada é você!
O destaque fica para as vozes utilizadas nas interações com personagens: é possível ouvir os dubladores como Márcio Seixas (Batman), Isaac Bardavid (Comissário Gordon), Miriam Fisher (Hera Venenosa), Sheila Dorfman (Mulher Gato) entre outros.
Batman 80 – A Exposição fica no Espaço Multiuso do Memorial da América Latina (Portões 8, 9 e 13) e fica em cartaz até 15 de dezembro de 2019. Os ingressos, de terça à sexta, custam R$ 35,00 e R$ 17,50 (meia-entrada). Já nos sábados, domingos e feriados, o valor do ingresso é de R$ 45,00 e R$ 22,50 (meia-entrada).
Para maiores informações, acesse o site oficial da exposição https://batman80expo.com.br/
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Gibiteca Refil
#MulherMaravilha80anos – Do Polígrafo ao Laço da Verdade
“Bela como Afrodite; sagaz como Atena; dotada da velocidade de Mercúrio e da força de Hércules – nós a conhecemos como Mulher-Maravilha. Mas quem pode nos dizer quem é ela ou de onde ela veio?” – All-Star Comics, dezembro de 1941
A Mulher-Maravilha não foi a primeira super-heroína dos quadrinhos e definir esse posto é algo bastante complexo. Levando-se em conta o que entendemos como super-herói (ter uma identidade secreta, poderes e usar um uniforme) o consenso é que a primeira super-heroína dos quadrinhos é a Hawkgirl, conhecida por aqui como Mulher-Gavião. Como explicar, então, que tamanha popularidade de Diana faça com que nem cogitemos acreditar nisso? É simples: o conceito.
Muitas personagens femininas foram criadas a partir do clichê Ms. Male Character, isto é, a versão feminina de uma personagem masculina. Shiera era a versão feminina do Gavião Negro, além de sua parceira amorosa, assim como as primeiras concepções de Miss Marvel e Batwoman. A Mulher-Maravilha já foi criada como uma personagem independente, com seu próprio mundo fictício e histórias em consonância com as discussões do período.
A primeira aparição de Diana no universo DC se deu em dezembro de 1941 na All-Star Comics número 8. Essa ainda não contava a origem da personagem, mas a história das Amazonas e o motivo delas irem parar em Themyscira. A narrativa do nascimento de Diana, que permaneceria intacta até sua reformulação pós-Crise, seria apresentada apenas em Wonder Woman número 1: esculpida por Hipólita, a partir do barro de Themyscira, a escultura desperta na Rainha das Amazonas um sentimento profundamente maternal e o desejo de que a forma tome vida, em uma releitura do mito de Pigmaleão e Galatéia. Afrodite atende ao pedido de Hipólita, trazendo a criança à vida, dando-lhe o nome de Diana, em homenagem a irmã gêmea de Apolo, deusa da Lua e da caça. O que nos faz pensar: como seus criadores chegaram a essas referências?
“Sinceramente, a Mulher-Maravilha é propaganda psicológica com vistas ao novo tipo de mulher que, na minha opinião, deveria dominar o mundo.” William Moulton Marston, março de 1945
A criação da personagem é atribuída ao roteirista Charles Moulton, pseudônimo do psicólogo William Moulton Marston, conhecido também como o inventor do polígrafo (a máquina da verdade). Já a concepção visual ficou a cargo de Harry G. Peter. Sempre esquecida nesta equação, porém, estava Elizabeth Holloway Marston esposa de William Marston e a quem o próprio se referia como coautora da personagem.
A luta pela igualdade feminina, presente nas primeiras histórias da Mulher-Maravilha – segundo Jill Lepore na biografia A história secreta da Mulher-Maravilha – remonta os primeiros anos de Marston em Harvard com o movimento pelo voto feminino e, principalmente, após ele ter ouvido a palestra da sufragista inglesa Emmeline Pankurst. Quase impedida de falar na universidade, simplesmente por ser mulher, Pankurst deixou Marston “fascinado, emocionado”. Já as referências gregas, possivelmente vieram de Holloway que amava a língua e as histórias que estudou em seus anos no ensino médio.
Desde a palestra de Emmeline Pankurst, a Mulher-Maravilha levou três décadas para aparecer, quando o seu principal idealizador já tinha 48 anos. Marston, após afirmar que via nos quadrinhos um grande potencial educacional, tornou-se uma espécie de psicólogo consultor da DC Comics. Foi aí que sugeriu ao editor Max Gaines uma super-heroína. A resposta inicial de Gaines foi dizer que personagens pulp e de quadrinhos femininas sempre eram um fracasso. Marston engendrou em argumento todos os anos em que defendeu os direitos das mulheres, recebendo a resposta “fiquei com o Superman depois que todo syndicate do país recusou. Vou dar uma chance a sua Mulher-Maravilha!”. Como condição o próprio Marston deveria escrever as histórias e se depois de seis meses os leitores não gostassem, essa seria descontinuada. Parece que acabou dando certo!
Como dito, Mulher-Maravilha não foi a primeira super-heroína, de fato, mas acredito que se tornou a primeira super-heroína por direito. Assim, convido você a comemorar durante os próximos meses os 80 anos de suas histórias e imaginário criados para a princesa amazona.
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